Is It Love? Cristina

23 - O filho bastardo

          Tomás me olhou cúmplice. Dessa vez eu não me sentia culpada.

          _ Eu te avisei. Ela também sabia. Garantiu que vocês eram cuidadosos e não fariam um bebê.

          _ Eu sempre uso preservativo e ela toma pílula. São remédios feitos para humanos. Nós não temos nada voltado ao sobrenatural. Aconteceu de a camisinha estourar uma vez. Mas como ela se previne, eu não me preocupei. Agora ela diz que não vai voltar. E eu me pergunto se aconteceu o que você alertou. Como sabia? Tem premonições? Sonhos proféticos? É meio bruxa?

          _ Tem magia das fadas no nosso sangue. Eu tive uma visão. _ admiti contrariada.

         _ E consegue dizer onde ela está?

         _ Não é assim que funciona, Yan. O que pretende fazer?

         _ Eu sou um original. Não posso ter um filho com alguém que não seja. O rei foi muito claro.

         _ Ele proibiu casamento entre originais e outras classes. Vampiros nunca se importaram com os filhos bastardos. Por isso os mestiços existiam. _ argumentei.

         _ Pode ser que o rei não se importe. Mas essa criança vai me culpar por não ter lhe dado a linhagem nobre de original. E é melhor que ele não exista. _ Yan insistiu.

          _ A decisão não é só sua. _ Tomás disse. _ Cloe tem o direito de escolher. Vocês podiam ter evitado. Não o fizeram. Agora aguentem as consequências.

          _ Só vim saber onde ela está. Se não podem me dizer, não temos mais nada para conversar.

          Ele se afastou e eu olhei para o meu irmão. Que parecia tão contrariado quanto eu.

          _ As vezes eu acho que a sociedade vampira precisa rever seus conceitos. As guerras diminuíram o número de originais e eles precisam repor. Mas isso não significa que uma vez ou outra, casais de classes diferentes não possam se formar. _ opinei.

          _ Exceções são um problema quando se tornam regra. As vezes é melhor não começar. Ele pode cuidar do filho, mesmo não casando com ela. _ Tomás suspirou frustrado. _ Se os dois não fossem promíscuos, não teriam um bebê indesejado. Digam o que disserem, o nosso jeito é o melhor para evitar arrependimentos.

          _ Sim. Vamos nos guardar para o casamento. _ concordei.

          Eu tinha pena de Cloe. Não era uma situação fácil. Mas eu avisei. Então ela escolheu arriscar e agora precisava lidar com as consequências.

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         Draco se aproximou quando eu estava na fila com o meu irmão, aguardando minha taça. A "merenda" dos vampiros. Eles não têm, na faculdade deles. Mas nossa sociedade têm as próprias regras.

         _ Quer dizer então que você teve uma visão sobre Yan e Cloe, mas não me contou?

         _ Era um assunto pessoal deles. _ argumentei.

         _ Yan é um pervertido. Não deveria se aproximar dele sozinha.

         _ Me poupe, Draco. Ele ia fazer o quê? Me agarrar a força? Eu o castraria se tentasse.

         _ Ele está nervoso. Não pode sair da universidade até o final de semana. Isso dá a Cloe, tempo para fugir. Nem acredito que eles fizeram um bebê. O rei ficará furioso.

         _ E você se importa com o que o rei pensa? Vai obedecê-lo? _ Tomás perguntou.
        
         _ Eu não quero morrer. Sabe que nem o nosso avô irá nos proteger, caso sejamos rebeldes com as leis que o rei impôs. _ ele admitiu.