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Entro no quarto de Yan empurrando a porta com força, a mesma bate do outro lado da parede, ele está sentado na cama, a cabeça apoiada nas mãos enquanto Martha está abaixada em sua frente, o consolando, como se ele realmente fosse a vítima nessa história.

— O QUE VOCÊ TEM NA PORRA DA SUA CABEÇA YAN? — falo mais alto em sua direção, finalmente deixando a frustração e a irritação tomar conta de mim, meu corpo todo treme, é muita humilhação para uma pessoa só. 

— Não começa... — ele resmunga e me faz rir alto enquanto sua mãe levanta devagar, mas o ilustríssimo não tem nem a coragem de olhar na minha cara.

— Não começa? — repreendo ainda rindo, passando as mãos pelo cabelo e barba, louco para dar uns tapas nele para ver se acorda para a vida — você acha que tem quantos anos? 5? Para ficar fazendo essas burrices — explodo em sua frente esperando por alguma reação, alguma explicação plausível pelas suas atitudes, mas nada, ele simplesmente não se mexe.

— Calvin, não precisa falar assim com ele — Martha o defende entrando na minha frente, viro o rosto para ela a fuzilando com o olhar.

— E você quer que eu fale como Martha? — digo ríspido, ela dá um passo para trás e cruza os braços novamente se abraçando, aguardo por alguma resposta dos anjos, mas nada, nem uma palavra então continuo — o idiota do seu filho traiu Vitoria, de novo! — explodo exasperado, jogando os braços para cima, eu acho incrível que mesmo depois do aviso que dei ele ainda comete o mesmo erro!

Respiro fundo e engulo em seco dando a volta pelo quarto bagunçado, desviando das suas coisas do chão, escuto a cama e olho de volta para Yan que se levanta, seu rosto está todo molhado, as lagrimas escorrendo, ele parece arrependido, mas só não sei exatamente do que, de ter traído a Vitoria ou de ter sido descoberto. 

— O senhor me julga muito, mas até onde eu sei você também traiu a sua namorada com a mamãe! — diz, irritado, me faz rir de novo, dessa vez mais alto, não porque eu achei graça do que diz, mas é da maneira que ele ousa em tentar me rebaixar. 

— E você acha que eu me orgulho disso? Acha? — respondo ríspido indo ao seu encontro depressa, os olhos deles ficam grandes no rosto e dá um passo para trás — você acha certo o que está fazendo com essas duas garotas Yan? Me responde! — grito forçando ele a reagir.

— Eu não acho certo, mas quer que eu faça o quê? Eu amo as duas!

— Ama o caralho!  

— Calvin!! — Martha grita ao nosso lado tentando entrar na frente do filho quando me altero ainda mais, porém olho para ela repreendendo com os olhos. 

— Você não ama nenhuma das duas, apenas gosta de saber que tem elas a sua disposição! — repreendo, a respiração forte fazendo meu peito subir e descer depressa, desvio os olhos para Martha de novo que me encara, os olhos lacrimejando — leve Yan contigo, ele sai dessa casa hoje.

— O quê? — ele responde dando passos em minha direção quando me afasto disposto a sair do quarto.

— É isso, você vai morar com sua mãe, não quero você aqui, não depois disso tudo, vai voltar a ter essa vida de luxo comigo quando aprender a se comportar e virar homem, assumir os seus erros — falo firme, rudemente com ele, que para minha surpresa ri, alto, no mesmo tom que eu, levantando os braços, o perfeito caos, eu apenas espero enquanto ele se recompõe.

— E você, quando vai assumir o seu? — joga para mim, chamando minha atenção, respiro fundo colocando as mãos no bolso tentando controlar o corpo todo que treme.

— Que erro exatamente eu cometi? — pergunto depois de alguns minutos, enquanto ele me encara, desvio os olhos para Martha quando se coloca na frente dele colocando as mãos em seu peito, mas meu filho não parece se importar, nem quando a mãe pede.

— Yan não...

— Não mamãe — a interrompe, engulo em seco esperando pela próxima mentira que ela possa ter contado — ele acha que eu não sei — diz encarando a sua mãe, que parece um pouco desesperada, é nesse momento que o pouco do amor que eu ainda tinha por ela se esvai, seus olhos voltam para mim e parece preocupada — mas eu sei pai — diz agora me encarando. 

— O que você sabe exatamente Yan? — pergunto calmamente.

— Que vocês estão se separando porque o Senhor traiu a mamãe — solta de uma vez, a mentira me atinge, meu peito se aperta e sinto novamente cada pedaço meu tremer, como ela pode mentir a esse nível? Jogando ele contra mim, me usando dessa maneira para inibir os seus erros — com uma das suas putas que sai aí pela noite — conclui, como se tudo o que já tenha dito não fosse ruim demais.

— Foi isso que contou a ele? — pergunto, toda a minha atenção para Martha que não consegue me olhar, sua cabeça baixa encarando seus pés, aperto os lábios balançando a cabeça, uma risadinha sarcástica sai do meu controle — A cada dia você me surpreende mais — sussurro ainda encarando ela que ainda não olha para mim, respiro fundo e desvio o olhar para meu filho, que está em posição defensiva me encarando — a situação foi outra Yan, eu cheguei em casa e peguei a sua mãe com outro, na nossa cama — esclareço a informação calmamente, posso ver a sua fisionomia mudando aos poucos e dando alguns passos para o lado longe da sua mãe — é por isso que estou me separando dela, não por qualquer pessoa por aí — acrescento, tiro uma das mãos do bolso e confiro as horas no relógio completamente exausto disso tudo, dessa família bagunçada, no momento quero distância — agora se me derem licença eu tenho que resolver os problemas que você me causou e espero que saia daqui ainda hoje — desvio olhar para Martha que agora tem a coragem de me olhar — vocês dois.

Digo as últimas palavras e saio do quarto, pisando duro, as mãos queimando e formigando, a irritação me consome esquentando desde a ponta dos meus pés até o couro cabeludo, eu poderia quebrar muitas coisas nesse momento, mas ao invés disso respiro fundo diversas vezes descendo as escadas depressa e indo direto ao meu escritório batendo a porta assim que entro.

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PREPARADOS? AGORA COMEÇA A DIVERSÃO!!!

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora