53. Vivendo a vida loucamente ao seu lado

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A noite de sexta-feira estava mais quente que o habitual, e Soraya se perguntou o porquê de não ter ligado o ar condicionado antes. Ela passava seu creme corporal favorito em frente ao espelho, e demorou a notar que Simone a encarava pelo reflexo.

— O que foi? — Soraya perguntou, desconfiada com a expressão divertida no rosto da morena. — Você está com uma carinha de quem está tramando alguma coisa.

Tebet mordeu o lábio inferior ao sorrir.

— Vamos viajar amanhã. Ficaremos cinco dias fora.

— Vamos? — A loira pergunta e Tebet balança a cabeça em afirmação. — Simone, você só pode ter pirado o cabeção. Esqueceu que eu ainda sou Senadora da República e que preciso trabalhar?

— Você — Simone aproveita para beijar o ombro de sua mulher quando a mesma se enfia debaixo dos lençóis — casou com uma senhora ligeira, meu amor. Já consegui falsificar um atestado pra você.

Thronicke ergueu as sobrancelhas surpresa com o que ouviu.

— Você conseguiu falsificar um atestado?

— Sim, a Elisa me ajudou. — Simone conta. — Acabamos de nos casar, precisamos de um tempinho só nosso.

— Que coisa feia, Simone. — Ela dá um tapa no braço da mais velha. — Mas você tem razão... Aqui virou a casa da mãe Joana.

— E é divertido, eu gosto da casa cheia, mas às vezes é bom ter minha esposa só pra mim.

Soraya dá um beijinho de esquimó em Simone, que esticou o braço para desligar o abajur.

— E pra onde nós vamos, falsificadora de atestados?

Simone deitou a cabeça no travesseiro e esperou que a visão se acostumasse com a escuridão para encarar os olhos da mulher na penumbra e respondeu:

— Pra ilha de um conhecido meu de longa data.

— Que conhecido?

— Ricky Martin — a professora responde —, você deve conhecer.

— Ah, para. — Soraya segurou o riso. — Você conhece o Ricky Martin? Por que ele não veio fazer um show no nosso casamento?

— Eu não tinha pensado nisso... Não conheço bem as músicas dele, apesar de nos conhecermos há um bom tempo. Ele não era muito famoso na época em que fizemos amizade.

— Hum... E você quer estar "livin' la vida loca" comigo?

Simone se aproximou para acariciar a bochecha da loira com o polegar.

— Eu quero tudo com você, Soraya.

Entrelaçaram as pernas. A loira corria o pé pela panturrilha da mais velha.

— Até — Soraya começa a falar baixinho, com a boca próxima a de Simone — me prender na cama?

A mais velha não resistia as gracinhas, e uma risada fraca escapou por seus lábios.

— Eu sei que você não é muito chegada a isso... Mas bem que poderia, né? Só uma vez. — A loira enterra o rosto no pescoço da esposa, beijando a pele macia. — Vai que você gosta de me torturar.

Simone realmente não era muito chegada a inventar moda durante o sexo, mas se sua mulher pedisse, ela faria absolutamente qualquer coisa.

— Credo, Soraya. — Tebet leva as mãos para debaixo da camisola de seda da mulher que deita em cima dela, arrastando as unhas com delicadeza. — Eu nunca vou gostar de te torturar.

— Simone — a loira ronrona perto do ouvido —, você só precisa me prender na cama e usar os dedos — ela dá uma lambida no lóbulo da orelha —, e a língua. Nada de chicote ou coisa do tipo.

— Acho que eu seria uma decepção pra todas as jovens que me chamam de "soca forte".

Simone acariciou as costas nuas da mulher.

— Ainda bem que quem dorme com você sou eu.

A loira se aconchega, deitando a cabeça no peito de sua mulher, e não demora para cair num sono profundo, enquanto Simone pensa que a primeira coisa que vai fazer ao acordar, é ir atrás de algumas algemas.

— Ou... — A mais velha pensou alto. — Eu poderia usar lenços... Não, não... Acho que ela vai preferir algema. Ai, Soraya...

Depois de quase uma hora acariciando os cabelos loiros, ela conseguiu cair no sono.

***

Às oito horas em ponto o despertador de Simone tocou. Ela, como sempre, já estava acordada, mas Soraya ainda não. A loira despertou com o barulho chato e contínuo, mas continuou na cama.

— Senadora, Soraya Thronicke? — Simone se sentou ao lado da mulher que continuava deitada com os olhos entreabertos. — Vamos levantar?

— Não... — Soraya diz, e a mais velha abaixa a postura para roçar o nariz pelo rosto ainda inchado pelo sono. — Sonhei com você.

— Mesmo? O que você sonhou? — Simone perguntou, soltando uma risada sacana.

— Não foi nada do que você está pensando, bobinha... Nós estávamos juntas na época em que eu fui sua aluna, éramos jovens. As meninas eram nossas filhas, só nossas, sem Carlos César ou Eduardo, e elas eram pequenas — ela continua —, acredita que até a ruiva era nossa filha? — Ela ri. — E eu lembro de entrar num quarto bem iluminado, e você estava na cama ninando um bebê. Foi uma cena tão bonita, você levantou o rosto e sorriu pra mim... Estava tão linda... Eu te amo tanto, Simone... Tanto, tanto, tanto.

Tebet acariciou o rosto, encarando os olhos de mel, traçando os lábios com a ponta dos dedos. Ela se perguntou o que teria feito de tão bom para ter a sorte de ser esposa da mulher que ela considerava ser a mais bonita e charmosa do mundo.

— Vamos poder reproduzir essa cena quando a Samia nascer, então.

Simone diz e Soraya sorri, imaginando como seria quando estivessem com a casa cheia de netos correndo para lá e para cá.

— Você vai ser a vovó mais linda do mundo. — Thronicke sussurrou. Dava graças a Deus por não precisar fazer tipo em frente a esposa. Ela podia se declarar sem medo.

— Eu te amo, minha senadora. — Simone falou contra os lábios. — Eu te amo mais que tudo. — Ela deu um último beijo rápido antes de puxar os lençóis.

— Ah, não... — Soraya reclamou, colocando um travesseiro no rosto.

— Ah, sim, senhora. Vamos, Soraya. Se em meia hora você não estiver pronta lá embaixo — Tebet encara a mulher que está apenas com os olhos aparecendo —, não vai ter castigo pra você.

— E as nossas malas? — Thronicke perguntou, ainda agarrada ao travesseiro.

— Não vamos precisar de muitas roupas, então pega qualquer coisa... Vai, levanta. Nosso jatinho vai decolar às onze e meia.

Dito isso, Simone sai do quarto para conversar com César, que havia mandado uma mensagem dizendo ter fofocas para compartilhar.

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora