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Acordo com a claridade invadindo meu quarto, preciso piscar algumas vezes para poder me acostumar com a claridade, de imediato as lembranças de ontem a noite invade minha cabeça, que está dolorida, reclamo baixinho levando uma das mãos a mesma quando me sento e fecho os olhos. 

Tudo parece girar e é como se eu tivesse tomado uma tijolada na cabeça, que está pulsando e doendo demais. 

— A noite foi boa? — a voz de Yan invade meus ouvidos, faz meu coração disparar e abro os olhos rapidamente, reclamando de novo.

Ele está sentado, na poltrona no canto do quarto, os braços apoiados sobre os joelhos, o queixo apoiado nas mãos, seus olhos estão escuros, me encarando, seu cabelo está uma bagunça, mas não me comove, pelo ao contrário, me faz sentir mais raiva ainda, respiro fundo e reviro os olhos voltando a deitar na cama e tapando os olhos com o cobertor.

— Some do meu quarto, da minha vida! — reclamo, eu quero gritar com ele, jogar tudo o que tiver pela frente em sua cara, mas a ressaca é tão grande que mal consigo me concentrar nisso, só quero ficar aqui, deitada para sempre.

— Nós vamos no casar hoje Vitoria, já era para você estar se arrumando! — diz e minha reação é imediata, uma risada, alta demais escapa, faz minha cabeça doer mais, porém dessa vez eu não ligo.

Jogo o cobertor para longe e me sento na cama, ainda rindo, enquanto ele continua me encarando, o maxilar travado, completamente irritado.

— Você só pode estar de brincadeira! — respondo alto no meio da risada — onde em seus pensamentos achou que iriamos nos casar ainda depois do que ouvi ontem? — pergunto, ele não parece surpreso, o que me faz ter mais certeza ainda da traição, a vagabunda deve ter contado.

— Você estava bêbada, não sabe o que ouviu — tenta sem sucesso me fazer passar por louca, sua fisionomia continua a mesma, já eu, estou perdendo totalmente o controle de mim mesma, principalmente quando a risada sai de novo, ainda mais alta.

— Não faça isso, não me coloque como a louca bêbada — repreendo encarando ele, meu peito está em pedacinhos, minha cabeça está latejando, mas a irritação está tomando conta de mim aos poucos — eu ouvi muito bem ela falando com você, te chamando de meu amor, e porque você ligou para ela? — explodo, as últimas palavras saindo mais alto do que eu deveria, ele não me responde, apenas continua me encarando me deixando ainda mais irritada — O que estava acontecendo Yan? — pergunto tentando em vão dar uma chance dele se explicar.

— Eu não queria preocupar você — responde se levantando, mas não se aproxima, passa as mãos pelo cabelo bagunçado desviando o olhar do meu, eu engulo em seco e sinto o estomago se revirar, seu olhar volta para mim — era sobre minha mãe...

— Sua mãe — interrompo ele no meio da sua mentira, aperto os lábios tentando me controlar mais um pouco, minhas mãos estão tremendo, meu coração batendo tão forte que acho que poderá sair do peito — sobre o divórcio? O mesmo que você não me contou.

— Como você soube? — pergunta surpresa dando um passo em minha direção — eu pedi para Lucia não dizer — sussurra e parece ter soltado mais do que deveria, principalmente quando dá conta disso e seus olhos ficam maiores e eu pulo da cama.

— LÚCIA!!! — falo alto jogando as mãos para cima, pouco me importando com o pijama feito que estou usando, dou a volta na cama até ficar de frente com ele, que me encara perdido — como você pode?

Yan fica me encarando, seus olhos perdidos faz meu coração se quebrar ainda mais, um lado meu quer esquecer isso e ir ao seu encontro, mas o outro quer miseravelmente destruí-lo da mesma maneira que está a mim.

Ele passo a mão pela barba rala, parecendo estar perdido e transtornado, seus olhos perdidos estão marejados enquanto continua me encarando, após parecer um século finalmente tem coragem de abrir a boca.

— Vitoria, eu não queria preocupar você as vésperas do casamento — mente, descaradamente, bem na minha cara.

— Exatamente, casamento, comigo — falo exasperada, uma lagrima escorre pela lateral do meu rosto, mas não é tristeza, é raiva, meu corpo todo está tremendo, meu coração acelerado e minha mãos fechadas em punho louca para enfiar na cara dele — eu era sua noiva Yan, eu ia me casar com você! — choramingo indicando a mim mesma com as mãos relembrando o imbecil de quem eu era.

— Nós ainda vamos meu amor — fala dando um passo em minha direção, mas eu me afasto, dando um passo para trás.

— Não, não vamos — nego de imediato secando as lágrimas com as costas das mãos rudemente.

— Você colocou na cabeça que estou te traindo com ela — diz alto demais ao meu encontro, sua voz desesperada e grossa, as mãos para cima, como se eu realmente estivesse imaginando isso tudo.

— Olha para mim, me diz que nunca me traiu — peço, dizendo com calma e encarando ele, mas Yan desvia os olhos de mim, virando o rosto e passando a mão pelo mesmo em seguida — OLHA PARA MIM! — grito, a voz saindo dolorida pela garganta, ecoando pelo quarto quieto, ele finalmente olha, engolindo em seco e as lagrimas escorrendo depressa — me diz, na minha cara, que o que escutei foi coisa da minha cabeça, que você e a filha da puta da Lucia não estão juntos — peço, de novo, ainda com a ponta de esperança que realmente seja tudo coisa da minha cabeça.

— Me desculpe.

É isso, é a confirmação que eu precisava, meu chão desmorona novamente, meu peito se espedaça, é como se eu pudesse sentir meu coração se quebrando de novo em mil pedacinhos e quanto dou por mim já estou indo para cima dele.

— SEU FILHO DA PUTA! — grito, enquanto Yan tenta me segurar sem sucesso, acerto tapas neles sem medir para onde vai — EU ODEIO VOCÊ, SEU IDIOTA — Yan finalmente consegue me prender em seu peito, de costas para ele, segurando meus braços, me debato ali, as lagrimas saindo rapidamente, meu coração batendo forte, a raiva percorrendo pelas minhas veias, meu corpo todo pulsando — SOME DA MINHA CASA! EU ODEIO VOCÊ! — continuo me debatendo até ele me solta, jogo a primeira coisa que vem em minha visão, mal sei o que joguei, só escuto o espatifar no chão enquanto ele desvia do objeto.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora