22. Intimidações

4.7K 390 386
                                    

Um lindo céu azul foi a visão que os olhos de Soraya Thronicke contemplaram, assim que ela abriu a janela do quarto. Era um belíssimo domingo ensolarado, dia dezesseis do dez. Quase uma semana havia se passado desde a carta que havia recebido, e desde então, nenhuma delas foi incomodada novamente.

Por mais incrível que fosse, Simone Tebet ainda estava na cama, mesmo que o horário marcado no relógio fosse onze horas e vinte e quatro minutos da manhã. A professora de Direito tinha o costume de acordar extremamente cedo, mesmo sem necessidade para tal, mas a noite que passou com a loira, a deixou extremamente exausta. No dia anterior, Soraya finalmente havia sido liberada para fazer esforço físico, e, bem... As duas se exercitaram para valer.

Com a claridade do dia iluminando o quarto, Soraya voltou para a cama, se aconchegando em Simone, que estava de bruços, abraçada ao travesseiro repleto do perfume da dona do apartamento. A loira espalhou beijinhos por todo o ombro descoberto da mulher, agarrando-se a ela.

— Bom dia, senadora. — Soraya sussurrou no ouvido de Simone. — Temos apenas duas horas para nos arrumarmos e prepararmos as coisas pra quando o pessoal chegar.

Simone e Soraya haviam combinado um típico almoço de domingo, aquele onde a família e agregados são convidados. Nesse caso, chegariam Carlos César, e a Isabela com o namorado. Soraya não havia informado sua filha, de maneira explícita, do fato de estar num relacionamento íntimo com Tebet, ela não achava necessário. Thronicke sempre foi uma pessoa prática em determinados assuntos, sempre acreditou que certas coisas não precisariam ser ditas se você prestar o mínimo de atenção.

— Soraya, mais cinco minutinhos, por favor.

A loira riu ao ouvir o pedido nada usual de Tebet, e encaixou seu corpo no dela, formando uma conchinha, enquanto acariciava o braço macio.

— Simone... Vamos, meu amor. — Soraya pediu, aconchegando seu rosto no pescoço da morena, se segurando para também não voltar a se render ao sono.

— Eu sou mais velha que você, não tenho mais tanta energia. — Simone resmungou, afundando o rosto entre os travesseiros.

— Você é três anos mais velha que eu, realmente, é muita diferença. — Soraya brincou, sorrindo contra a pele leitosa.

— Que horas são? — A morena perguntou, tentando buscar forças para se espreguiçar.

— Hora de você se virar para me dar um beijinho. — A loira respondeu, tomando a iniciativa de encorajar a mais velha a voltar o rosto para cima. Simone se rendeu, e suas costas ficaram contra o colchão. Ela permaneceu de olhos fechados, recebendo os incontáveis beijinhos de esquimó que recebia de Soraya.

— Isso sim é um "bom dia" decente, Soraya Thronicke. — Simone murmurou com a voz ainda rouca e cheia de manha.

— Agora, vamos, levante! O dia está lindo, você tem que ver. — Soraya insistiu.

Simone abriu os olhos devagar, por conta da claridade, e usou uma de suas mãos para acariciar o rosto repleto de alegria da loira.

— Prefiro ficar aqui olhando pra você. — Simone declarou, percorrendo os dedos por cada detalhe das bochechas coradas de sua amada.

A vontade de Soraya era de se agarrar a Simone e enchê-la de beijos, mas ela se levantou e ficou de pé ao seu lado, puxou o lençol que a cobria. Deu graças a Deus por Simone estar de camisola, senão, seria mais difícil de não querer voltar à cama.

— Vamos! — Thronicke segurou os braços da morena e a puxou para cima, fazendo-a levantar o dorso. Assim que ela já estava sentada, Soraya deu um beijo em sua testa, antes de fazê-la se levantar por completo. — Viu só? Não foi tão difícil assim. — Ela deu um tapinha na coxa de Simone, e se virou para ir em direção ao corredor, mas teve seu braço puxado pela mesma.

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora