31. Banho Bom e Tensão

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— César, precisamos conversar. — Uma Simone totalmente diferente do habitual, caminhou em passos rápidos pelo corredor, até voltar à cozinha.

— Tebet, o que foi? O que aconteceu? Você está tremendo.

A única vez que Carlos César havia visto a amiga nervosa dessa forma, foi quando ela soube que Soraya estava internada; Assim que Simone compartilha sua teoria com o homem, ele entende o motivo do nervosismo.

— Precisamos fazer alguma coisa logo! — Simone praticamente exigiu, já não estava mais aguentando manter a pose sóbria. Estava perdendo o equilibro que sempre lutou para manter.

— Simone, calma, calma. — César segurou as mãos da amiga, e respirou fundo, pedindo para que ela fizesse o mesmo, levando-a até o sofá. — Fique aí, vou buscar água pra você.

Carlos César aproveitou o momento em que estava sozinho na cozinha, para soltar o desespero que sentia. Ele sabia que precisava se manter firme pelas mulheres agora, por isso, virou uma dose de Bacardi, e respirou fundo novamente, antes de se recompor, e voltar para a sala.

— César, você tem que me prometer uma coisa. — Simone falou, apertando seus dedos em torno do copo com água gelada.

— Diga, Tebet. — Ele usou uma de suas mãos para tocar o ombro da amiga. — Estou aqui, diga.

Lágrimas começaram a surgir nos olhos de Simone, quando ela olhou no fundo dos olhos do amigo, e praticamente implorou:

— Se eu... Se me matarem, você promete que vai fazer de tudo pra proteger a Soraya?

— Você não vai morrer tão cedo, Simone! — Ele rebateu, e falhou em tentar segurar o choro.

— Tudo indica que vou, César. — Ela riu triste, conformada. — Por favor, me prometa. — Pediu novamente.

César virou os olhos, e secando as lágrimas que escorriam, ele prometeu:

— Eu prometo, Tebet... Prometo que vou proteger a Soraya e você, até o meu último dia de vida.

Os olhos de Simone, apesar de estarem refletindo total desespero, também continham um grande vislumbre de gratidão. César abraçou-a firme, e apesar de querer pensar em algo descontraído para dizer e fazê-la rir, ele não conseguia.

— Acho melhor você acordar a Soraya. — Ele comentou, dando tapinhas gentis nas costas da amiga.

Simone balançou a cabeça em afirmação e seguiu rumo ao quarto. Assim que abriu a porta, encontrou a loira deitada, com os olhos fechados, e a respiração tranquila. A onda de medo que correu por seu corpo, a deixou arrepiada da cabeça aos pés. Ela permaneceu ali, de pé, sentindo o coração apertar em seu peito.

— Simone? — Thronicke chama baixinho, e abre seus olhos, conectando seu olhar ao da professora de Direito. — Vem aqui? Fica aqui?

Atendendo ao pedido de sua mulher, Simone fechou a porta, e caminhou em direção à cama. Ela fez o máximo para não se deixar levar pelas lágrimas, mas quando já se encontrava aninhada no peito de Soraya, ela não conseguiu mais guardar o choro.

— Soraya, me desculpe. — Simone pede, com seu rosto enterrado no pescoço da loira. — Eu não estou conseguindo... Não estou conseguindo ignorar o medo que estou sentindo.

Soraya acariciava as madeixas escuras, tentando buscar por uma coragem que não tinha certeza se encontraria dentro de si. Mas ela precisava, precisava ser corajosa pela mulher que amava.

— Se desculpar? Meu amor, pare com isso... Eu já li a notícia de que o marido da Rosângela faleceu. — Ela usou a mão destra para tocar o rosto molhado da morena, fazendo com que a mesma levantasse a cabeça e olhasse em seus olhos. — Olha pra mim. — Ela pediu com a voz cheia de açúcar.

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora