O céu já havia sido tomado pela escuridão há cerca de algumas horas, e Simone Tebet se encontrava no escritório, com seu terço banhado a ouro enrolado em seus dedos, e com os lábios professando a décima Ave Maria do dia. Se tinha uma coisa que Simone não era capaz de perder, era sua Fé. A mulher clamava por alguma resposta sobre o que fazer, e por proteção.
Faltavam dez minutos exatos para o desconhecido entrar em contato com ela, que colocou o terço no bolso da calça, e caminhou em direção à sala. Ao voltar para o cômodo espaçoso, ela viu Soraya e Carlos César sentados no sofá, conversando com Marcelo, que havia acabado de ligar para o celular da loira, para informá-los de alguma coisa.
— E então? Alguma novidade? — Simone faz a pergunta sem nenhum direcionamento.
— Marcelo apenas nos disse que não chegou e nem saiu ninguém de lá durante todas essas horas, e que não conseguiu captar nada por meio dessas tecnologias dele. — Soraya respondeu, e encarou Simone. — São quase dez horas. — Ela lembrou preocupada.
Simone correu os dedos entre os fios escuros, e foi até uma das poltronas, ficando de frente para o amigo e sua mulher. Colocou o iPhone em cima da mesinha de centro, e os três ficaram em total silêncio, da mesma forma que o rapaz do outro lado da linha. Ela entregou um AirPod para Soraya, e colocou o outro no próprio ouvido. Atenta à tela principal do celular, suas mãos começaram a tremer e suar frio conforme o horário corria.
Exatamente dez horas em ponto da noite, o aparelho telefônico começou a tocar. Simone pediu para que ninguém abrisse a boca, e com os dedos trêmulos, atendeu a ligação. Ela se concentrou em prestar atenção na fala da voz robotizada, e Soraya seguiu o processo que o genro havia lhe ensinado, para que, segundo ele, pudesse descobrir de onde vinha a ligação, que em menos de dois minutos foi encerrada.
— E aí? O que ele falou? — César bateu as mãos contra as pernas de forma impaciente.
— Falou o endereço, que é mesmo na chácara do Jair. Disse que exatamente às onze horas o portão seria aberto, e pra Simone não tentar nenhuma gracinha. — Soraya disse, com a voz falha pela garganta seca.
— Essa voz com alteração me dá arrepios. — Simone comentou, desgostosa. — Marcelo, descobriu de onde vem a ligação? Bate com a localização do Bolsonaro?
— Espera só um segundinho e... É isso mesmo. Quem te ligou está aqui. Vocês sabem se há outro portão além desse principal?
— Não tem. — Soraya respondeu, e uma dúvida surgiu em sua mente. — Será que não te viram? — Perguntou aflita.
Antes que pudesse obter alguma resposta, a conexão entre os aparelhos foi cortada.
— Ah, meu Deus! Pegaram ele! — César exclamou, desesperado.
— Calma, Carlos César! Pode ter apenas caído a ligação... Ei, onde você vai? — Soraya questionou a morena quando a mesma se levantou em disparada para o quarto, e seguiu-a até lá.
— Eu vou pegar um colete à prova de balas. — Simone esclareceu quando as duas já estavam dentro do closet.
— Você vai o quê? — Soraya indagou, incrédula. — Você está pensando em ir até lá? Você acha que eu vou permitir que você vá?
— Soraya, isso acaba hoje. — Ela garantiu.
Tebet olha no fundo dos olhos de Thronicke, e antes que a loira possa dizer alguma coisa, Simone é mais rápida, fechando-a dentro do espaço bem iluminado; como não há tranca por fora, a mulher corre até a porta do quarto, e usa a chave para trancá-la.
— Simone, abre essa porta! — A loira berrou, esmurrando a porta.
Simone andou rapidamente pelo corredor, e ao notar que César não estava na sala, ela aproveitou para ajeitar a roupa por cima do colete. Quando ouviu a porta da sacada fechando, ela correu para fora do apartamento antes que o amigo pudesse vê-la. Como sabia que não poderia perder tempo, porque provavelmente ele já devia ter pegado a chave que ela havia deixado na bancada para abrir a porta do quarto, ela correu para as escadas de incêndio. Simone estava tão tomada pela adrenalina, que só sentiu o cansaço quando já está sentada no banco do motorista do carro de César.
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Musas de Direita - Simone e Soraya
Romance+18. Simone e Soraya, as apaixonantes e apaixonadas musas da direita brasileira, se envolvem numa paixão e num mistério. Pode ser que tudo acabe em família. Tudo fanfic, nada de compromisso com a realidade.