48. Ciúme

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— Eu estive ocupada aprendendo francês para tentar te seduzir. — Soraya disse numa voz arrastada. Levantou o lençol que separava o corpo de sua mulher do seu, e se aninhou nela. Esfregou a pontinha do nariz no pescoço macio feito uma gatinha manhosa.

A loira estava brincando, não esteve aprendendo francês coisa nenhuma. Ela apenas havia decorado o trecho de uma música. Desde que Isabela apresentou as canções de Lana Del Rey para a mãe, ela se encantou. Uma das músicas que sempre tocava na playlist? Carmen.

— É mesmo, Soraya? Então seduza sua mulher em palavras francesas, mon cœur.

Je sais que tu m'aimes aussi, tu as besoin de moi, tu as besoin de moi dans ta vie, tu ne peux vivre sans moi... — Soraya sussurra as palavras perto do ouvido de Tebet, roçando a ponta dos dedos no ombro nu. — Et je mourrais sans toi, je tuerais pour toi.

Simone segurou o rosto de Soraya, e a loira se aconchegou, deixando um beijinho no dorso da mão quentinha dela.

— Nunca pensei que eu poderia ser tão... Completa? — Simone ainda não sabia bem como colocar em palavras o que sentia. Nunca foi romântica. Ela acariciou as bochechas magras, e deixou uma bitoca na pontinha do nariz delicado. — Eu te amo.

Amor da minha vida — Soraya começa a cantarolar baixinho —, daqui a eternidade, nossos destinos foram traçados na maternidade...

Os dedos sempre tão ágeis da loira passaram a atacar a barriga de Simone com uma cócega acompanha de cheirinhos no cangote.

— Graças a Deus nossa paixão não é cruel. — Simone brincou entre as risadas, tentando segurar os braços da mais nova.

— Tô com fome. — A senadora comentou assim que Simone, que era mais forte, conseguiu prender seus braços.

— Vamos descer, querida. O César já deve estar na cozinha.

As duas vestem os roupões e escovam os dentes, cada uma em sua própria pia da bancada dupla.

Elas desceram as escadas, e enquanto Soraya partiu apressada para a cozinha ao sentir o cheiro do bacon, Simone passou pela sala. Observou quatro jovens dormindo, cada uma em um sofá. As Marias e Isabela estavam esparramadas e cobertas, já a jovem que ela não conhecia, se encontrava encolhida com o cabelo no rosto. Tebet caminhou até o sofá de veludo verde e colocou uma manta sobre o pequeno corpo.

— Desculpe! — Simone pediu baixinho quando a garota abriu os olhos assustada.

— Nossa, que horas são? — Elisa enfiou as mãos nos bolsos da calça, e nada de encontrar o celular.

— São nove meia. — A mais velha informou.

A jovem respirou aliviada.

— Ufa! À uma e meia preciso estar na faculdade. — Falou mais para si mesma do que para a morena que a observava. Depois de piscar algumas vezes ao tentar se localizar, Elisa arregalou os olhos. — Nossa, Simone Tebet! — A constatação fez seu rosto enrubescer. Lembranças de Maria Eduarda contando de quem a casa pertencia voltava à cabeça ainda atordoada pelo álcool. — Me desculpe! Que vergonha.

Simone riu carinhosamente da falta de jeito da menina.

— Você não está de férias? Hoje é domingo. — Ela lembrou. — E vergonha por quê? — Sorriu gentil e meneou a cabeça.

— Estamos em recesso, os horários da Federal estão meio bagunçados... Hoje eu tenho um trabalho voluntário pra fazer lá. — Contou, acanhada. — E a vergonha é por ter entrado na sua festa de penetra e ainda ter dormido aqui. Mais uma vez, peço desculpas! — Elisa se levantou, tentava alisar a camiseta em seu corpo.

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora