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• V I T O R I A     C L A R K E •

Finalmente, meu casamento está chegando, aliás, é amanhã!!

Apenas em pensar nisso faz meu corpo todo tremer, me lembro que na viagem eu havia dito ao Senhor Carson que não estava nervosa, mas agora, se eu pudesse responder de novo diria que até demais. 

Depois daquela viagem as coisas entre mim e Yan esquentaram ainda mais, parece que ele não consegue deixar as mãos longe de mim nem por um segundo, não que eu não goste, até porque gosto muito, mas está completamente diferente, já com Lucia... é outra história. 

Ela se afastou, um pouco, parece mais irritada do que o normal, eu ainda não engoli o fato dela ter ido embora no meio da nossa última viagem alegando estar doente, sendo que eu sei muito bem que não estava, conheço ela, havia alguma coisa ali, mas para o meu próprio bem decidi ignorar e seguir a vida. 

Mas hoje, ela está completamente diferente, de todas as suas personalidades, essa é a mais nova para mim, está uma mistura de alegre com raiva, tem momentos que sorri e momentos que a pego me encarando completamente irritada, isso me assusta, mas talvez seja apenas nervoso, por perder a amiga para o marido, certo? Bom, eu espero que seja. 

Combinamos de passar minha última noite de solteira em um clube, Lucia fez questão de escolher o lugar e disse que era para deixar tudo por sua conta que ela daria um jeito em tudo, e assim fiz. Uma limousine foi meu buscar em casa, havia de tudo lá dentro, muita bebida, som alto e brinquedos eróticos, muito clichê, mas que nos fez tirar boas risadas, até finalmente chegarmos aqui, há quanto tempo estamos aqui? Não faço a menor ideia, só sei que já consumi álcool demais, muito mais do que estou acostumada.

O álcool já subiu bastante, tudo está girando e estou mais animada do que deveria estar, mas quem é liga? É minha última noite solteira!! A pista de dança está agitada, a música alta, vários corpos se batendo uns nos outros, algumas pessoas se esbarrando em mim, e como não consigo mais confiar nos meus próprios pés cambaleio para lá e para cá, rindo.

— Eu preciso ir ao banheiro — sussurro para Lucia ao meu lado na pista de dança, não que eu realmente precise, eu só quero dar um tempo desse empurra, antes que eu caia aqui no meio de todo mundo. 

Os olho dela me fitam, e depois de alguns segundos sorri concordando com a cabeça e dando passos em minha direção.

— Vou com você — diz um pouco mais alto que a música alta que toca, mas eu nego com a cabeça fazendo ela parar no lugar.

— Não precisa, eu consigo ir sozinha, aproveite — falo e indico o homem na sua frente que sorri para ela dançando, mas Lucia apenas faz uma careta se virando me fazendo rir.

Atravesso as pessoas pela pista de dança, indo de um lado para o outro, os corpos suados se esfregando uns nos outros e alguns em mim, me fazendo empurrá-los para longe, finalmente visualizo o fim da pista de dança, onde não há tantas pessoas se esfregando, foco ali e sigo sem olhar para os lados, meus pés seguem sem reclamar e tenho certeza que não estou mais andando como uma bêbada, pelo menos é assim que eu espero. 

Entro em conflito uma parede de ossos, de costas para mim, me faz cambalear sobre os saltos, mas antes que eu caia de cara no chão uma mão grande e firme segura em meu braço me sustentando.

— Vitoria? — a voz rouca e grossa chama minha atenção e subo os olhos pelo corpo alto em minha frente, engulo em seco quando me deparo com o par de olhos claros sobre a luz fraca do clube me encarando tão confusos.

— Senhor Carson — a voz sai em um sussurro, o sobrenome brinca em minha língua saindo um pouco embaralhado, suas sobrancelhas se juntam ainda mais, porém sua mão não me solta, pelo ao contrário me segura com mais força me tirando do amontoado de pessoas ao nosso redor o que estranhamente me faz rir, involuntariamente, escapando pela garganta.

— O que faz aqui? — pergunta finalmente me soltando em um canto do clube, encosto na parede para me apoiar ainda rindo, acho que bebi demais.

— Despedida de solteiro — digo como se fosse meio obvio, ele engole em seco e corre os olhos por mim, me deixando completamente sem jeito, seguro na barra do vestido curto tentando discretamente puxá-lo mais para baixo, mas sem sucesso.

— Yan sabe que está aqui, assim? — diz e indica com a mão minha roupa curta.

— Assim como? — questiono tentando disfarçar saber exatamente do que está falando, não que Yan se importe com que roupa eu uso, mas é constrangedor demais meu sogro me ver assim e se incomodar com minha roupa.

— Semi nua — conclui.

Eu deveria estar constrangida, mas não estou. Como minha mente pode estar de uma maneira e meu corpo respondendo de outra? Será a bebida?

— Lógico que não, há detalhes que ele não precisa saber Senhor — brinco e outra risada nervosa escapa pelos meus lábios e cambaleio sozinha nos pés, paro abruptamente quando sua mão me segura de novo rapidamente, pisco algumas vezes tentando me localizar, tudo está girando de novo.

— Quanto você bebeu Vitoria? — pergunta ao meu lado trazendo meu corpo consigo, sinto seu peito batendo em minha lateral e sua mão segurar em meu braço com mais força quando cambaleio de novo sobre os saltos soltando outra risada. 

— Eu posso ter bebido um pouquinho... — falo indicando com a mão, o pouco, ele revira os olhos e respira funda parecendo estar irritado, estranhamente isso me dá calafrios, mas não é ruim, é bom.

Depois de alguns segundos me encarando Senhor Carson finalmente me solta, mas dessa vez eu consigo me manter no lugar sem cambalear por aí, ele passa a mão pelo peito ajeitando sua camisa escura e engole em seco, como se precisasses se concentrar em algo, seus olhos correm pelo lugar e depois voltam para mim.

— Só tome cuidado por aí Vitoria, vai acabar cruzando com quem não deveria.

— Eu acho que posso me cuidar sozinha — respondo ríspida, surpreendendo a mim mesma pela maneira que respondo a ele, seus olhos se apertam em mim de novo e vejo seus dedos se abrindo e fechando nas mãos — Mas e o Senhor, o que faz aqui? Martha está aqui também? — pergunto olhando em volta tentando procurar por ela.

— Martha está na casa dela — responde e pigarra desconfortável colocando as mãos no bolso da calça, o corpo totalmente ereto em minha frente me dá arrepios e solto um suspiro engolindo em seco. 

Calvin Carson me intimida, sempre foi assim, ele é terrivelmente lindo, mas a sua maneira de ser superior, a carranca, me dá arrepios desde pequena.

— Casa de vocês quer dizer — falo baixinho tentando não parecer mais tão respondona quanto estou sendo. 

— Yan não te contou? — pergunta surpreso e surpreendentemente solta uma risada baixa balançando a cabeça — claro que não contou, há tantas coisas que ele esconde de você — fala baixo, acredito que era apenas um pensamento alto, mas me deixa intrigada, seus olhos voltam a me fitar antes de responder — estamos nos divorciando.

Isso é interessante, divorciando, desde quando? Yan não disse nada sobre isso a mim, nem uma palavra, pelo ao contrário, até então achei que estivesse tudo bem. 

— Eu não sabia — respondo sem jeito e ele ri de novo parecendo estar irritado — me desculpe, se fui intrometida.

— Vou deixar você colocar a culpa na bebida, quando se lembrar disso — responde e dá um sorriso, mas dessa vez é sincero, o que me faz sorrir de volta involuntariamente e cruzo os braços me abraçando tentando controlar a vontade de continuar sorrindo como uma idiota — Agora, se cuida, e não saia trombando em mais ninguém, poderá não ser eu da próxima vez — brinca de novo dando uma piscadela e eu rio nervosa enquanto ele sai da minha frente e caminha entre as pessoas até uma mesa onde há várias mulheres e homens, a qual um deles dá um tapinha em sua costas rindo e entregando um copo de bebida, mas antes que ele tome o liquido vermelho ali olha para mim de novo, engulo em seco e então volta a sua atenção a mesa.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora