62. Grande Família

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Família. Grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto. Foi assim que a mansão localizada num dos bairros da alta sociedade da capital do Brasil, dentro de um dos condomínios mais nobres de Brasília, se tornou um lar para várias pessoas desde que foi comprada por Simone e Soraya. Apesar da residência ser apenas das duas, formalmente falando, é lá que todos os agregados da família costumam se reunir, e o casal de jovens senhoras dá graças a Deus por isso, por toda a vida à volta delas.

Próximo às dez horas da manhã, Tebet e Thronicke se encontravam na espaçosa sala principal, à meia luz, por conta das cortinas parcialmente fechadas para o conforto da bebê de pouco mais de um mês de vida. As duas resolveram dar uma folga para Isabela e Maria Fernanda. A primeira foi tomar banho, enquanto a segunda foi cuidar dos últimos ajustes do novo apartamento. Enquanto isso, as duas sul-mato-grossenses mais velhas esperavam por uma visita.

— Mas a Samia só tem quarenta e cinco dias de vida, Soraya! — A testa de Simone franze enquanto ela argumenta com a esposa sobre o por que não achava que seria uma boa ideia colocar brinco nas orelhinhas da neta.

Soraya revirou os olhos, se equilibrando em seus saltos, ninando o bebê com a maior delicadeza possível.

— Simone, para com isso! Você quer apostar quanto que a Samia nem sequer vai acordar quando a moça furar a orelha dela? — A loira desafiou.

Simone, que estava sentada na cadeira de amamentação favorita da enteada, ergueu uma sobrancelha quando percebeu o semblante felino na esposa.

— Você está realmente querendo fazer uma aposta, Soraya?

A mais jovem do casal sorriu de lado, estreitando os olhos.

— Sim, estou. Faz tempo que não agitamos as coisas por aqui, não acha? — Questionou, cheia de malícia.

— Hum, é verdade... — Simone, na realidade, não concorda, acha que a vida das duas já é agitada o bastante, mas não discorda de sua mulher. — E então, o que você propõe?

Soraya fez um biquinho, entortando a boca levemente para o lado, como quem tentava bolar alguma coisa.

— Será uma surpresa. — Ela diz, mantendo a pose de quem tem a ideia perfeita.

Simone a observava com ar de desconfiança, tinha certeza de que a mulher não tinha a menor ideia do que fazer.

— E quem disse que você vai ganhar?

— Você está torcendo pra que a nossa neta acorde e arme um berreiro, então? — Soraya provocou, caminhando até a janela para ver quem tocava a campainha que havia acabado de ressoar.

— Claro que não, Soraya. Mas, que é o provável a acontecer, é. — Simone se manteve convicta, e foi até a porta.

Assim que Carolina, a enfermeira, conhecida de longa da mamãe de primeira viagem, foi gentilmente recebida pelas duas, Soraya não deixou de dar uma provocadinha na própria esposa:

— Veremos, então, querida Simone Nassar.

Antes que Simone fechasse a porta, após Carolina entrar, César surgiu pela pequena fresta.

— Simone! Vim ver minha netinha colocar o brinco que eu comprei! — O senhor diz, fechando a porta em suas costas, mostrando as duas pequenas onças esculpidas a ouro.

Simone ligou o ruído branco, e Soraya colocou o bebê no bercinho móvel.

— Devemos esperar a Isa? — Carolina, perguntou.

— Não, ela disse que isso é serviço para os avós. — Soraya respondeu, encaixando o dedo indicador na mãozinha do bebê adormecido. — Não basta ser avó, né? Tem que participar...

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora