Musas de Direita - Simone e Soraya

24. Barulheira

Antes que Simone pudesse raciocinar, Soraya inverteu as posições, e foi afoita para cima da morena. Por um breve momento, ela sossegou os movimentos, encarando a outra que ficou confusa com a pausa repentina.

— O que foi? — Simone questionou, deixando suas poucas linhas de expressão mais evidentes.

Soraya sorriu, se sentindo uma boba apaixonada, ela usou da mão destra para tirar as mechas escuras da testa levemente suada de Simone, num carinho discreto.

— Nada... Eu só gosto de olhar pra você. — Soraya respondeu, completamente sincera. — Você é linda, e cheirosa, e inteligente... Eu amo você. — Declarou-se, dando alívio ao peito cheio de amor. Se sentiu um pouco envergonhada pela declaração, e escondeu o rosto no pescoço cheiroso da mulher que havia tomado para si toda a sua paixão. Sorriu contra a pele dela ao sentir o carinho firme em seus cabelos, e ali percebeu que seria pouco dizer que se sentia a mulher mais sortuda do universo.

— Eu me sinto a mulher mais feliz do mundo por saber que não estou sozinha nessa, sabia? Eu te amo, meu amor. — A fala de Simone serviu para agitar ainda mais todas as borboletas presentes no estômago da loira, que se aninhou ainda mais em seu corpo, como uma gatinha carente por atenção.

Os lábios de Soraya passaram a degustar a pele da morena, ela sugava e lambia seu pescoço como se estivesse há muitos dias faminta. Passou a beijar o maxilar bem desenhado, mas o ato de carinho não durou muito tempo, pois Tebet logo tratou de tomar a boca sedenta num beijo em que ambas as línguas pudessem se encontrar, criando um idioma que só elas poderiam falar.

Soraya acariciou o abdômen de Simone, e devagar correu os dedos até o meio das pernas que se contraíam. Arrancou um gemido baixinho dela, continuou com o carinho tortuoso, dando atenção ao clitóris enrijecido com os dedos, e ao seu monte de vênus com a palma da mão.

Dois dedos da loira foram engolidos pela 'buceta encharcada de Simone, que rebolava o quadril devagar, sendo penetrada no mesmo ritmo. Com os olhos fechados, ela mordia o próprio lábio para não gemer da maneira que queria, e Soraya se aproveitava para admirar a cena da mulher, que tentava desesperadamente se conter, se desmanchando em seus dígitos.

Os fios negros se espalharam ainda mais pelo travesseiro quando a morena afundou sua cabeça nele, arqueando as costas com o ápice que passava por seu corpo. Não demorou muito para sentir os beijos quentes de Soraya serem espalhados por todo o seu colo ofegante, até que a língua da mesma se arrastou por seu maxilar, encontrando novamente sua boca.

— Eu te amo. — Soraya sussurrou toda dengosa, quando voltou a se aconchegar no corpo exausto, mas bem relaxado de Simone, que apertou os braços em volta da cintura dela, e deixou um beijo casto entre as madeixas tingidas.

***

Cinco horas e quarenta e nove minutos foi o horário que Simone enxergou na tela de seu iPhone, assim que seu relógio biológico a fez despertar. Soraya ainda estava deitada em seu peito, e com todo o cuidado, Tebet se desvencilhou do abraço para se levantar. Ela seguiu até o banheiro, e encarava o próprio reflexo no espelho enquanto escovava os dentes, pensando no que ela, Soraya e Carlos César fariam em algumas horas. Os três iriam até a polícia, e ela estava confiante, porque tinha certeza de que a tal pessoa que andava os ameaçando não contava com isso.

Depois de tomar um banho rápido, Tebet foi até o closet para se arrumar. Ela tirou a carta que havia recebido e guardado num plástico, de dentro de sua bolsa. Seria essencial que os três estivessem com todo o material estranho que receberam, e ela se lembrou de que se esqueceram de certificar se César também tinha trazido o papel.

Antes de sair do quarto, Simone observa Soraya, que agora está abraçada com o travesseiro e com o semblante sereno. Tebet sorri, pensando no quanto aquela mulher significa para ela, no quanto a ama. Se alguém ousasse tocar num fio de cabelo de Thronicke, a professora de Direito iria até o Inferno atrás do sujeito.