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— O quê? — diz ainda se perdendo em suas lágrimas enquanto seus olhos correm para os meus, mudando de um para o outro, a sua feição mudando aos poucos, de assustada para brava e eu posso perceber a merda que acabei de fazer e sem me dar tempo de responder ela bufa e continua — você está brincando com a minha cara né Martin? — rosna em minha direção dando um passo para frente e eu não me movo. 

— Eu gostaria muito de não estar Vitoria — respondo com cautela e a encaro nos olhos, seus lindos e escuros olhar que parecem querer me matar vivo, minha respiração assim como a dela pesada, corro o olhar pelo seu corpo antes de respirar fundo tentando me controlar e continuo — olha a maneira que você está agindo, tudo porque o viu com a Lucia? — questiono, mas ainda não esqueci que ela mal respondeu a minha primeira pergunta. 

Ela ri, alto, ecoando pelo corredor me deixando desconfortável, viro o rosto em direção ao salão a alguns passos de nós verificando se ninguém tenha escutado até que continua trazendo minha atenção novamente para ela. 

— Ah pelo amor de Deus!! — repreende indignada jogando as mãos para cima assim que a risada sessa, ela me encara e posso sentir a queimação dentro do meu corpo com seu olhar me fervendo, seu rosto implacável e a irritação aparente em cada piscadela de seus olhos — eu fiquei mais incomodada com a vibora da sua ex esposa do que com a Lucia! — rosna e eu a encaro, atordoado.  

— O quê? — as palavras saem como um sussurro enquanto eu tento entender o que ela quis dizer, em minha cabeça se passando várias imagens dela enquanto estávamos lá fora, parada, com o ódio nos olhos, provocativa e autoritária para cima de todos, principalmente de Marta...  

A ficha cai e eu me sinto o maior idiota, de alguma maneira essa situação alivia meu peito e um sorriso fraco sai sem que eu consiga controlar, aperto as têmporas doloridas baixando o rosto e apoio a mão livre no quadril segurando a risada pela situação, Vitoria estava com ciúmes? Esse tempo todo?

Por Deus, como não consegui notar isso?

— Você é um idiota! — briga irritada e eu abro os olhos para vê-la enquanto desvia os olhos de mim e começa a se afastar pisando duro segurando seu vestido indo em direção à porta do banheiro mas antes que possa se afastar por completo seguro em seu pulso com delicadeza forçando a sua parada, e assim faz sem reclamar.

— Espere — peço enquanto ela se vira em minha direção, é possível ver seus olhos marejados e talvez eu estivesse enganado, ela não está brava, mas sim magoada, sorrio com ternura e puxo seu corpo devagar para mim, encostando ela na parede com delicadeza e me aproximo, ficando a poucos centímetros, levo a mão livre para o seu rosto e acaricio o mesmo com o polegar — ciumes? — questiono sorrindo. 

— Cala a boca — responde irritada virando o rosto me forçando a tirar a mão dali e eu sorrio novamente quebrando a distância entre nós dois.

Meu corpo se encosta ao seu, quase posso sentir o valor da sua pele mesmo com o amontoado de roupas, um suspiro, é apenas isso que escapa dela e é a minha deixa, baixo o rosto para perto do seu mesmo quando ela o mesmo impedindo de beijá-la, aperto os dedos em seu pulso e roço os lábios próximos a sua orelha.

Aproveito para fechar os olhos e sentir o doce aroma do seu perfume, inalando profundamente enquanto passo os lábios pela sua pele descendo pelo pescoço, posso sentir seu corpo rígido grudado ao meu enquanto sua mão livre sobe até o meu braço e aperta os dedos ali quando planto um beijo no pé da sua orelha. 

— Sentiu ciúmes de mim Senhorita Clarke? — sussurro roçando a boca em sua orelha novamente, ela estremece e quando a olho de canto posso ver seus olhos fechados e os lábios entreabertos com a respiração um pouco pesada, sorrio satisfeito por atingi-la dessa maneira, Vitoria não me responde me deixando ainda mais estingado a provocá-la, mordisco a ponta da sua orelha e sussurro novamente — me diga, o quando vê-la ao meu lado te deixou irritada? 

— De 0 a 10? — disse um pouco perdida nas palavras e sua voz saindo entrecortada como um suspiro pesado, não posso conter o meu sorrio enquanto levanto a cabeça apenas para poder vê-la melhor, Vitoria abre os olhos e encontrando finalmente os meus — 10 —assume e posso ver o brilho em seus olhos que me cativa e faz rir mas isso não parece parar ela que puxa a mão dos meus dedos e espalma as duas em meu peito — eu odiei ver ela perto de você, odiei o fato de outra pessoa poder fazer isso na frente de todos e não eu — fala aos suspiros, seu hálito quente batendo em mim enquanto o meu sorriso some aos poucos me perdendo em suas palavras. 

Eu não consigo controlar mais a vontade de tê-la, apenas aproximo o rosto devagar enquanto espalmo a mão livre na parede ao lado da sua cabeça e encosto meus lábios aos seus com delicadeza e desejo. 

Sua boca me recebe assim como todas às vezes e isso é realmente reconfortante, somente quando estamos aqui, nos beijando, perdidos em nós mesmo consigo perceber o quanto realmente sentia a sua falta, é como se todo o meu corpo finalmente relaxasse e o ar entrando em meus pulmões.

Vitoria passa os braços devagar em volta do meu pescoço enquanto uma de suas mãos como de costume se enfia em meu cabelo da nuca, mas dessa vez ela não puxa, apenas acaricia e é uma delícia, puxo seu lábio inferior entre os meus lentamente e volto a beijá-la logo em seguida com o ritmo maior enquanto a outra mão vai diretamente para a sua cintura, pressiono meus dedos e meu corpo que está sedento por ela.

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora