37. Amor e Amizade

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Eram quase duas horas da manhã, e Soraya escutou o famoso toque do iPhone invadir o quarto. A ansiedade surgiu assim que enxergou a foto da filha na tela do aparelho.

— Bebela? — Atendeu preocupada. — Aconteceu alguma coisa, filha? Você tá bem? — Ela perguntou, apoiando o celular entre o maxilar e o ombro, enquanto amarrava o robe no corpo e se seguia em direção ao banheiro.

— Mãe, me desculpa por ligar essas horas... Eu tenho certeza que meu pai te contou que estou esperando um bebê, não contou? — A voz da jovem embargou.

— Filha, por que você está chorando? O que foi? Estou tão feliz em saber que sou avó, meu amor. — Soraya preferiu ignorar a dúvida dela.

— Mãe — fungou como uma criança assustada —, eu posso ficar aí com vocês? Eu não quero ficar aqui, não quero lidar com essa gravidez sozinha.

Faziam dez dias desde que Carlos César havia contado sobre a gravidez da filha, e durante todos esses dez dias a jovem não atendeu as ligações da mãe, e mal respondeu as mensagens. Ouvir a voz da filha era tudo o que Soraya estava precisando para se sentir, finalmente, tranquila.

— Claro que pode, meu amor. Quando você quer vir? Amanhã?

— Pode ser? — Isabela perguntou incerta.

— Claro que pode!

— Me desculpa por não ter entrado em contato antes, mãe. — A jovem pediu, sincera.

— Tá tudo bem, filha. Entendo que você possa querer lidar com algumas coisas sozinha, mas não se esqueça da sua mãe. — A loira tentava soar o mais tranquila possível. Ficou confusa ao ouvir a jovem rir. — O que foi, Isabela?

— Desde que Simone Tebet se tornou minha madrasta, você se tornou uma pessoa bem mais tranquila, mãe. Diga à ela que eu agradeço pela mágica que fez com você.

Soraya riu internamente. Sua filha tinha razão.

— Filha, falando nisso, a Simone logo vai se tornar sua madrasta de forma oficial.

— Mãe! Que notícia boa! Eu fico tão feliz por você. — Pela primeira vez há um bom tempo, ela pareceu realmente alegre.

— Eu também, Bebela. Além de me casar com a mulher da minha vida, ainda vou ganhar uma neta! — Soraya sentia o aperto no coração afrouxar a cada vez que Isabela dava alguma risadinha.

— E quem disse que é neta, dona Soraya?

— Isabela, sua mãe sabe das coisas... Eu nunca errei nesse tipo de palpite!

As duas passaram uns minutos compartilhando risadas e fofocas. A loira tentava manter o tom baixo para não acordar sua mulher, apesar de ter quase certeza de que ela já devia ter acordado no momento em que seu telefone tocou, pelo sono leve que tinha.

— Bebela, eu te amo. Nunca se esqueça de que estarei sempre ao seu lado, filha. Sempre. — Havia um tom nostálgico em sua fala, ela estava com com muita saudade da menina.

— Eu amo muito você, mãe. Até amanhã. — Se despediu, doida para estar logo junto da família.

Soraya sentiu os olhos começarem a marejar, e aproveitou que estava em frente a pia para já lavá-los, querendo evitar um possível inchaço. Assim que enxugou o rosto, ela apagou a luz e abriu a porta devagar.

— Era a Isabela? — Simone perguntou com a voz rouca de sono.

— Sim, ela finalmente decidiu me contar da gravidez. — Soraya respondeu, voltando a se enfiar debaixo das cobertas, encaixando o rosto no pescoço da amada.

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora