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• V I TO R I A C L A R K E •

O táxi para na Ganton St, Carnaby a poucos passos do meu lugar preferido aqui em Londres, boate Cirque Le Soir, um dos melhores lugares para se estar em um sábado a noite, com temática de circo, ela é colorida, músicas maravilhosas, com agitação do começo ao fim, e o melhor, muitas pessoas bonitas e ricas, melhor que isso, impossível.

Passo pela portaria com facilidade, ter dinheiro não só aqui em Londres, mas em qualquer outro lugar facilita a sua vida em diversos aspectos, e sinceramente é muito idiota quem diz que dinheiro não traz felicidade, porque traz, sim, e muita.

— Senhorita Clarke.

Uma voz me chama de longe assim que entro no lugar, rodo os olhos pelo lugar com a iluminação vermelha, os bancos acolchoados nos cantos também no mesmo tom, com mesas centrais, não está tão cheio quanto eu imaginaria, mas não consigo ver de onde a voz me chama, novamente meu nome soa e viro o rosto para o outro lado, atrás de um malabarista, uma mão se mexe freneticamente e eu sorrio, sabendo agora de onde vem.

A música eletrônica é alta, invadindo minha cabeça, a iluminação pesada e o excesso de cores pela decoração do local, dói meus olhos, mas eu simplesmente amo esse lugar.

Atravesso o amontoado de pessoas até finalmente chegar em uma das mesas na lateral do lugar, onde um par de olhos está me fitando da cabeça aos pés, sorrio dando uma voltinha no lugar exibindo minha roupa para Oliver que está de boca aberta olhando para mim.

Oliver Brown é o meu novo "amigo", ou melhor dizendo, meu novo affair, há alguns dias nos encontramos durante uma reunião de trabalho, ele é diretor de uma das empresas que estão em parceria com a minha, Oliver é lindo, tipico londrino, seus cabelos claros, assim como sua pele e olhos, de um sorriso encantador, foi difícil dizer não para ele quando me convidou para vir aqui hoje.

— Senhor Brown — o comprimento com um beijo no rosto quando ele se levanta após ficar me encarando por alguns segundos, suas mãos tocam em minha cintura e aperta ali com delicadeza — espero não ter feito você esperar muito, eu acabei me atrasando um pouco — na dúvida se usava calcinha ou não, pensando na facilidade, mas isso ele não sabe.

— Valeu a pena te esperar — sorri simpático indicando o assento acolchoado ao seu lado, eu sorrio e me sento ali, segurando o vestido curto com as mãos para não mostrar mais do que deveria, não agora — você está linda Vitoria, eu achei que não fosse possível, mas me surpreende mais a cada vez que te vejo.

— Obrigada, você também está lindo — agradeço simpática enquanto ele se senta ao meu lado e vira seu corpo ligeiramente para mim.

— Gostaria de beber o quê?

— Algo doce e muito alcoólico — respondo sorrindo, ele dá uma risadinha baixa, os olhos brilhando em minha direção.

— Eu vou ir buscar alguma coisa para nós dois — diz enquanto se levanta, eu apenas concordo com a cabeça enquanto ele dá as costas e some entre as pessoas sentido ao bar.

Respiro fundo e me mexe desconfortável em cima do assento, alguma coisa está me incomodando, é como se eu sentisse algo pesado em mim, como se alguém estivesse me observando, é estranho, nunca senti algo do tipo.

Percorro o olhar pela boate, procurando por Oliver entre as pessoas, mas sem sucesso, há muita gente aqui, o local encheu rápido demais, e eu há poucos segundos estava achando ruim pouca gente, mas agora, é muita, realmente.

Alguns gritinhos escandalosos mesmo por cima da música alta me faz virar o rosto para o amontoado de garotas sentadas a algumas mesas da onde estou, elas riem e conversam entre si, tipicas amigas, me dá enjoo, mal sabem elas que uma delas pode estar dormindo com o grande amor da sua vida, ou talvez algo até pior.

Uma delas comemora algo que vê no celular enquanto as outras rirem e novamente comemoram com gritinhos e gargalhadas, me dá enjoo, sério, como podem ser tão idiotas?

Reviro os olhos bufando e observo o restante do lugar, o malabarista vestido de palhaço sobre uma mesa elevada, faz gracinhas para várias pessoas que se divertem com ele, eu sorrio quando ele finge que as bolas caem, como se tivesse errado, mas sei muito bem que é parte da sua arte, já o vi fazer isso inúmeras vezes.

Novamente a sensação de estar sendo observada me faz virar a cabeça repentinamente para o outro lado, e então o vejo, sentado do outro lado do salão, em uma das mesas privativas, dois degraus a baixo do piso principal, seus olhos claros estão em mim, me fazendo ferver, posso sentir as bochechas queimarem e agradeço pela pele escura, impedindo de que percebam o quanto fiquei sem graça.

Senhor Carson, o mesmo que estava no meu apartamento hoje de madrugada, bebendo comigo e flertando, agora está ali, sentado me observando, faz meu corpo se estremecer, ele usa uma camisa preta e uma calça jeans no mesmo tom, ele me vê, assim como eu o vejo.

Me deixando ainda mais desconcertada ele levanta o copo em minha direção, como se tivesse me cumprimentando, o líquido escuro balança no pequeno copo e ele deita a cabeça para o lado dando um sorriso provocativo, me faz rir, aceno discretamente com uma das mãos e dou o meu melhor sorriso para ele, que mesmo de longe posso ver engolir em seco e apertar os lábios antes de levar o copo até a boca ingerindo por completo todo o líquido.

— Voltei — Oliver aparece entre nós dois me trazendo de volta do transe, ele deixa duas taças em cima da mesa — você gosta de rum? — pergunta sorridente se sentando ao meu lado.

— Daiquiri? — pergunto sorrindo reconhecendo a bebida em minha frente.

— Isso mesmo — responde ainda sorrindo, ele apoia um dos braços no encosto atrás de mim e eu me ajeito ali ficando próxima ao seu corpo, curvo um pouco para frente e dessa maneira posso ver tanto Senhor Carson, quanto dar atenção ao Oliver.

Essa noite vai ser bem mais divertida do que imaginei.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora