63. Capítulo Final

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2024

Soraya Thronicke estava radiante. Era o aniversário de um aninho da sua neta! Samia Maria Tebet Thronicke já estava balbuciando as primeiras palavras, dando os primeiros passinhos. A loira era uma avó orgulhosa, de fato. Tanto é que deu o tema da primeira festa: Pantanal!

Estava de calcinha e sutiã se aprontando em frente ao maior espelho da suíte, tinha ficado em dúvida, não sabia se escolhia o seu vestido midi de onça ou uma blusa nula manga com igual estampa. Respirou aliviada quando sua esposa entrou no quarto.

— Simone — segurou as duas peças estampadas em frente ao rosto —, qual?

A morena fingiu analisar, estava mesmo era focada no corpo que havia sido recém beijado pelo sol. A marquinha de biquíni era um pecado.

— O vestido, linda. — Concluiu ao se dar conta de que seria mais fácil tirar sua mulher de dentro daquela veste soltinha.

— Obrigada. — Aproximou-se da mais velha para lhe roubar um beijinho, e voltou a se aprontar. — E você? Vai pra festa enrolada na toalha? — Provocou a mulher que, diferente dela, não estava nem com a maquiagem ou os cabelos prontos.

— Eu me arrumo rapidinho, né, Soraya? Você leva duas horas, eu levo vinte minutos.

Soraya deu de ombros e se enfiou no vestido Animale, calçou as sandálias que já havia deixado separadas e checou a imagem novamente em frente ao espelho. Quando se voltou a morena, ela já estava vestida com a calça social de alfaiataria preta. Sua mulher estava sempre certa mesmo, não tinha como negar.

— Vem aqui. — Soraya chamou, mas ela mesma seguiu até a morena. — Manchei o cantinho da sua boca com o meu batom. — Lambeu o polegar e passou em cima do pedacinho de pele borrada de vermelho.

Simone deu um beijo de boca fechada no dedo que lhe esfregou a pele. Parou para reparar bem no rosto bonito que lhe encarava, por vezes não acreditava que aquela beldade de mulher era sua. O melhor era que o sentimento sempre foi recíproco.

A loira deixou que sua mulher, que garantiu que desceria em menos de meia hora, terminasse de se arrumar. Correu pelas escadas até chegar ao local onde a festinha já tinha sido iniciada. Por incrível que pudesse parecer, quiseram uma coisa até que simples. Na verdade, essa escolha foi de Isabela, que queria uma festa que a fizesse lembrar do tempo em que ela era só uma menina. Se fosse depender de Soraya, a sala dela tinha virado o próprio Pantanal.

— Uau, que arraso! — Carlos César, que optou por se vestir de onça dos pés à cabeça, elogiou a ex-esposa quando a mesma deu o ar da graça.

— Olha quem fala, Carlos César! Dá uma voltinha! — Soraya pediu porque queria confirmar sua suspeita: não bastava a tiara de orelhinha de onça, ele estava mesmo usando até um rabinho.

— E como está a minha aniversariante? — A vovó coruja se aproximou do casal de mães de primeira viagem e abriu os braços para chamar a neta, que se jogou em seu colo. — Bate uma foto, Elisa! — Pediu para a sobrinha da esposa que estava sempre com uma câmera digital ou analógica por perto.

A ruivinha atendeu ao pedido de prontidão. É claro que todas as fotografias ficaram uma fofura, e a senadora ficou doida para postar tudo na conta de Instagram privado que tinha feito com Simone.

— Que milagre é esse que você desceu antes que a minha tia? — Elisa perguntou enquanto mostrava as imagens que havia registrado.

— Foi milagre mesmo, eu acordei mais cedo, acredita?

— Deve ter virado onça e acabado com a minha amiga ontem! — César fez gracinha, não se aguentava de boca fechada.

— Mas e você, menino onça, não tem devorado ninguém? — Soraya provocou, estava com a peixeira bem afiada.

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora