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• C A L V I N  C A R S O N •

DIAS DEPOIS...

Eu fui um perfeito idiota com Vitoria da última vez que nos vimos, por mais que meu corpo todo desejasse estar com ela, cada parte de mim me implorava para levá-la para dentro do meu apartamento e tomá-la, estar dentro dela era a única coisa que eu queria naquele momento. 

Ver ela daquele jeito, toda arrumada, saindo com outra pessoa que não seja comigo me pegou de uma maneira inexplicável, fiquei naquele bar por hora apenas esperando por ela, e quando apareceu foi como um soco no meu estômago. 

Mas enquanto estávamos lá, quando eu a senti em meus dedos, eu só conseguia pensar em uma coisa, que ela ainda era a garotinha do meu amigo, isso é horrível, eu sei, mas era a única coisa que passava pela minha cabeça, me irritou e eu não pude continuar, por mais que eu quisesse, por mais que meu corpo implorasse, eu simplesmente não conseguia continuar.

Já faz alguns dias que eu não a vejo, um dia depois do ocorrido pude escutar ela saindo, mas antes que eu pudesse a alcançar no elevador o mesmo já havia se fechado, depois disso acredito que ela tenha usado o privativo, uma vez que não a vi mais. 

Agora, estou eu aqui, olhando o contrato assinado em cima da minha mesa que o motoboy trouxe hoje de manhã, a sua letra perfeitamente deliciada em uma assinatura simples, respiro fundo encarando a folha de papel pensando na merda que estou fazendo. 

Uma leve batida na porta chama minha atenção e levanto o olhar dos documentos para a mesma que se abre logo em seguida devagar.

Tudo não poderia ficar pior, até agora. 

O rosto do meu filho aparece na fresta da porta, um sorriso que não deveria existir está ali, de orelha a orelha, ele usa um terno cinza escuro e está sem a barba, o que é novo para mim, eu deveria estar feliz em vê-lo, mas nesse momento estou mais é irritado e surpreso. 

— Boa tarde, papai — fala enquanto fecha a porta atrás de si, eu não me dou o trabalho de levantar, muito menos responder, apenas o encaro, sentindo o coração disparado e a queimação em meu estômago — seria educado responder seu filho. 

— Seria educado você lembrar que tem um pai a meses — respondo grosso de uma vez, Yan se mexe desconfortável no lugar colocando as mãos nos bolsos e continuo sem dar a ele a oportunidade de continuar — o que faz aqui? — pergunto encostando o corpo na cadeira e cruzando as mãos sobre o peito encarando meu filho. 

— Eu precisava te ver — comenta. 

— Quanto você precisa dessa vez? — pergunto de uma vez, sem enrolação.

Yan respira fundo exasperado e joga os braços para cima dando a volta em seus próprios pés, ele ri parecendo estar nervoso e eu não digo nada, apenas observo seu pequeno teatro. 

— Tudo se resume a dinheiro para você? — pergunta jogando tudo para cima de mim, como se o vilão dessa história toda realmente fosse eu.

— Quando se trata de você, sim — pontuo simplesmente, me segurando para não gritar com ele e mandá-lo embora. 

— Não quero dinheiro — explica suspirando, ele cruza os braços sobre o peito e ainda se mantém de pé enquanto eu o encaro tentando entender que porra ele está querendo — quero que me deixe voltar a trabalhar na empresa.

Uma risada escada, alta, ecoando pela sala e fazendo meu corpo balançar, mas ele continua intacto, sem achar graça nenhuma.

— Por que esse interesse agora? — pergunto ainda rindo — achei que tinha escolhido ficar com a sua mãe — concluo visivelmente deixando ele desconfortável.

— É complicado — diz tão baixo que eu até acho que não foi realmente uma resposta.

— O que é complicado? —  questiono — você me deixou de lado por meses Yan, mesmo eu te contando tudo o que aconteceu, decidiu ficar do lado da sua mãe e me afastar completamente da sua vida — respondo irritado, a voz saindo rapidamente e mais alta do que eu gostaria, a última coisa que eu quero é discutir com ele, mas do jeito que as coisas estão indo, não vai demorar muito para acontecer. 

— Você não aceita a minha vida — diz, revelando a sua irritação, a sua voz explode pela minha sala — por que eu te manteria perto? — pergunta grosseiro, é o ápice para o meu autocontrole, eu levanto e explodo na sua frente.

— PORQUE SOU SEU PAI PORRA! — grito, sentindo o rosto pegando fogo, assim como o resto do meu corpo que treme por completo, minha respiração pesada assim como a dele que dá um passo para trás quando grito.

Seus olhos assustados e grandes no rosto me faz lembrar daquele garotinho pequeno, que eu criei, que chorava por tudo, que tinha medo de aranha, que ria para mim por coisas bestas. 

Respiro fundo e engulo em seco apertando as têmporas tentando controlar a minha raiva, aperto os lábios e suspiro de novo voltando a olhar para Yan que continua parado no lugar, perdido.

— Foi para isso que veio aqui filho? — pergunto cansado — Você veio para outro pais somente para me irritar? 

— Lucia está grávida. 

As palavras dele parecem agir em câmera lenta em minha cabeça, uma sensação ruim percorre pelo meu corpo e é como se minhas pernas falhassem mas logo dão espaço para a raiva que volta de novo, mais forte do que antes, posso sentir a queimação subindo pelo meu corpo, meu rosto está pegando fogo. 

Como se tudo já não estivesse tão fodido ele ainda me vem com essa. Isso explica o noivado repentino.

Eu deveria estar preocupado com a burrice do meu filho, mas não estou, eu só consigo pensar em Vitoria, que mal sabe sobre o noivado e agora isso, mas que porra! Vai acabar com ela.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora