Simone não fazia ideia de que horas eram, até ouvir o barulho do despertador de Carlos César. Um clássico da Madonna indicava que já eram seis horas da manhã, e ao fazer tal constatação, ela revirou os olhos. Se perguntava do por quê de César estar se levantando tão cedo, até que se lembrou de que Soraya havia feito algum comentário sobre ele ter decidido aprender a lutar. O homem tem passado todas as manhãs treinando com uma professora super simpática, que segundo a loira, além de dar aula de jiu-jitsu, era massagista. Tebet ainda não havia conhecido a peça pois, antes do atentado, estava saindo quase de madrugada todos os dias.
Apenas por brincadeira, Simone havia questionado o motivo de César não ter dado preferência a um professor, e Soraya disse que o ex-marido estava decidido a ter plena concentração, e não poderia ser atormentado por nenhum tipo de distração. A morena riu ao pensar em Carlos César... Tinha grande apreço por ele, o homem era realmente legal. Apesar de ainda ter raiva pela traição de duas décadas, e não tratá-lo tão bem assim, Soraya sempre o elogiava quando o mesmo não estava por perto. Ela dizia que, apesar da infidelidade conjugal, ele sempre esteve ao seu lado, provendo amor, carinho e proteção; e esses três fatores ainda permaneciam vivos. Eles haviam decidido que seria melhor que ele estivesse morando junto com elas, por enquanto, até que tudo se ajeitasse; e eles se davam bem um com o outro.
Carlos César estava sempre importunando a ex-esposa, garantindo que ela estivesse se alimentando bem e tomando os remédios. Soraya reclamava para Simone, alegando que seu ex-marido não era enfermeiro para atazaná-la daquele jeito, mas a morena sabia que, no fundo, sua mulher era muito grata pelo cuidado, assim como ela mesma, que não estava conseguindo passar tanto tempo ao seu lado, mas que ficava tranquila por saber que César estava ali.
O homem parecia ser o mais medroso entre os três, e por isso resolveu se dedicar à arte da defesa. Talvez aprender a lutar não pudesse salvá-los contra bandidos armados, mas ao menos, seria melhor do que nada. Mesmo com seguranças cuidando da proteção deles, vinte e quatro horas por dia, o medo não os abandonava.
Às vezes, Simone sentia pena de César. Diariamente, Soraya comentava que, em algum momento do dia, o homem desandava a chorar por estar distante do ex-amante. E todas as tentativas de convencê-lo a reatar com o namoradinho, eram irrelevantes. Simone, certamente, se colocava no lugar dele. O tal maníaco havia mandado que eles se afastassem, e até matou a cachorrinha do outro homem porque Carlos César havia ignorado a ameaça. Ela sentia muito pelo novo amigo, por quem ela já havia se apegado.
Letra "C"... Simone não pregou os olhos durante toda a madrugada. Ela se perguntava o que essa letra poderia significar... Inicial do nome da vítima, do mandante, ou de qualquer outra coisa? De uma coisa ela tinha certeza: há mais, talvez até bem mais, de uma pessoa por trás dessa história. Quem sabe, depois do atentado contra o Lula, a justiça se interessasse mais sobre o caso. De qualquer forma, ela não descartava a possibilidade de que dentro desse meio houvesse infiltrados. A morena não sabia o que fazer. Eram inimigos políticos, Tebet tinha plena certeza disso. Ela preferiu dar o tom da dúvida às suspeitas que tinha, para não acabar metendo os pés pelas mãos.
Antes que pudesse continuar a matutar sobre o mistério que a cercavam, seus pensamentos foram interrompidos pelo som da campainha. Provavelmente, seria a professora super simpática de Carlos César. Simone respirou fundo, e encarou as cortinas cinzas de linho, que cobriam, parcialmente, a claridade que estava começando a querer aparecer.
Simone fez um carinho no braço de Soraya, que se mantinha deitada com a cabeça em seu peito. Ela se levantou com cuidado para não acordá-la, e também se perguntou como sua mulher poderia dormir tão facilmente, mesmo num completo caos. O pensamento fez com que um sorrisinho escapasse por seus lábios de boba apaixonada.
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Musas de Direita - Simone e Soraya
Romance+18. Simone e Soraya, as apaixonantes e apaixonadas musas da direita brasileira, se envolvem numa paixão e num mistério. Pode ser que tudo acabe em família. Tudo fanfic, nada de compromisso com a realidade.