40. Natal e a Véspera

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Era dia vinte e quatro, véspera de Natal, e Soraya e Carlos César estavam na cozinha espaçosa da luxuosa cobertura de Simone. Os três senhores e as duas jovens haviam chegado de viagem ao Leblon no dia anterior, e Isabela e Maria Fernanda deram graças a Deus pela piscina na varanda, já que dali mesmo elas conseguiam avistar a praia, que se encontrava completamente lotada.

— Carlos César, que bobagem querer cozinhar em pleno Natal. Poderíamos ter encomendado tudo! — Soraya reclamou, passando os olhos por todas as receitas que o ex-marido colocou em cima da bancada localizada no meio da cozinha.

— Soraya, é Natal! Tem coisa melhor do que cozinhar em família?

— É claro que tem. — Ela revirou os olhos e encaixou os óculos no rosto para ler a receita que César havia colocado em sua mão. — Tá, eu vou te auxiliar no salpicão?

O homem havia separado uma receita para cada um cozinhar com ele, acreditando que essa seria uma forma de todos participarem desse momento que ele considerava muito divertido.

— Isso! O frango já está cozido, assim podemos ter a certeza de que você não vai incendiar a casa da sua esposa.

Ela riu da petulância e bateu em seu braço com um pano de prato.

— E só de pensar que logo mais vamos realmente nos casar... Ai, Carlos César... Já pensou...

— Vai ser lindo, Soraya! A festa deveria ser aqui, já que vocês querem algo discreto mesmo. Olha todo esse espaço, que magnífico! — César esticou o braço, o girando num semicírculo, enquanto contemplava a área bem iluminada.

— Poderia ser mesmo, já que não vamos fazer uma festança.

— Ah, Soraya, você é boba! Deveria fazer, sei lá, três dias de festa num resort fora do país.

A loira ri, de olho na peixeira que está afiando.

— Nós preferimos manter a nossa vida particular da forma que está.

— Mas nas redes sociais você atiça os gays, né, Soraya?

— Sim, é divertido! Adoro deixar nas entrelinhas, você sabe como sou misteriosa... Me alcança duas maçãs, por favor, Carlos César.

Ele faz o que foi pedido e olha com ar de deboche para a ex-esposa.

— Tão misteriosa que todos os jovens já sacaram na hora que havia uma tensão entre vocês duas nos debates...

Soraya revirou os olhos, e passou a se concentrar nos cortes que fazia na fruta.

— É, não posso negar... E naquela época eu nem sonhava que algum dia teria algo com ela. — A loira para um pouco e pensa. — Ah, é, sonhar eu sonhava.

Soraya observou, durante alguns segundos, pela parede de vidro da cozinha, Simone e as duas jovens na área externa. Se sentiu em casa. Logo voltou a dar atenção às maçãs verdes, não via a hora de sair dali e puxar sua mulher para nadar. As meninas estavam na piscina, e a professora escolheu ficar na sombra, lendo alguns relatórios, para não perder o costume.

Isabela havia conectado o celular do pai em sua caixinha de som, e não demorou para que César ligasse uma música em seu Spotify.

— Ah, eu amo essa música! — O homem exclama, e quando Thronicke reconhece o toque, ela volta a rir observando o homem embalado no som de I Will Survive na voz de Gloria Gaynor, enquanto balança os quadris. — Ela me ajudou muito quando tive que me separar do meu Eduardo Manfredini...

— E falando nele, vocês nunca mais se falaram? — Ficou curiosa para saber como andava a vida amorosa do ex-marido.

— Depois do fim de todas aquelas ameaças, sabendo que ele não correria mais riscos se estivesse comigo, eu liguei pra ele, e... Bom, o que importa é que ele me contou que não estava mais interessado, e também descobri que enquanto eu te traía com ele, ele me traía com vários outros. O karma não falha, Soraya...

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora