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• C A L V I N  C A R S O N •

Volto para minha mesa depois da doce provocação de Vitoria na porta do banheiro, meus olhos simplesmente não conseguem sair dela, que ri e beija o homem loiro ao seu lado, isso não deveria me incomodar tanto, mas incomoda, é estranho, que mesmo depois de um ano que ela e meu filho tenham se separado vê-la com outra pessoa seja assim, tão estranho. 

Levo o copo de uísque aos lábios e sorrio para a mulher que está ao meu lado, desde que cheguei, me enchendo de elogios e perguntas, mas eu sinceramente não consigo me concentrar em nada do que ela fala, estou totalmente preso naquela garota irritante. 

O homem se ajeita ao lado dela e passa a mão pelo seu rosto, tocando a sua pele acariciando com a ponta do dedo, respiro fundo e desvio os olhos quando o olhar dela encontra os meus, finalmente volto minha atenção para a mulher ao meu lado, que está falando alguma coisa e ri, eu deveria rir de volta? Assim faço, sorrio, mas sem saber do que. 

— O que tanto você olha para lá hein? — ela pergunta e vira o rosto tentando sem sucesso eu acho perceber para onde está minha atenção.

— Apenas prestando atenção em tudo — sorrio tentando parecer simpático e estico a mão para ela tocando em seu rosto, repetindo o mesmo gesto que o loiro fez em Vitoria. 

— Menos em mim, suponho — respondo ríspida e tiro a mão dali de imediato revirando os olhos — estou aqui te fazendo companhia e você mal presta atenção em algo que falo.

Eu a encaro, seus olhos piscando para mim, respiro fundo e tento pensar em palavras que não a machuquem ou ache que é uma pessoa sem graça, porque ela não é, é linda, de um corpo perfeito, mas eu sinceramente não estou com vontade de dar para ela nesse momento o que realmente quer.

— Me desculpe, você é uma mulher agradável e linda, mas hoje é um péssimo dia para mim — falo com sinceridade, pelo menos tentando parecer sincero. 

— Tudo bem — me surpreende na resposta e estica a mão em minha direção pegando o celular sobre a mesa — posso? — pergunta indicando ao aparelho, sei muito bem o que ela quer, sorrio em resposta apenas acenando um sim com a cabeça, então ela abre o visor de ligação e digita seu número salvando em minha agenda em seguida — quando estiver melhor, e quiser se distrair, me mande uma mensagem, quem sabe eu possa te ajudar — fala sorrindo.

— Me lembrarei disso — falo retribuindo ao seu sorrio enquanto ela se levanta deixando o aparelho sobre a mesa de novo e sai rebolando pelo salão. 

Continuando olhando para ela até seu corpo lindo sumir entre as pessoas, só então volto atenção para a mesa a alguns metros de mim, bebo o último gole do uísque que desce queimando pela minha garganta antes de levantar disposto a acabar com o pequeno show de pegação que os dois estão dando ali naquela mesa.

Deixo o copo vazio sobre a mesa, enfio meu celular no bolso e atravesso as pessoas, esbarrando em algumas e sorrindo para outras que esbarram em mim de propósito, assim que me aproximo dos dois pombinhos que estão se pegando sem pudor nenhum.

— Boa noite Senhorita Clarke — falo sorrindo e um pouco mais alto do que o necessário interrompendo o casal que está dando um tremendo show de beijos na frente de todos, os olhos de Vitoria vem em mim, rapidamente, assim que se solta do idiota na sua frente, ela parece não ter gostado nada da minha interrupção. 

— Senhor Carson, que surpresa o Senhor aqui, na nossa mesa — diz com um sorriso amarelo no rosto enquanto eu me sento na frente dos dois, o jovem rapaz se mexe desconfortável ao lado dela passando a mão pela boca enxugando a baba e desvia o olhar de mim. 

— Magina, não poderia passar por aqui sem dar um olá para vocês — respondo a ela sorrindo satisfeito, ela me queima com os olhos, mas apenas ignoro e viro o rosto para o jovem — e você, quem é? — pergunto ao garoto que finalmente me encara, os cabelos loiros e os olhos claros em minha direção, ele dá um sorriso também amarelo estendendo a mão por sobre a mesa.

Encaro a sua mão estendida, mas não faço o mesmo.

— Oliver Brown — diz com desdém, depois de alguns segundos finalmente estico a mão em sua direção e a aperto, com mais força do que o necessário, assumo, posso ver pelo seu rosto a careta que se forma.

— Calvin Carson — falo com convicção, mas ao contrário dele, não sorrio, posso escutar o bufar de Vitoria ao lado dele e desvio os olhos para ela que me repreende com o olhar, mas eu apenas sorrio para ela soltando a mão do seu amigo e voltando a atenção para ele — sabia que conheço Vitoria desde pequena? O pai dela é um dos meus melhores amigos, nos conhecemos há anos — comento, deixando as costas descansar no encosto atrás de mim, o olhar de Vitoria queima em mim, mas eu sinceramente, não ligo, ela me provoca, me cutuca, e terá que aguentar, se essa for a maneira de mantê-la nos eixos e segura, assim será. 

— Interessante, se vocês me derem licença, vou ir pegar mais bebida — ele diz sem graça e se levanta sem olhar para Vitoria que me fuzila assim que ele se vai. 

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora