8. GLS

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O corpo de Soraya, que estava em combustão, não demorou mais de quinze segundos para gelar. Ao se levantar, ela enrolou um lençol em seu corpo, e acabou ficando de frente para Simone, que percebeu a mudança drástica em seu semblante, mas preferiu não falar nada. A loira sequer olhou para Tebet, e foi direto para o banheiro, fechando a porta em seguida. O celular continuava a tocar, e Soraya respirou fundo, encarando seu reflexo no espelho, antes de colocar o aparelho em seu ouvido e atender a ligação.

— Oi, querida. Tá tudo bem? Demorou pra atender. — Carlos César cumprimentou.

Se pudesse ser honesta no momento, ela diria que estava tudo extremamente bem, até o telefone começar a tocar.

— Tá tudo bem, tudo ótimo. Demorei porque estava... Distraída. — A mulher forçou um sorriso, como se seu marido pudesse enxergar sua expressão. — Aconteceu alguma coisa?

— Não... Na verdade... — Ele pausa durante alguns segundos antes de continuar. — Estou a cerca de meia hora do hotel em que você está hospedada.

Soraya não sabia se ficava irritada, nervosa ou com medo — ou tudo ao mesmo tempo.

— O quê? — Ela perguntou, tentando não transparecer o quanto a notícia havia a incomodado.

— Eu disse que estou a uns trinta minutos...

— Eu entendi o que você falou, só não entendi o porquê. O que você está fazendo aqui? — Ela o cortou, e uma risada forçada saiu de sua garganta, na tentativa de amenizar a rispidez de suas palavras.

— Tive assuntos de última hora para tratar numa cidade aqui perto, e resolvi dar uma passadinha para te ver. Preciso falar com você. Tem certeza de que está tudo bem? Você está parecendo um pouco nervosa. — O homem perguntou, preocupado, e o engraçado foi que a loira notou que a voz dele também estava estranha. Ele também parecia nervoso, e isso deixou a mulher paranoica.

— Carlos César, eu já vou viajar de volta pra casa amanhã. O que você tem pra falar comigo é tão importante assim? — Ela usava todo o seu treinamento em oratória para tentar manter a voz tranquila.

— Na verdade é importante sim, Soraya. Preciso conversar com você o quanto antes. Você está ocupada?

Sim, ela estava bem ocupada, porém, seu marido vinha na frente de qualquer ocupação. Por um momento, a aflição tomou conta do corpo da loira, mas logo ela se deu conta de que seria perda de tempo. Se seu marido ficou sabendo de algo, era isso. Não tinha o que fazer.

— Tudo bem, te espero aqui, então. — Ela preferiu não responder a pergunta, e cortou a ligação.

Agora, segurando o lençol em seu peito, a sul-mato-grossense se perguntava o que fazer. Precisava tomar coragem para dispensar a mulher que estava esperando por ela, nua, na cama. O sonho não durou muito tempo, e ela logo foi arrancada dele. Soraya não estava esperando ter de voltar à realidade tão cedo, mas era o que precisava fazer.

Antes de abrir a porta do banheiro, Thronicke tirou o lençol de seu corpo, e vestiu o mesmo robe que havia usado durante a madrugada. Ela fechou os olhos durante alguns segundos, até tomar coragem, e abriu, então, a porta do banheiro, para seguir em direção à cama. A mulher só levantou o olhar quando se sentou de frente para sua amante, que mantinha parte do corpo coberto por um travesseiro.

— O que aconteceu? Era seu marido no telefone, não era? — Simone perguntou, deixando o semblante murchar.

A loira fez que sim com a cabeça, e seu coração se apertou ao ver a expressão de decepção no rosto da mulher que ela tanto gostava.

— Ele está vindo pra cá. — Ela tocou na perna de Simone com as pontas dos dedos, mas logo quebrou o contato. — Eu preciso que você vá, porque em menos de meia hora ele estará aqui.

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora