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— O que? — a voz escapa em um sussurro, é a única coisa que consigo dizer.

— Ninguém te contou? — pergunta como seu eu realmente conseguisse responder, sua mão solta meu queixo finalmente libertando meu rosto, seu rosto se aproxima do meu, fecho os olhos virando meu rosto quando percebo a sua intenção, seus lábios tocam em meu pescoço e eu me encolho me contorcendo e o choro começa a sair novamente — eu te procurei, por todos os dias, eu te procurei Vi — sussurra em minha pele chamando pelo meu apelido carinhoso que ele falava, mas não sinto nada a não ser nojo dele nesse momento, abro meus olhos e visualizo a porta que passamos anteriormente, fixando meus olhos ali e tentando calcular se eu consigo correr até ela sem cair com esses saltos — eu implorei a seu pai que me dissesse onde estava — resmunga e de novo a irritação em sua voz, me faz arrepiar e fechar os olhos desejando mentalmente que ele parasse — mas adivinha a minha surpresa quando meu pai foi para Londres e eu descobri o porque.

— Yan... — falo em meio ao choramingo tento empurrar seu corpo com as mãos espalmadas em seu peito, mas ele não se mexe — por favor! — suplico sem conseguir acreditar que o Yan que eu conhecia, que um dia eu amei, virou isso.

— Eu não pude me conter Vitoria — sussurra e vira meu rosto em sua direção novamente, a sua mão que estava ao lado da minha cabeça começa a secar as lagrimas que escorrer depressa pelo meu rosto enquanto o encaro, esperando pelo pior — eu passei pelo inferno sem você, e te ver em Londres foi o estopim para mim, ah querida, não chore — diz ainda enxugando em vão as lágrimas — eu te amo jamais te machucaria — mente, na minha cara, de novo até que seus lábios se chocam aos meus.

Um misto de sentimentos se passa pelo meu corpo, nojo, repulsa, ódio e medo, tudo de uma vez, me faz arfar e minha visão girar ficando um pouco turva enquanto ele continua tentando me beijar, apertando os lábios com força contra os meus assim como seu corpo, e então em um movimento com as pernas uma das minhas fica entre as suas e aproveito para acertá-lo bem ali, entre as suas pernas.

Seu corpo solta o meu rapidamente, enquanto eme xinga e se abaixa levando as mãos ao membro machucado, aproveito a deixa e corro, o mais rápido que consigo, segurando a barra do meu vestido, meu corpo todo estrá tremulo assim como minhas pernas.

— Ai — solto quando piso em meus próprios pés e caiu de frente no asfalto duro, minhas mãos machucadas latejando, rapidamente levanto, ainda tremula, seguro a barra do vestido com mais cuidado dessa vez, e vou até a porta chorando, alto.

Quando estou perto o suficiente para alcançar a maçaneta da porta ela se abre, para um corpo alto que eu tão bem conheço, sem me importar continuo me chocando contra ao corpo de Calvin que parece surpreso mas mesmo assim me envolve em seus braços.

— O que aconte... — ele me solta, antes mesmo de terminar a frase e passa por mim em passos largos, viro o corpo em sua direção e me encolho quando a porta se fecha em um baque atrás de mim enquanto estou presa em Calvin que caminha em direção ao seu filho — levanta daí — berra em direção a Yan que sobe o olhar para o pai.

— Calvin...

— Não! — diz virando o rosto para mim, sua face está transformada em puro ódio me fazendo paralisar no lugar, ele me encara por alguns segundos e depois volta a olhar para o filho que já está de pé.

Calvin acerta Yan com um soco, no meio do rosto fazendo-o cambalear para trás, imediatamente vou atrás de Calvin chamando por ele novamente mas ele estende o braço me impedindo de ir mais para a frente, me mantendo atrás de si como um grande protetor até que Yan o acerta e eu levo as mãos a boca segurando o grito que ameaça sair.

Calvin cambaleia em minha frente e encara o filho.

— Que lindo vocês dois — Yan diz levando a mão na boca, ele ri, descaradamente, fazendo meu corpo estremecer — sempre achei que você gostasse dela mais do que dizia pai — fala e encara os seus dedos, as gotas de sangue na ponta, mostra a força que Calvin acertou sua face.

— Se você encostar mais um dedo nela — Calvin rosna, dando um passo em direção a ele, mas antes que possa ir mais seguro em sua camisa, impedindo-o, posso ver seu peito subindo e descendo depressa, só então reparo no corto sobre seus olhos, um pouco acima da sobrancelhas.

— E você vai fazer o que hein velhote? — provoca, faz meu corpo estremecer de novo e antes que eu possa segurar Calvin dessa vez já está em cima do filho que grunhi com um novo soco no meio do rosto.

Em poucos segundos os dois estão no chão, eu mal consigo identificar quem é quem, minha respiração está pesada, meu corpo está latejando, meus olhos fixados na cena em minha frente, mal sei o que fazer, continuo totalmente atordoada, o álcool percorrendo pelas minhas veias faz minha cabeça girar, quase posso jurar que vejo mais que duas pessoas discutindo e se socando.

— CALVIN PARA!!! — grito e tento dar alguns passos para a frente, mas é em vão, meu corpo não responde, estou paralisada, completamente em choque, sinto as lagrimas escorrendo quentes pelo meu rosto cada vez mais enquanto fecho os olhos quando um barulho alto e depois o grito de Yan me faz encolher no lugar.

— PORRA! VOCÊ QUEBROU MEU NARIZ — a voz dele soa alto e abro os olhos novamente, Calvin está cambaleando para o lado e se afastando de Yan, que está com as mãos na face que sangra, ele não parece nada bem.

— Se chegar perto dela de novo não vai ser apenas o nariz que vou quebrar — ameaça, faz meu corpo estremecer e engulo em seco, Yan o encara por alguns segundos antes de se afastar de nós dois correndo na direção oposta em direção ao salão.

Mas é quando Calvin se vira para mim que meu chão parece sumir de baixo dos meus pés.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora