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— O que você realmente veio fazer aqui? — pergunta dando alguns passos até mim, devagar, e conforme se aproxima meu coração começa a martelar ainda mais em meu peito, o clima ficando mais pesado e mais difícil de respirar com tranquilidade.  

— Eu queria te ver, era mais como uma necessidade — falo e sussurro as últimas palavras assim que ele fica a alguns centímetros de mim — eu sinto muito por fazer você passar vergonha, com isso tudo — pontuo dando alguns passos para trás conforme ele vai se aproximando mais, sem dizer uma única palavra até sentir a parede dura e gelada atrás de mim, mas isso não parece impedi-lo de continuar se aproximando.

Calvin fica tão perto que eu me encolho ainda mais na parede, minha respiração pesada fazendo meu peito subir e descer rapidamente.

Ele apoia uma das mãos na parede ao lado da minha cabeça e seu corpo quase encostando em mim, me faz arfar, posso sentir seu hálito quente batendo em mim, a respiração pesada e os olhos presos em minha boca, minha respiração começa a ficar descontrolada, de repente o clima mudou, o ar ficou pesado demais, e a sala parece estar quente mesmo com o ar condicionado ligado.

Meus braços ao lado do corpo pressionado contra a parede, meus seios apertados em seu peito encostado em mim, como se não pudesse ser maior a tentação, Senhor Carson me aperta mais e sua mão livre vai para o meu quadril, o arrepio corre pela minha pele de imediato e meu lábios entreabertos soltando um suspiro pesado.

— O que você está fazendo comigo? — sussurra, tão perto, sua respiração batendo em minha boca, seus olhos saem dos meus lábios para os meus, me faz arfar, eu quero beijá-lo, aqui, agora.

— Me beije — peço soprando em seus lábios, mas ele resmunga fechando os olhos e soltando um gemido abafado, como se estivesse lutando contra si — me beije Senhor Carson — peço baixinho de novo e levo uma das mãos para o seu rosto, ele abre os olhos e me encara, a ruga ali no meio tão evidente, o meio das minhas pernas queimando me faz estremecer no lugar, nossas respirações pesadas entrando em sincronia e então ele se vai me fazendo curvar para frente e lamentar a sua partida brusca.

Calvin se afasta de mim, me soltando bruscamente, preciso piscar algumas vezes para tentar me manter em ordem e ainda de pé sobre os saltos, ele está de costas para mim e parece tão atordoado quanto eu, passa as mãos pelos fios grisalhos e a barba densa antes de me olhar de novo. 

— Eu preciso que você saia daqui — pede exasperado, nervoso, passa novamente as mãos pelo cabelo respirando fundo, mas eu não me mexo, nem um centímetro, apenas fico no lugar encarando ele, eu não quero ir, por mais que uma parte minha, pequena, grite em alerta me suplicando para sair correndo, uma grande parte me faz ficar, prendendo meus pés no chão e jogando fora totalmente a pouca sanidade que ainda me resta — Vitoria, saia daqui — pede de novo, mas eu não me mexo.

— Não — falo, simplesmente e dou um passo em sua direção enquanto ele me segue com o olhar escuro e penetrante, seu maxilar travado, mas não me convence a desistir, pelo ao contrário, me faz querer ainda mais — eu não vou a lugar nenhum, o Senhor está há dias me provocando, e agora isso? Me pede para sair? 

— Vitoria, é errado — resmunga.

— Errado? — questiono dando um sorriso sarcástico e isso parece deixá-lo ainda mais fora do controle, mas não me impede, apenas continuo — errado é eu ter que me tocar pensando em você, desejando você comigo — as palavras saem depressa, seus olhos se arregalam e o corpo fica rígido, minhas palavras o atingem — errado é que enquanto eu me dou prazer fico imaginando como seria se você tivesse fazendo isso por mim! — as últimas palavras saem mais alto do que eu havia planejado, estranhamente estou brava, brava comigo mesmo por querer isso e brava com ele por me mandar para longe após me instigar por dias.

Meu peito sobe e desce depressa, a respiração pesada, o ar dentro da sala parece estar mais pesado ainda, Calvin continua me encarando, a respiração tão descontrolada quanto a minha, seus olhos queimando em mim, o silêncio após meu pequeno ataque é gritante, mas a queimação entre as minhas pernas e o arrepio pelo meu corpo só piora, o desejo de sentir ele é maior a cada minuto.

— Eu preciso que você vá embora — rosna para mim, mas ao contrário do que diz, dá um passo em minha direção, suas mãos abrindo e fechando ao lado do corpo, sua boca me manda embora, mas as suas reações me indicam ao contrário.

— Por quê? — pergunto quebrando o vazio entre nós dois, me aproximando, espalmo as mãos em seu peito rígido, posso sentir seu coração batendo tão forte quanto ao meu e vejo quando reclama — Porque Calvin? — sussurro praticamente suplicando pela sua atenção.

Seu rosto se abaixa em minha direção, seus lábios tão próximos que se eu apenas me esforçar um pouquinho posso beijá-lo, mas não faço, apenas espero, sentindo sua respiração batendo em mim.

— Porque se eu começar a te beijar, não vou conseguir parar — sussurra me encarando, me faz arfar de novo e minhas pernas falham imediatamente mas antes que eu caia no chão seus braços me envolvem, apertando meu corpo ao seu, essa é a minha deixa. 

— Eu não quero que pare — afirmo, e é isso, o ápice, o estopim para o seu controle.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora