DOCE TRAIÇÃO

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As coisas na empresa nesses últimos dias correram tudo bem, claro que eu continuo me adaptando ao fuso horário e a ter que responder ao meu pai, ao contrário de Londres, onde eu respondia a mim mesma. 

Mas o maldito tempo parece passar tão devagar, o que mais quero hoje é que a hora voe para eu finalmente poder ter um encontro digno com Calvin, sem medo, sem ninguém enchendo o saco, mesmo que tenha muitas pessoas por perto, e provavelmente tenhamos que sair de fininho para ninguém perceber, mas eu não ligo, o que eu mais quero hoje é reencontrá-lo.

Respiro fundo encarando a mim mesma no espelho, olhando novamente o vestido que me custou o olha da cara, um tom rosa-claro, a camada de baixo pesada desce até os meus pés e com um decote em V marcando meus seios com as alças finas, o tecido é coberto por um tule transparente rosa mais claro rendado, é simplesmente divino, mas valeu plenamente a pena, eu imagino como Calvin irá reagir ao me ver com ele.

Como se tivéssemos algum tipo de conexão meu celular vibra sobre a cama e viro o rosto para ver a tela, uma nova mensagem dele me faz sorrir.

(Calvin) — "Ansiosa por hoje?"

(Vitoria) — "Muito... mas estou tão cansada" — envio a mensagem sorrindo, tento imaginar qual seria a sua reação, mas só consigo pensar mesmo é no seu sorriso que me desmonta.

(Calvin) — "Cansada?"

(Vitoria) —"Trabalhei muito ontem, meu pai está me explorando" — brinco e não demora muito para a próxima mensagem chegar.

(Calvin) —"Você deveria trabalhar comigo, eu não iria te explorar, pelo menos não dessa maneira"

Sinto as bochechas queimarem apenas em ler suas palavras, mesmo por mensagens eu sei que ele deve estar com aquele sorriso que tanto me abala, aperto os lábios segurando o sorriso e sento no canto da cama me concentrando nas mensagens. 

Penso em alguma coisa que poderia provocá-lo, e assim faço.

(Vitoria) —"E como você iria me explorar Senhor Carson?"

Provoco sentindo a tensão subir fazendo meu coração começar a ficar agitado no peito, o status online de baixo da sua foto aparece rapidamente após o envio, sorrio quando passa a ser digitando, que some e volta por alguns segundos até a próxima mensagem chegar.

(Calvin) — "Está me provocando Senhorita Clarke?"

Ah, Calvin, até parece que não me conhece, te provocar é o que eu faço de melhor, diga-se de passagem, mas ao invés de concordar com ele apenas o instigo um pouco mais.

(Vitoria) —"Apenas estudando a possibilidade de um novo emprego Senhor"

(Calvin) —"Seu pai me mataria"

A risada explode alta pelo quarto, é a realidade, mas eu acho que nesse momento ele mataria por questões piores, como por exemplo eu estar saindo com seu melhor amigo e meu ex sogro e tendo um caso com ele, trocando mensagens provocativas e muito mais. 

O pensamento de isso acontecer, do meu pai nos pegar, me faz sentir ainda mais vontade de ficar com ele, o perigo, é extremamente delicioso, o celular vibra em meus dedos novamente e volto a realidade, encarando a tela com a nova mensagem. 

(Calvin) — "Gostaria de te ver antes da festa"

Meu coração dispara e alguma coisa dentro de mim me faz queimar, aperto meus lábios segurando o sorriso, eu gostaria muito de vê-lo antes da festa, mas não seria apropriado e eu teria que inventar uma boa desculpa para os meus pais para poder sair antes do horário.

(Vitoria) — "Eu também gostaria, mas acho que vai ser difícil" — respondo com sinceridade e fico olhando o aparelho por alguns segundos, a minha mensagem foi lida, mas não teve resposta por algum tempo, eu decido mandar outra mensagem mas antes de enviar ele é mais rápido. 

(Calvin) — "Estou com saudades" — sua mensagem aperta meu peito novamente e preciso respirar fundo antes de responder, igual uma adolescente apaixonada e cheia de ansiedade.

(Vitoria) — "Eu também estou Calvin, muita. Você vai estar lá, não é?" — questiono, garantindo que não estou sendo feita de idiota mais uma vez.

(Calvin) — "Claro que estarei Vitoria, muito mais por você do que pela empresa. por que a pergunta?"

(Vitoria) — "Eu não quero passar por isso sozinha" — respondo rapidamente, sendo sincera, afinal é isso que nós dois estamos prezando nesse "relacionamento", a sinceridade, e eu realmente não quero passar por isso sozinha, sei que a partir do momento em que eu sair do carro os flashs estarão em mim, assim como os olhares desconfiados quando entrar no salão e ver o casal do ano feliz.

Encaro o celular por alguns minutos enquanto o status em baixo da sua foto passa de digitando para online várias vezes, é como se ele escrevesse algo e apagasse logo em seguida, suspiro e balanço as pernas nervosa até a mensagem chegar.

(Calvin) — "Você não vai estar sozinha meu amor, eu prometo."

Estranhamente sua resposta me traz paz, é como se eu estivesse sendo aconchegada em um cobertor quentinho em um dia frio, sorrio para a mensagem, principalmente para o "meu amor" que faz meu coração bater com mais força. 

Eu quero dizer que o amo, com todas as letras, enviar sem medo, "obrigada, eu te amo", mas me falta coragem, simplesmente não consigo, as palavras estão ali, piscando na tele, mas o enviar parece estar tão longe, é mais forte do que eu e segundos a mensagem se apaga e a única coisa que consigo dizer é:

(Vitoria) — "Obrigada"

(Calvin) — "Nos vemos a noite Vitoria"

Sorrio para a sua última mensagem mas meu foco ainda é em "meu amor" que parece piscar em vermelho neon na tela do celular, respiro fundo e fecho os olhos caindo para trás na cama, como uma idiota apaixonada, não me recordo da última vez que me senti assim, é bom, ótimo, mas a alegria dura pouco, em pouco tempo a ansiedade e o medo de ser machucada novamente começa a me torturar, minha cabeça é um amontoado de pensamentos ruins e o coração disparado. 

Calvin tem meu coração consigo, eu não suportaria ser magoada de novo, principalmente por ele.