20. Cumplicidade

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Assim que Simone sentiu o toque da pele quente de Soraya, seus olhos se fecharam e ela descansou sua testa contra a enfaixada da loira. Suas mãos percorriam toda a extensão dos braços que estavam com alguns hematomas, espalhando um carinho lento por eles.

— Soraya, eu tive tanto medo... — Tebet inclinou a cabeça, de forma que seus lábios pudessem tocar a pele do rosto de Thronicke. — Tive tanto medo de perder você.

Os olhos de Soraya se encheram de lágrimas, e ela se afastou brevemente de Simone, de forma que pudesse encará-la. Suas mãos foram parar no pescoço branquinho, que ela acariciava calorosamente. Tendo a total atenção da morena, ela declarou:

— Você nunca vai me perder.

Por alguns instantes, as duas apenas contemplaram a beleza uma da outra, precisavam se olhar. Quando as lágrimas, que Simone não tentou mais segurar, passaram a escorrer por suas bochechas, Soraya usou a ponta dos dedos para enxugá-las, aproximando os rostos novamente, e dessa vez, selando os lábios.

O beijo era lento, as línguas se acariciavam como se estivessem apenas tentando se reconhecer. O tempo todo Simone mantinha suas mão acariciando as madeixas loiras, tomando cuidado para não atingir nenhuma parte machucada do corpo de Soraya. Quando a mais velha sentiu a necessidade de ambos os corpos em aprofundar o beijo, ela se afastou delicadamente, espalhando beijinhos por toda a face de Thronicke.

Soraya abriu um espacinho na cama, e acariciou o tecido, indicando para que Tebet se sentasse.

— Obrigada por ter se preocupado em estar ao meu lado durante esses dias.

— Me desculpe por ter deixado você ir embora naquela noite, se eu não tivesse sido uma idiota, nada disso teria acontecido. — Simone encarou a mulher com um olhar carregado de ternura e culpa.

A loira levantou o dorso, com um pouco de dificuldade, e Tebet logo fez com que ela voltasse a deitar as costas no encosto inclinado da cama, indo para mais perto da mulher.

— Nada do que aconteceu foi sua culpa, Simone. Às vezes eu acabo perdendo a linha e ajo de forma imprudente, você não tinha como me impedir... Mas já está tudo bem.

— Você não teria visto a necessidade de sair daquele jeito, se eu não tivesse hesitado em dizer a verdade, que a única coisa que importa pra mim, é ter você ao meu lado.

Thronicke esboça um sorrisinho triste, enquanto continua a acariciar as mão de Tebet.

— Não tem problema, o que passou, passou. — A loira usou uma de suas mãos para acariciar o rosto de Simone. — Não interessa o que você falou naquele dia, o que importa é que foi você que esteve aqui comigo o tempo todo... Você esteve ao meu lado. — Concluiu, demonstrando a gratidão que sentia em cada palavra dita.

— Eu sempre estarei ao seu lado, Soraya. — Tebet esboça um sorriso capaz de iluminar qualquer escuridão. — Na saúde e na doença.

Soraya Thronicke não seria capaz de descrever a onda de sentimentos maravilhosos que percorreram por cada parte de seu corpo, e bem ali, ela soube que Carlos César estava certo em seus conselhos. Guilherme Arantes também tinha razão, paixão assim não acontece todo dia. Ela agarraria a oportunidade de amar a mulher que sempre fez seu coração bater mais forte, e de ser amada de volta, com todas as suas forças.

— Eu te amo. — Soraya se declarou sem medo, em alto e bom som, olhando no fundo dos olhos da morena, que por não estar esperando ouvir aquelas três palavrinhas cheias de significado, derrubou mais e mais lágrimas.

Simone, emocionada que só, ficou se perguntando de onde teria surgido esse seu lado romântico e bobão que ela nunca havia visto relance antes, e também não demorou a se declarar. Disse, em meio às lágrimas:

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora