• C A L V I N C A R S O N •
Sigo pelo salão trazendo Vitoria comigo, segurando em seu braço com força, alguns olhares estão presos em nós mas ela não parece querer se soltar, pelo contrário, anda ao meu lado resmungando alguma coisa mas eu não ligo, ela passou dos limites.
— Que porra você acha que está fazendo? — rosno irritado em sua direção enquanto a empurro para o corredor dos banheiros, um pouco mais afastado de todos, daqui ninguém consegue nos ver.
Seus olhos estão grandes na face me encarando, seus seios subindo e descendo rapidamente com a respiração pesada e eu preciso controlar a vontade de tomá-la em meus braços aqui, beijá-la até toda essa merda passar, quero me enterrar nela até a raiva ir embora... mas não faço, apenas respiro fundo e aperto as mãos em punho.
Os olhos de Vitoria descem por mim e fica em minhas mãos, como se tivesse tendo que processar o que está acontecendo, piscando diversas vezes, ela se encolhe no lugar e leva uma das mãos para onde eu a estava segurando, uma pontada de culpa me invade, devo tê-la machucado e isso não era a minha intenção, mas continuo irritado, principalmente quando ela se cala.
— Estou falando com você — pontuo encarando-a.
— Eu sei, não sou surda! — resmunga desviando os olhos negros e marcantes para mim, puxo a respiração com força olhando para ela que parece tão irritada, mas alguma parte de mim acha que não é somente isso — o que VOCÊ pensa que está fazendo me puxando dessa maneira? — joga para mim dando um passo em minha direção e eu me aproximo dela retribuindo a encarada.
— Você estava prestes a esmurrar a Lucia! — rosno e ela dá um passo recuando mas eu me aproximo mais até que suas costas estevam na parede atrás dela, me aproximo mais ficando tão perto que posso sentir a sua respiração pesada batendo em meu peito.
— Eu não iria fazer isso — resmunga revirando os olhos e leva uma das mãos até os olhos, apertando as têmporas antes de voltar a me encarar — mas isso seria realmente ruim, ela merece, você sabe! — resmunga novamente e vejo um brilho em seus olhos, ela está chorando?
— Vitoria...
— Está defendendo ela? — diz com raiva me interrompendo enquanto me encara com raiva.
— Mas o quê? — questiono confuso e dou um passo para trás segurando a risada nervosa que está presa na garganta, o que ela acha que eu sou? Até agora eu estava lá, discutindo com os três protegendo ela, antes de chegar jogando merda no ventilador. Vitoria continua me encarando e cruza os braços sobre o peito esperando alguma resposta, eu reviro os olhos e bufo falando o obvio — Lógico que não! O que eles fizeram com você foi errado e sabe muito bem que odiei o que fizeram, mas Lucia está grávida, se encostar nela perde totalmente a razão! — afirmo convicto que isso possa fazer ela perceber finalmente o quanto isso é errado.
— Exatamente! Ela está grávida! — explode em minha frente, sua voz ecoando pelo corredor vazio e de alguma maneira agradeço que estejamos sozinhos que ninguém no salão consiga realmente nos ouvir.
Lágrimas escorrem pela lateral dos seus olhos me deixando completamente surpreso, eu a encaro confuso enquanto as lágrimas descem depressa e ela por sua vez não parece fazer questão de esconder apenas desvia o olhar do meu baixando a cabeça.
— Você está chorando? — pergunto baixinho e meu peito se despedaça, porra! Eu odeio vê-la dessa maneira, se debulhando em lágrimas, a dor estampada em sua face é nítida, mas por quê? Porque Vitoria está chorando tanto por isso? — O que está acontecendo?
— Nada — se nega a me responder passando as mãos pelo rosto com mais força do que o necessário, enxugando suas lágrimas com raiva ela vira o rosto piscando várias vezes parecendo tentar espantar o choro para longe.
— Vitoria, o que está acontecendo? — pergunto novamente dando um passo em sua direção e então ela maneia o rosto para mim e o seu olhar me faz parar na hora.
Seus olhos estão vermelhos e um pouco manchados de maquiagem, incrivelmente continua linda, mas há alguma coisa, uma dor estampada em sua face, as sobrancelhas juntas e a boca retorcida é como se tentasse se controlar para dizer algo, alguma coisa a incomoda e eu sinceramente não sei o que poderia ser.
— Ela tem tudo o que eu tinha — diz baixinho e suas palavras são como várias agulhas me atingindo, bem ali, no meu peito, puxo a respiração com dificuldade e não digo nada, apenas espero enquanto ela desvia os olhos novamente por alguns segundos antes de voltar a me encarar ainda abalada — ela tem o Yan, um filho, vai ter uma família completa! — as palavras saem de uma vez, transmitindo toda a sua dor, provavelmente a dor que ela vem segurando nesse um ano todo e talvez vê-lo juntos tenha trazido a tona, mas de alguma maneira isso me deixa mal, eu não posso dar a ela o que precisa... — ela me roubou a felicidade, Lucia tem que pagar por tudo o que fez! — sua voz sai mais alta agora ecoando pelo corredor enquanto eu continuo em silêncio a encarando.
As lágrimas escorrem mais devagar, seus seios estão subindo e descendo com a sua respiração pesada, meus pés estão fixos no chão, minhas mãos na cintura apertando meu quadril com força, tentando segurar a raiva e frustração com tudo o que está acontecendo, engulo em seco e passo a mão livre pela barba desviando os olhos dela com dificuldade.
"... ela tem o Yan, um filho, vai ter uma família completa..." suas palavras rodam pela minha cabeça miseravelmente, me torturando enquanto tento me concentrar em alguma coisa, mas a única coisa que se passa pela minha cabeça é a sua dor, a dor de não ter um filho e eu não poder dar isso a ela ou talvez ela ainda o ame, talvez seja isso! Vitoria ainda ama o meu filho.
— Você ainda o ama? — questiono virando o rosto para ela que está a alguns passos de mim, tão assustada quanto deveria.
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DOCE TRAIÇÃO
Lãng mạnVitoria Clarke vive uma vida de princesa devido às regalias que seu pai Edmundo Clarke dono de umas das maiores construtoras de Nova Orleans lhe proporciona. A única herdeira vê sua vida abalada quando seu noivo Yan Carson é pego traindo ela com sua...