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— Calvin — sussurro para ele que ainda mantém os olhos fixos em mim, mas ele balança a cabeça em negativa e volta a olhar para Yan me impedindo de continuar.

— Eu mandei ir embora, não mandei? — fala grosseiro dando um passo em minha frente, como um corpo protetor, alto e grande cobrindo totalmente a minha visão.

— Eu estava indo, mas encontrei com Vitoria, não fiz de propósito — Yan se explica, lamentando o ocorrido, mas eu bufo atrás de Calvin e ele vira o rosto para mim, por cima dos ombros.

Suas sobrancelhas arqueadas e seus olhos fixos em meu rosto desce para os meus pulsos que estão sendo acariciados, eles estão ardendo e vermelhos, posso ver o vermelho subindo pelo seu pescoço e seus olhos ficando mais escuros enquanto vira o rosto de volta para o filho.

— Você me prometeu que não iria se aproximar dela de novo! — ele grita me fazendo pular no lugar, não me lembro de vê-lo gritar assim alguma vez.

— Pai...

— Sai Yan — Calvin o interrompe — eu não vou falar de novo com você.

— Você prefere ficar do lado dela do que do seu filho? — Yan grita de volta para ele dando uma risada sarcástica e alta, só então noto o tanto de pessoas que estão em nossa volta, eu me encolho no lugar e sinto a queimação em meus rosto com a vergonha, mas os dois não parecem se importam.

Calvin dá um tapa no visor do elevador alto, me faz pular de novo e dou um passo para trás, o tapa faz apertar o botão com força e as portas do elevador se abrem rapidamente, pela sua postura e pelo corpo totalmente tenso nota-se o quanto está irritado, seu corpo subindo e descendo com a respiração pesada.

— Vai embora — rosna, baixinho, falando as palavras devagar.

Mesmo atrás de Calvin consigo ver Yan, ele está chateado, seus olhos estão marejados e eu engulo em seco até que seus olhos se desviam para mim, mas antes que consiga dizer alguma coisa seu pai entra novamente em minha frente impedindo a minha visão até que escuto as portas se fechando com o blip do elevador.

Calvin se vira para mim, seu peito subindo e descendo rapidamente, seus olhos procuram pelos meus e um sensação estranha me consome, pela primeira vez, eu quero abraçá-lo, me sentir segura, quero sentir seus braços me protegendo e depois beijá-lo até toda essa merda passar, mas isso parece ser algo tão fora do nosso mundo.

— O show acabou — fala para os seus funcionários, mas seus olhos estão fixos em mim, ninguém se mexe, nem eu e muito menos eles — acho que fui bem claro, não fui? — rosna dessa vez desviando os olhos de mim para olhar em volta.

É possível ouvir as reclamações e os passos rápidos logo em seguida enquanto todos começam a se mover rapidamente até que estamos sozinhos aqui no meio do corredor.

— O que está fazendo aqui? — ele pergunta para mim, a sua voz parece estar mais calma, assim como seus olhos em cima de mim, mas a sua postura autoritária ainda continua.

— Eu vim te ver — respondo com sinceridade, seus olhos descem novamente para os meus pulsos mas eu os escondo com as mãos, o que é em vão.

Calvin suspira pesado e tira minhas mãos dos pulsos devagar, seu toque, mesmo que seja pequeno e quente em mim, faz a pele se arrepiar e uma energia correr pelos meus braços, eu tento disfarçar mudando o peso do corpo entre os pés.

Ele acaricia o vermelho em minha pele escura com os polegares, é um carinho bom, é terno, faz meu peito se encher e novamente aquela vontade de abraçá-lo me vem a mente e dessa vez não impeço, solto as mãos das suas e me jogo em seu corpo, passando os braços em volta do seu pescoço de uma vez.

De imediato é estranho, ele parece rígido e eu preciso ficar na ponta dos pés para me manter ali, mas não me afasto, mesmo que ele não tenha correspondido ao abraço, apenas afundo o rosto em seu pescoço e ombro me apertando em nele e então o sinto, seus braços grandes me envolvendo devagar e seu rosto se afundando em meu cabelo.

Puxo a respiração deixando o seu perfume me invadir, Calvin faz o mesmo, inalando em meu cabelo, e como eu esperava, me sinto perfeitamente segura e muito bem estando em seus braços.

Nós ficamos assim por alguns segundos até que ele se afasta devagar, e eu o acompanho, tirando os braços no seu pescoço e dando alguns passos para trás, seus olhos estão quentes em cima de mim, mudando entre os meus e minha boca algumas vezes.

— Vem comigo — pede segurando em uma das minhas mãos me levando consigo.

Nós seguimos pelo corredor em silêncio, conforme me aproximo consigo ver o quanto esse corredor é escuro e cheio de pinturas horríveis, sua assistente nos vê ao longe se mexe desconfortável no lugar apenas sorri para mim assim que passamos por ela enquanto ele abre a porta da sala para eu entrar.

A sala de Calvin é enorme, e ao contrário do corredor escuro e decorado com coisas estranhas, sua sala é clara, as janelas grandes atrás da mesa que vão do chão ao teto iluminam a sala toda e proporcionam uma linda visão da cidade abaixo.

Meus pés estão no automático e meus olhos maravilhados com a paisagem, sigo em direção as grandes vidraças observando tudo, é realmente lindo, desvio o olhar dali para Calvin apenas quando escuto o trinco da porta.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora