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Atravesso o salão trazendo Yan comigo sem me preocupar com o que as pessoas vão pensar, a única pessoa aqui me importa de verdade é Calvin, mas eu posso explicar isso a ele depois, até porque nesse momento a irritação já consumiu todo o meu corpo. 

Aperto mais a mão dele na minha quando ele tenta se soltar, viro o rosto para ele franzindo os olhos e o fuzilando com o olhar antes de atravessar a porta de saída de emergência na lateral. 

— Vai me tirar da festa por quê? — pergunta, e eu não preciso olhar na cara dele para saber que está tirando sarro da minha cara.

— Cala a boca! — resmungo em resposta e paro abruptamente quando a brisa da noite bate em mim de uma vez e agradeço mentalmente que essa porta tenha dado acesso ao estacionamento ao invés do emaranhado de fotógrafos do lado de fora que iriam se deliciar com essa cena, então me viro para ele quando o escuto rir e solto irritada, praticamente cuspindo as palavras em sua direção — Que porra você acha que está fazendo Yan? 

Seu sorriso some e mesmo estando a poucos passos de mim posso sentir a tensão em seu corpo e seu olhar começando a ficar fechado em minha direção, mas não me afasto, pelo contrário, eu sinto ainda mais vontade de enfiar a mão na sua cara.

— O que você acha que está fazendo cheia de graça com aquele babaca? — retruca indicando com a mão o salão até onde estávamos segundos depois, e a sua pergunta me faz rir, uma grande gargalhada irônica escapa pela minha boca sem o meu controle. 

—  Ah pelo amor de Deus!!! — falo alto ainda rindo levando as mãos a cabeça completamente em choque dele dizer esse tipo de coisa, como ele pode? Como ele acha que pode ter esse tipo de comportamento em relação a mim depois de tudo o que fez? — Com quem eu converso ou deixo de conversar não é mais da sua conta a muito tempo! — rosno respondendo a ele e encarando seu olhos claros que estão me fuzilando.

— Ainda é da minha conta! — explode, de uma vez, os braços indo para cima e me faz dar um passo para trás, mas não o impedem de me aproximar, posso ver seu olhar obscuro para cima de mim enquanto as veias do seu pescoço parecem querer saltar — você não pode me deixar e sair por ai de papinho com qualquer um — a sua cara de nojo me incomoda mas o receio de piorar a situação me faz segurar a língua, eu não me lembro de tê-lo visto assim em nenhuma vez em todos os anos que ficamos juntos, mas o que eu posso esperar? Também achei que ele me amava e me traiu sei lá por quanto tempo. 

— Nós terminamos a um ano Yan e eu posso fazer o quiser a partir do momento em que você me traiu! — minhas palavras saem mais calmas do que antes mas ainda sim não é o que eu quero, eu quero gritar, socar a cara dele, mas o medo de alguma coisa pior acontecer toma conta de mim.

Yan bufa e gira em seus próprios pés reclamando alguma coisa que eu não consigo entender, até que se vira para mim, meu corpo todo se arrepia e minha respiração fica pesada com o sorriso de canto que ele tem, parece ser outra pessoa...

— Então é isso? — pergunta, mas eu acredito que ele não queria realmente uma resposta então fico o encarando, sua respiração pesada assim como a minha, ele da um passo para frente ficando tão próximo que o aroma de álcool invade meu nariz — você sai por ai e dorme com quem bem entende como uma puta?

Um tapa, em cheio, bem no meio do seu rosto. 

O som da minha mão batendo em sua face soa pelo estacionamento, sinto o ardor em minha palma e ele vira o rosto que começa a ficar vermelho na mesma hora, meu coração está disparado e meu peito sobe e desce com a respiração desregulada. 

— Nunca. Mais. Fale. Comigo! — falo as palavras pousadamente com o maxilar travado e as lágrimas brotando em meus olhos, mas não é de tristeza é raiva, ódio, nesse momento eu sei que posso matá-lo, por tudo o que me fez, por tudo o que ainda me faz.

Assim que ele volta a me olhar seus olhos estão vermelhos e as veias em seu pescoço ainda maiores, o rubor subindo pela sua pele e o maxilar travado, ele avança para cima de mim, grito ecoa fazendo minha garganta doer enquanto seus braços se envolvem em minha cintura. 

O desespero toma conta de mim, eu me debato enquanto ele me empurra em direção a um dos carros, meu corpo se choca contra uma das portas e minha cabeça bate em força no metal, resmungo baixo e minha respiração falha com a pancada, mas ele não parece se importar. 

— Yan! Por favor! — resmungo e subo uma das mãos até minha cabeça que lateja com a pancada forte, seu corpo se força sobre o meu me pressionando ainda mais enquanto uma de suas mãos segura em meu queixo com força, resmungo novamente mas é em vão, ele força meu rosto em sua direção enquanto as lagrimas começam a escorrer densas pela minha face.

— Você não vai a lugar nenhum, você é minha Vitoria! — diz entre os dentes irritado, as palavras sendo cuspidas em minha direção, me contorço entre o seu corpo e o carro tentando empurrá-lo, mas é em vão, ele me aperta ainda mais e força meu rosto para cima mais ainda em sua direção, tudo dói, meu queixo dói, minha cabeça... minha respiração ainda está pesada e dói as costas para respirar — eu tive que lutar contra a mim mesmo para não ir atrás de você Vitoria, onde quer que estivesse, mas quando descobri exatamente onde você estava — fecha os olhos parecendo se lembrar de alguma coisa que o machuca, depois de alguns segundos volta a me encarar — não resisti, eu tive que ir atrás de você.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora