Quatro meses depois
Pesadelos. Havia duas pessoas dentro da mansão Tebet Thronicke que vinham sofrendo importunações dentro de seus próprios sonhos.
Simone Tebet abriu os olhos, aliviada por ter conseguido sair de seu último pesadelo. Ela arrastou os dedos pela testa suada, e suspirou. Um suspiro cansado, mas que continha traços de alívio. Antes um sonho ruim, do que uma realidade assombrosa.
Ela olhou para o lado, e ali estava a mulher de sua vida, de olhos fechados e abraçada com o travesseiro. Simone fez um carinho rápido nos fios loiros, e se levantou. Sabia que não conseguiria voltar a pegar no sono, então ela aproveitou para procurar algo de útil para fazer em plena madrugada. Quatro horas e dois minutos da manhã.
A professora descia as grandes escadas da mansão, notando a sala parcialmente iluminada pela luz que surgia da cozinha. Ela não conseguiu evitar de sorrir ao ver a mancha vermelha no antepenúltimo degrau. No dia anterior, ela e Soraya estavam sozinhas em casa, e a loira resolveu pintar as unhas ali mesmo, acontece que, quando Simone apareceu, as unhas da senadora acabaram ficando pintadas pela metade.
Assim que Simone entrou na cozinha, ela encontrou quem realmente imaginou que estaria ali.
— Não conseguiu dormir ou acordou cedo? — Ela perguntou dócil.
A jovem em frente à janela, que estava concentrada no vento gelado que batia em seu rosto, com uma caneca em mãos, deu um pulo ao ouvir a pergunta.
— Um pouco dos dois, eu acho. — O canto de seus lábios se curvaram para cima brevemente. — Tem chá, acabei de fazer.
Simone deu um sorriso compreensivo, sabia bem o que a menina queria dizer, e foi até a chaleira elétrica.
— Você tem tido pesadelos, Elisa?
A mais velha se sentou em frente à bancada, e a ruivinha se juntou a ela.
— Só às vezes. — A jovem responde. — Hoje eu sonhei que a minha casa era um labirinto, e que minha mãe e meu pai me perseguiam, querendo me matar... E aí, eu parava naquele maldito banheiro no qual meu pai sempre me trancava. — Ela revira os olhos e tenta sorrir. — Pelo menos, é só um pesadelo! Mas e você? Por que está acordada?
Simone fez um carinho suave na mão da jovem. Apesar de ter descoberto ser tia da menina apenas há cerca de quatro meses, sentia como se a conhecesse a vida toda. Eram muito parecidas em diversos aspectos, e Tebet se sentia aliviada e grata por isso.
— Também tive um pesadelo... Eleitores corriam atrás de mim, com tochas nas mãos, e atrás deles estava a Sylvia. — Tebet revira os olhos num suspiro. — Mas a frequência tem diminuído, pelo menos. Com você também? Acha que a terapia está te ajudando?
Simone deu um gole em seu chá, e Elisa fez o mesmo antes de responder.
— Os pesadelos quase não me incomodam mais... Mas eu tenho certeza que o principal motivo da minha melhora, é o fato de ter sido acolhida por vocês. — A ruiva encara a tia. — É a primeira vez que eu faço parte de uma família, e eu nunca vou conseguir agradecer o suficiente por isso.
Simone se emocionou com a fala da sobrinha, porque não conseguia imaginar o que seria de si mesma sem a sua própria família. Ela entendia a importância de ter um porto seguro, e principalmente, a importância de ser um.
Quando estavam no hospital, com Elisa ainda desacordada, Simone ficou pensando em como seriam as coisas dali para a frente. Murilo foi assassinado pela alta dosagem de medicamentos dada por Sylvia, que também estava morta, devido aos tiros que levou... A jovem não tinha família, já que seu pai, isolado e filho único, havia perdido os pais há muito tempo. Tebet sabia que não a deixaria sozinha, ela era sua sobrinha.
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Musas de Direita - Simone e Soraya
Romance+18. Simone e Soraya, as apaixonantes e apaixonadas musas da direita brasileira, se envolvem numa paixão e num mistério. Pode ser que tudo acabe em família. Tudo fanfic, nada de compromisso com a realidade.