Eu não sei por quanto tempo ficamos assim, parados no canto da minha sala, minha cabeça encostada em seu peito atrás de mim, suas mãos descendo e subindo carinhosamente em meus braços, por alguns segundos fechei os olhos e me deixei levar pelo conforto, pelo carinho, depois de um ano, ainda é difícil me abrir assim para alguém, deixar alguém entrar dessa maneira, mesmo que seja para me ajudar.
O peito de Calvin sobe e desce devagar atrás de mim, seguindo minha respiração que agora está mais tranquila,
— Como está se sentindo? — pergunta baixinho por cima da minha cabeça, mas não viro o rosto para ele, meu olhar se prende nas pessoas lá em baixo, andando com tranquilidade e algumas correndo para lá e para cá.
Mas como eu estou me sentindo?
Deveria ser uma pergunta fácil de responder, mas hoje, agora, não sei. Eu me sinto bem, por estar aqui em Londres, por estar vivendo livremente, mas há uma parte minha que ainda sofre, pela dor de ter o coração partido, por ser enganada por tanto tempo, pode parecer besteira, por mais que tenha se passado praticamente um ano, eu tinha uma vida com Yan, ele era meu melhor amigo, e depois disso, é como se tudo o que vivi com ele nos últimos anos foi apenas brincadeira e coisas da minha cabeça, uma grande mentira.
Então como eu me sinto, agora, nesse momento?
— Não sei — respondo com sinceridade puxando a respiração e levantando a cabeça do seu peitoral — acho que péssima — suponho.
— Meu carinho está tão ruim assim? — pergunta atrás de mim.
— Não — respondo sorrindo e me virando em seus braços, Calvin não parece querer me soltar e sinceramente talvez eu também não queira que ele faça isso, estou a poucos centímetros do seu rosto alto acima de mim, seus olhos me fitando enquanto suas mãos descem pelo meu braço devagar — não está ruim, eu só estou tão chateada ainda com a situação que mal sei como agir, me desculpe.
— Já tem um ano... — começa e me solta, suas mãos deixando é um grande vazio que mal consigo compreender.
— É eu sei, mas foi ruim para mim, muito ruim — esclareço cruzando meus braços praticamente me abraçando enquanto ele se vira, passa a mão pela barba e respira fundo antes de olhar para mim novamente agora a alguns passos de distância.
— Me deixe ficar aqui, esqueça que sou pai dele, me deixa te ajudar — pede, me surpreendendo.
— Por que quer fazer isso? — questiono curiosa, porque eu sinceramente não sei qual seu objetivo nisso, ele não tem motivos nenhum parar querer isso.
— Sinceramente? Não sei — fala com sinceridade dando os ombros, seus braços longos caídos ao seu lado, parece tão perdido quanto a mim, seus olhos percorrem meu corpo todo e me sinto um pouco desconfortável no lugar — eu só sinto que preciso estar aqui.
— Como assim?
— É só que eu sinto Vitoria, que tenho que estar aqui — fala, as palavras saindo depressa, mas não parece estar dizendo isso a mim, parece ser mais para si, Calvin desvia os olhos por alguns segundos e pressiona as têmporas com a ponta dos dedos antes de continuar — não quero que seja outra pessoa tomando conta de você — suas palavras me atingem, puxo o ar com dificuldade enchendo meus pulmões enquanto o observo se perder em si — é estranho, eu sei, mas você me conhece, eu te conheço, o que poderia acontecer de ruim?
Paro por alguns minutos, encarando ele, os braços cruzados, algumas coisas se passam pela minha cabeça, principalmente pelo fato de que, eu esteja desejando estar com ele, não como amigo, ou como alguém para me levantar, mas realmente desejando ele, sentir o gosto dos seus beijos, saber muito mais qual a sensação do seu toque... mas ao invés de ser sincera, apenas digo.
— Nada que já não tenha acontecido, acredito eu — minto tentando esconder os pensamentos impuros.
— Nós dois estamos quebrados Vitoria — fala mais calmo e baixinho dando alguns passos em minha direção, seus olhos claros penetrando em mim, me faz arfar.
— É, eu sei.
— Vem, vamos sair, dar uma volta — fala devagar e estende a mão para mim, respiro fundo e olho seus dedos esticados em minha direção por alguns segundos antes de olhar para ele novamente, que tem as sobrancelhas erguidas esperando pela minha resposta.
— Você já se despiu na minha sala, me fez tirar os sapatos, e agora quer me levar para sair? — pergunto brincando e dou um sorriso, não demora muito para o sorriso dele aparecer de baixo do bigode.
— Não é um encontro, relaxa — brinca comigo e balança os dedos e então seguro em sua mão, fio de energia percorre por ali me faz arrepiar.
— Ah não, e, por quê? — resmungo fazendo bico, como uma criança mimada, o que faz Calvin rir baixinho, ele me puxa para si pela mão, meu corpo vai como se fosse feito para isso, seu corpo grande e alto a alguns milímetros do meu, seus olhos me encarando de perto, de repente o clima aqui dentro ficou estranho, até o ar parece estar pesado.
— Quando for um, primeiro te levo para sair — diz, enquanto estou completamente perdida em seus olhos, seu hálito quente batendo em meu rosto me faz engolir em seco — depois tiro a sua roupa.
— Oh! — é a única coisa plausível que consigo dizer sem me desfazer aqui em sua frente.
— Agora vamos Senhorita Clarke — fala sorrindo satisfeito, a sua mão livre vem até meu rosto e acaricia o mesmo com a ponta do dedo, seus olhos param nos meus lábios por alguns segundos e depois volta a me encarar — me deixe te levar para comer algo e distrair essa mente.
Como eu poderia dizer não?
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DOCE TRAIÇÃO
RomantizmVitoria Clarke vive uma vida de princesa devido às regalias que seu pai Edmundo Clarke dono de umas das maiores construtoras de Nova Orleans lhe proporciona. A única herdeira vê sua vida abalada quando seu noivo Yan Carson é pego traindo ela com sua...