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— Que merda está fazendo? — me repreende irritada, a voz sai entrecortada pelos dentes cerrados, o que me faz sorrir ainda mais.

Eu a encaro, seu maxilar travado, os olhos presos em mim, não parece nada feliz, me pergunto o que pode estar se passando dentro dessa cabecinha sem jeito, aperto os olhos nela e percebo quando se mexe desconfortável no lugar me dando carta verde para continuar.

— Conhecendo seu amigo, que mal há nisso? — pergunto me fazendo de idiota ainda sorrindo enquanto olho para ela e cruzo os braços apoiando sobre a mesa.

— Você está espantando ele — fala respirando fundo e revirando os olhos — para com isso — pede manhosa, como se fosse uma gatinha ronronando para mim, mas isso não vai funcionar comigo — ele é a diversão da minha noite — esclarece como se realmente precisasse.

Ela está louca não é? Eu espero que sim, espero de coração que Edmundo tenha exagerado sobre ela, não que mulheres não possam dormir com quem quiser, podem, sim, mas ela, Vitoria é diferente, ela não é esse tipo de pessoa.

Nunca foi, era uma garota meiga, educada, prezava os sentimentos e a boa imagem, mas essa Vitoria, é completamente diferente da que eu conheço.

— Diversão da sua noite? — pergunto tentando não entender o que realmente ela quer dizer, posso ver quando fecha a cara ainda mais como se eu fosse um retardado, o que me deixa ainda mais irritado com a situação — Vai sair dormindo com qualquer um que vê por aí?

— Já transei com quem conhecia e me ferrei — fala e é como um tapa na minha cara, sei que ela se refere ao meu filho, me encolho no lugar e o sorriso some enquanto ela continua — transar com alguém sem conhecer, ou ter sentimentos, é a melhor coisa que aprendi a fazer Senhor Carson — assume fazendo meu peito se apertar, ela está mais ferrada que eu poderia imaginar.

— Sexo sem sentimento é ruim — solto de uma vez e para minha surpresa ela cai na gargalhada, chamando a atenção das pessoas que estão em volta para nós dois, eu apenas a encaro sem entender a graça, e espero até que termine com seu pequeno show antes de perguntar — qual a graça Senhorita Clarke?

— Você é hilário! — respondo ainda sorrindo, seus olhos se apertam em mim conforme o sorriso vai sumindo, deitando a cabeça um pouco para o lado — você faz isso, e eu não posso? Ah por favor — fala agora completamente séria e irritada.

— Eu não disse que não pode — falo com desdém, passo a língua pelos lábios de baixo da barba densa, mantendo o seu olhar com o meu — só disse que é ruim — esclareço encarando ela.

Vitoria cruza os braços sobre o peito e repete meu movimento apoiando os braços sobre a mesa, os seus seios se apertam em si e praticamente quase saltam para fora, meu olhar rapidamente vai para lá e sinto seu efeito bem lá em baixo, engulo em seco e volto a encarar seu rosto que sorri satisfeita para mim.

— Gostou do que vê? — pergunta provocativa.

— Se comporta Vitoria — repreendo sem graça, pigarro e volto a me encostar na poltrona me mexendo desconfortável no lugar.

— Eu? Quem está me olhando desde que chegou é você, igual quando apareceu na minha casa de madrugada — as palavras saem depressa pelos seus lábios enquanto eu apenas a observo, louco para fazê-la calar a boca apenas por insinuar esse tipo de coisa — o que as pessoas vão pensar hein Senhor Carson? — meu nome dança em seus lábios e mal consigo tirar os olhos dali.

— Pensar sobre o que exatamente? — questiono baixinho tirando os olhos da sua boca com dificuldade e encarando o seu olhar, escuro para cima de mim.

— Sobre isso, o flerte, os olhares... — sua voz sai baixa e me atinge de uma maneira inexplicável, faz minha pele se arrepiar enquanto meus olhos descem até seus lábios de novo — ... o desejo.

— Que tipo de desejo você tem Vitoria? — pergunto deitando a cabeça um pouco para o lado e sorrio para ela, seus lábios se abrem e ela solta a respiração com uma lufada alta.

— Eu fico pensando sobre o que disse na minha casa — fala e estica um dos braços sobre a mesa, seu dedo quente toca em meu braço, desço o olhar ali e aprecio sua mão tocando em mim, como uma onda de energia que percorre pela minha pele, subo o olhar para ela de volta quando continua — será que estou sóbria o suficiente para me lembrar de tudo depois?

Nossos olhares se prendem, ela me encara com alguma coisa de diferente dessa vez, é como se estivesse me pedindo algo, mas não sei identificar o que, já que pela minha cabeça a única coisa insana que se passa é qual será o gosto do seu beijo misturado com o álcool.

— Voltei — a voz de Brown chama nossa atenção, a mão dela sai de mim rapidamente e ele mal parece notar, mas meus olhos continuam nela que tenta disfarçar o olhar — trouxe a sua bebida de novo — ele continua e dessa vez o olho, que sorri deixando o copo de bebida na frente dela.

Respiro fundo e me levanto, deixando os dois me olhando enquanto faço isso, mas antes de sair viro para Vitoria que tem os olhos fixos em mim.

— É bom se manter bem sóbria Senhorita Clarke, não queremos que se esqueça de tudo depois — falo e sorrio para ela dando uma piscadela antes de sair de perto da mesa deixando os dois me encarando.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora