A casa é escura, meu coração está batendo tão forte, faz minhas mãos suarem com a ansiedade e adrenalina que corre por cada pedacinho de mim, escuto alguns ruidos ao longe, parece ser gemidos, meu peito se aperta e sinto uma lagrima escorrer, avisto uma porta no fim do corredor enorme e escuro, apenas uma luz fraca sobre a porta, é nela que estou me guiando.
Conforme me aproximo mais, os gemidos ficam mais altos e intensos e eu reconheço um deles, é Yan, tento correr, mas meus pés simplesmente não me obedece, mal consigo dar mais que alguns passos, é torturando, agoniante.
Finalmente consigo chegar até a porta, as lagrimas escorrendo depressa pela minha face, meu coração apertado e sem pestanejar abro a mesma, o chão desaparecer de baixo dos meus pés, literalmente, estou caindo em um buraco, fundo, mas o rosto de Yan e Lucia estão no topo olhando para mim e rindo da minha dor, enquanto eu suplico para os dois que parem e me ajudem, mas isso não acontece, pelo ao contrário continuam rindo e se beijando em minha frente.
Eu grito, a voz corroendo minha garganta que dói, o choro saindo pesado, estico as mãos para eles, mas apenas ignoram enquanto continuam rindo de mim, é o ápice, a dor me consome e eu desisto, de tudo, fechando meus olhos e me deixando cair no buraco...
Acordo em um sobressalto sentando na cama de uma vez, completamente perdida, o coração batendo forte no peito, minha respiração descontrolada, sinto o suor escorrendo pelo meu rosto e nuca, o quarto escuro me traz de volta a realidade, mas as imagens em minha cabeça do pesadelo ainda me faz sofrer e dói.
Passo as mãos pelos rosto quando sinto molhado, e realmente está, há lágrimas em minha face escorrendo depressa, eu me lembro de estar chorando no sonho, muito, a dor foi tanta que acabei chorando dormindo.
Fecho os olhos apoiando o rosto nas mãos, as imagens de Yan e Lúcia vem em minha mente, as mesmas do pesadelo, os dois rindo de mim enquanto eu suplico para que parem de me machucar, mas é em vão, eles se divertem imensamente com a minha dor.
Um ano e a dor ainda é imensurável.
Aperto os lábios levantando a cabeça, mesmo após ter voltado ao trabalho, um mês depois, ainda tenho esses pesadelos, a bebida era a única coisa que me fazia esquecer e finalmente dormir tranquila, é isso, eu preciso de uma bebida!
Levanto e confiro as horas no celular na cabeceira, já passou das duas da manhã, provavelmente o bar do hotel está fechado, mas nada que eu não possa conseguir com algum dos empregados.
Pego o roupão do cabideiro atrás da porta e o coloco fechando em minha frente, antes de sair encaro a mim mesma no espelho da sala, o cabelo encaracolado bagunçado, os olhos vermelhos, respiro fundo e decido sair assim mesmo, afinal quem poderia me ver assim, não é?
Saiu descalça pegando o elevador da cobertura, descendo até o hall, o chão gelado me dá arrepios e me xingo mentalmente por não colocar nem que seja um misero chinelo.
Assim que as portas se abrem para o hall completamente vazio e silencioso, saiu do mesmo, procurando por alguma alma viva, cruzo os braços sobre o peito e caminho em direção ao bar, mas está tudo escuro, apenas uma vaga luz no final do balcão onde o barman está, limpando alguns copos e ajeitando as coisas, me aproximo dele devagar, sua cabeça se vira para mim e ele sorri.
— Senhorita Clarke, faz dias que não a vejo por aqui — diz ainda sorrindo, seus olhos percorrem pelo meu corpo e suas sobrancelhas se juntam, provavelmente estranhando meu roupão.
— Estou tentando parar de beber, mas hoje, eu realmente preciso de alguma coisa — falo me sentando em um dos bancos do balcão.
— Sinto muito Senhorita, já fechei tudo, estava apenas ajeitando para ir para casa.
— Você não pode me vender nada? — faço bico praticamente me jogando sobre o balcão fazendo ele rir se aproximar, debruçando ao meu lado.
— Infelizmente agora não — diz e também faz bico o que me faz rir enquanto levanto o corpo — volte amanhã e talvez eu te dê algo por conta da casa — diz dando uma piscadela.
— Adoraria, mas amanhã é sábado e você sabe — brinco com ele levantando as sobrancelhas o fazendo rir.
— Você ainda vai ficar com alguém que vai pegar seu coração de jeito — diz voltando ao seus afazeres, as suas palavras me dão náuseas e arrepios.
— Credo, vira essa boca para lá — respondo rindo enquanto desço do banco, aceno para ele enquanto sai do bar pisando com a ponta dos pés no piso gelado, me faz arrepiar de novo, volto para o elevador em direção a minha cobertura digitando o código de acesso.
O elevador se abre novamente direto no meu apartamento e eu entro, escuto as portas se fecharem atrás de mim, mas segundos depois elas voltam, paro no meio do corredor e encaro as portas que se abrem devagar, me pergunto quem poderia ser esse horário e principalmente, quem tem acesso a minha casa sem minha permissão, meu pai tudo bem, está tudo no nome dele, obviamente teria esse acesso, mas ele não se daria o trabalho de vir aqui de madrugada.
As portas se abrem revelando a pessoa misteriosa, meu coração dispara e tenho certeza que estou de boca aberta olhando para lá, os olhos claros me fitam, corre pelo meu corpo e dá dois passos pequenos apenas para sair do elevador, engulo em seco e aperto os braços em minha volta.
Senhor Carson está parado na minha frente, a poucos passos de mim, ele me fita dos pés a cabeça e alguma coisa estranha aparece em seus olhos, sua boca se aperta por baixo dos fios da barba densa, eu jamais poderia imaginar ver ele, aqui, ele usa uma calça jeans preta justa e uma camisa social branca perfeitamente alinhada em seu corpo, surpreendentemente sexy.
Ele não diz nada apenas levanta uma garrafa de vodka e indica a bebida com a cabeça.
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DOCE TRAIÇÃO
Любовные романыVitoria Clarke vive uma vida de princesa devido às regalias que seu pai Edmundo Clarke dono de umas das maiores construtoras de Nova Orleans lhe proporciona. A única herdeira vê sua vida abalada quando seu noivo Yan Carson é pego traindo ela com sua...