Simone se dirigiu à sua sala principal, e se deitou no sofá, mantendo o olhar vidrado no teto, dentro da penumbra. Quando fechou os olhos, a mulher sentiu o corpo girar, e ela odiava essa sensação, por isso se levantou, e agarrou o encosto do sofá, descansando seu rosto no tecido macio, deixando que as lágrimas queimassem suas bochechas. De repente, Tebet sentiu um aperto ainda maior em seu peito. Ela precisava falar com Soraya.
A mulher caminhou até um dos telefones fixos, e discou o número de seu próprio celular, para tentar encontrá-lo. Simone fez o máximo que podia para tentar se concentrar no som, não muito alto, e se deu conta de que ele estava surgindo de dentro do escritório.
Assim que estava com seu iPhone em mãos, ela correu os dedos pela tela, até encontrar o contato de Soraya. Ligou diversas vezes, ignorando o pedido da loira sobre não ser mais incomodada por ela, e nenhum chamado obteve resposta.
— Meu Deus, eu sou uma idiota, uma completa idiota.
A sensação de que algo estava errado não deixava seu peito, e ela chegou a se perguntar se isso seria efeito do álcool; ela sabia que não. Para tentar dissipar a embriaguez, a mulher foi até a cozinha, encheu a chaleira de água, e a colocou sobre a chama do fogão. Ela bebia goles e mais goles de água, enquanto esperava o café ficar pronto.
Quando sua xícara já estava cheia com o líquido quente, ela se apoiou no balcão da cozinha. Seus dedos batiam freneticamente contra o mármore, e ela deu graças a Deus por sua cabeça estar funcionando melhor. A madrugada se estendia, mas ainda faltavam boas horas para que o sol tomasse conta do céu.
Num susto, a emedebista deu um pulo ao ouvir seu celular tocar. Ela correu até o aparelho, esperando que pudesse ser Soraya, mas logo descobriu que quem ligava era sua vice, Mara Gabrilli.
— Simone?
A professora de Direito tentava imaginar o motivo da ligação em plena madrugada.
— Mara, oi. Tá tudo bem?
— Simone, você soube o que aconteceu agora há pouco? — Tebet diz que não, e pergunta o que houve. — A Soraya está internada, ela sofreu um acidente. Eu fiquei em choque quando soube, e sei que vocês são amigas, por isso me preocupei em te ligar.
Assim que ouve as palavras de sua colega, o coração de Simone dispara de uma forma incontrolável, e ela pode ouvir o som ecoando por seu corpo. Ela nem pensa em perguntar como Mara obteve a informação, porque não consegue pensar em absolutamente nada. Sua boca seca, e tudo à sua volta parece girar.
— Mara, não... Não pode... Não pode ser. — A voz da mulher mal sai, e ela tem dificuldade em encontrar palavras. — Onde? Onde Soraya está? Você sabe onde ela está?
A vice não sabia informar o paradeiro da mulher, e Simone logo se despediu, sabendo que faria de tudo para descobrir onde Soraya poderia estar. Não demorou muito para que ela entrasse em contato com seu assessor pessoal, que entrou em contato com outra pessoa, e mais outra pessoa. Quando Tebet estava terminando de calçar seus sapatos, já pronta para sair, ela recebeu a ligação de seu funcionário, a informando a localização de Soraya Vieira Thronicke.
Em direção ao hospital, enquanto suas mãos estavam firmes no volante, Simone prendia os lábios, sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto. Ela podia ter impedido Soraya, e não impediu. Ela podia ter dito a verdade, ter aberto a boca e dito que a amava. Tebet jamais se perdoaria se algo grave tivesse acontecido com Thronicke, jamais. Ela daria tudo para voltar no tempo, ou para trocar de lugar com a outra mulher.
O carro era inundado por palavrões que Simone dirigia a si mesma. Ela batia no volante, e a cada sinal que ficava vermelho, a mulher amaldiçoava tudo e todos, sentindo que nunca chegaria até seu destino.
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Musas de Direita - Simone e Soraya
Romance+18. Simone e Soraya, as apaixonantes e apaixonadas musas da direita brasileira, se envolvem numa paixão e num mistério. Pode ser que tudo acabe em família. Tudo fanfic, nada de compromisso com a realidade.