DOCE TRAIÇÃO

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Seu rosto está banhado de sangue, há mais que um corte acima da sobrancelha, o sangue escorre pela lateral dos seus olhos se misturando com o que escorre dos seus lábios também machucados, meu peito se aperta e choro começa a sair mais rápido e alto, um soluço escapa pelo meus lábios e finalmente minhas pernas respondem a mim enquanto me aproximo dele devagar.

— Meu Deus Calvin — falo baixinho em meio ao choro quando chego perto o suficiente, seus olhos percorrem por mim enquanto levo as mãos para o seu rosto, mas não encosto nele, não consigo, parece que ele está machucado em todos os lugares.

— O que ele fez com você? — pergunta exasperado, as mãos vem até mim rapidamente, tocando em meu rosto, seus olhos correndo por mim rápido demais como se tivesse verificando que estou inteira até parar em minhas mãos machucadas devido a queda.

— Estou bem, eu acho que estou — falo rapidamente apenas para que ele se acalme e puxo minhas mãos das suas, seus olhos param em mim alguns segundos depois as mãos em meu rosto me forçando a olhar para ele, seus olhos perdidos e vazios faz meu peito se apertar enquanto as lagrimas continuam a escorrer rapidamente.

— Onde estava com a cabeça Vitoria? — ele resmunga e fecha os olhos me soltando rápido demais que preciso me concentrar em não me perder nos próprios pés — vem, vou te levar embora — fala, a voz grossa agora voltando ao normal, diz, mas sem olhar para mim e indo mais para dentro do estacionamento.

— Calvin — chamo ele quando sinto o ardor em minhas pernas quando tento o seguir, puxo meu vestido para cima e me deparo com meus joelhos ralados sangrando, subo o olhar a ponto de vê-lo a alguns passos em minha frente.

Seus olhos estão presos em mim, não nos meus olhos, mas em meus joelhos ralados, ele não parece feliz, engole em seco com o maxilar travado e o rosto ensanguentado, seus olhos o sobem para os meus e sem dizer uma palavra volta a se concentrar em seus passos indo em direção oposta a minha e eu o sigo segurando o vestido com raiva. 

Os passos duros em sua direção enquanto começa a se aproximar do seu próprio carro, o som do alarme do mesmo soa em meio ao silêncio gritante entre nós dois, Calvin abre a porta do passageiro com raiva e espera que eu entre, mas não faço, apenas paro na sua frente sentindo meu peito se apertar com o tanto de sangue em seu rosto.

— Você não vai falar comigo? — questiono com calma encarnado ele, seus olhos vem para mim e por alguns segundos perco a respiração.

— Se não notou eu levei alguns socos, falar é a última coisa que quero nesse momento — responde com grosseria encarnado a mim que tremo no lugar, seus lábios apertados quase sumindo de baixo dos fios cinzas da sua barba manchada com o sangue. 

— Eu não tenho culpa pelo o que aconteceu Calvin! — lamento dando um passo em sua direção, mas ele não se move, apenas continua me fitando, por alguns segundos, sem dizer uma palavra — ótimo, se não vai falar comigo não preciso ir embora com você — respondo e começo a me afastar.

— Eu não disse que tem Vitoria — diz rapidamente me fazendo para no lugar, Calvin lamenta alguma coisa baixinho e leve os dedos aos lábios cortados antes de voltar a falar — estou dizendo apenas para entrar no carro para que eu possa te levar em embora de toda essa merda — rosna as últimas palavras como se estivesse segurando para não gritar comigo, o que é um absurdo, ele realmente está bravo comigo? Eu não fiz nada!

— Você vai descontar em mim? Sério? Eu não fiz nada! — grito em sua direção perdida com a situação e parece ter sido o pavio para sua explosão, a porta é fecha com força quando a empurra e se vira para mim aproximando devagar.

— Vitoria eu não estou irritado com você, estou irritado com toda a situação — começa colocando as mãos no bolso e parando em minha frente, continua — eu sinto muito por tudo o que ele te fez passar, de verdade, eu quis por diversas vezes poder mudar isso, para que você não tivesse se machucado da maneira que se machucou, mas aconteceu ok? Já foi! — fala me encarando e começo a me sentir realmente culpada por alguma coisa, só não sei o porque —  você diz que superou, você se entrega para mim e para que? Na primeira oportunidade que tem você o provoca, diversas vezes, eu pude pegar um pedaço da conversas de vocês em Londres e vi a maneira que olhou para ele hoje quando o encontrou — a dor em sua voz é quase palpável e faz meu coração se apertar, é isso, ele tem razão, eu não devia ter feito tudo o que fiz, um suspiro escapa mesmo quando sua voz está ficando cada vez mais dura e alta — tudo aquilo não foi somente pela Marta e você sabe disso! — rosna em minha direção me fazendo encolher — E agora? Você sai desfilando pela porra do salão segurando na mão dele, sem olhar para trás, levando ele para fora, deixando todos abismados pela sua atitude, principalmente a mim!

Posso ver as lagrimas brotando em seus olhos machucados enquanto fala balançando as mãos exasperado, me encolho novamente sentindo o peito se afundar.

— Calvin...

— Não, eu não quero ouvir a sua explicação! — me interrompe e leva as mãos aos cabelos bagunçados, ele parece exasperado e perturbado, mas mesmo assim sinto uma vontade enorme de abraçá-lo — Eu bati em meu filho como se eu fosse um louco sem controle Vitoria, eu soquei a cara do Yan, por mais que ele merecesse, ele ainda é meu filho, então, agora, entra na porra do carro e me deixe te levar embora em segurança! 

Engulo em seco encarando seus olhos vermelhos me fitando enquanto aponta para o carro irritado, aperto meus lábios e sem dizer uma palavra me dirijo ao carro entrando no mesmo em seguida em silêncio, assim como ele, nós seguimos assim, sem dizer uma palavra.