Vejo o corpo de Vitória sentada no balcão do bar, ela ri e conversa com o barmen enquanto ele aparentemente está fechando o loca. Aproximo alguns passos apenas para poder escutar melhor a conversa, ela se lamenta não estar conseguindo dormir e precisa de uma bebida, essa qual ele se recusa a servir.
Respiro fundo e vou até a recepção para fazer o check-in, estou cansado, exausto para falar a verdade, a viagem é longa, quase nove horas sem voo, isso sem escalas, a agitação de Londres é tremenda, o que me cansa ainda mais, porém, eu aceitei fazer isso, até porque, é por uma boa causa, tanto para Vitoria quanto para a minha empresa.
A recepcionista me atende super bem, mesmo também parecendo estar cansada, também, pelo horário, quem não estaria, sorrio para ela em educação assim que me entrega as chaves da minha cobertura, cuja qual Edmundo fez questão de ser ao lado dela.
Escuto o ruído pelo corredor e desvio os olhos da recepção a ponto de vê-la, andando pisando duro, o roupão emaranhado em volta do seu corpo, o tecido claro em destaque a sua pele escura, me faz engolir em seco, ela para na frente do elevador impaciente, o que me faz sorrir, assim que ela entra no mesmo espero apenas as portas se fecharem e sigo para o bar.
— Ola Senhor, desculpe, já estamos fechados — o barmen diz assim que me aproximo rapidamente, mas nada que o dinheiro não possa resolver...
...
— O que o Senhor faz aqui exatamente? Meu pai te mandou para me vigiar? — ela pergunta cruzando os braços e uma cara de poucos amigos para mim, o que me faz sorrir.
A vontade de dizer a ela que sim me vem de imediato, mas acho que não seria uma boa maneira de começar o assunto.
— Seria muito idiota se ele mandasse o pai da pessoa que te fez fugir para te vigiar — respondo dando alguns passos em sua direção e baixando a garrafa, mas Vitoria não se move, nem um milímetro, continua me encarando, seus olhos presos nos meus, ela não parece feliz.
— Então... — me força a continuar indicando com a mão.
Eu respiro fundo e me ajeito sobre os pés, encarando seu pequeno rosto, seus olhos escuros, ela suspira e aperta os lábios sem tirar os olhos de mim, é diferente, me deixa estranho.
— Não sabia que tinha que te dar explicações da minha vida Vitoria — respondo com grosseria a fim de dar fim nisso, a real vontade que tenho agora é de deixar essa maldita garrafa aqui e ir para o meu quarto.
— Está bem tarde para vir bater na minha porta Senhor Carson — me repreende revirando os olhos e me dando as costas adentrando em seu apartamento, e essa é minha deixa, sorri para suas costas e a sigo, em passos curto.
— Para descer até o bar procurando por bebida também — falo seguindo ela, que me olha por cima do ombro, até finalmente estarmos em sua sala, o local é amplo, há um conjunto de sofás claros no meio da sala, um tapete colorido no centro, algumas flores e folhagens espalhadas, uma poltrona mais escura em um canto e um amontoado de almofadas, muitas para o meu gosto — você decorou bem esse lugar — minto.
— Mentiroso — respondo mal-educada da cozinha, escuro barulhos de vidro se batendo e segundos depois ela aparece, com dois copos pequenos na mão, colocando sobre a mesinha de centro da sala, tão feia quanto o restante dos móveis — a última coisa que eu iria querer é beber com alguém me lembre ao Yan, mas não tenho outra opção pelo jeito.
— Acredite, eu também — falo encarando ela que está perto, perto demais, quase posso sentir o cheiro do seu perfume doce, engulo em seco novamente desviando os olhos do dela que me sugam, me abaixo abrindo a garrafa e servindo nós dois, enquanto falo — faz algum tempo que não vejo meu filho muito menos a mãe dele — comento, relembrando a mim mesmo da decepção que os dois me causaram, principalmente Yan que ficou ao lado da sua mãe, mesmo após saber que ela me traiu.
— Eu vi as notícias — ela diz um pouco baixo e escuto o tecido do sofá, olho para trás e a vejo se esticando sobre ele, se envolvendo no amontoado de almofadas, pego um dos copos quase cheio e entrego a ela que sorri e pega o mesmo.
— Poise, a mídia amou me dar chifres nas capas das revistas — respondo com desdém enquanto pego o outro copo e me sento na poltrona ridícula, a única que está salva das almofadas coloridas.
— Antes fosse somente com você — fala estalando a língua e em seguida toma um grande gole da bebida em seu copo, me deixando completamente em choque, ela não faz cara feia, ou se arrepia, ela bebe como se fosse água me deixando de boca aberta.
Será que Edmundo realmente não exagerou quando disse que ela estava destruída?
— Você está diferente Vitoria — comento cruzando as pernas e apoiando uma das mãos no braço da poltrona, percorro meus olhos pelo seu corpo, o tecido do roupão que subiu quando se sentou no sofá, mostrando mais do que deveria, deixo meus olhos ali por alguns segundo até voltar a encarar ela que presta atenção em cada uma das minhas atitudes com o olhar — parece mais crescida.
— Só se passou um ano Senhor Carson — diz calmamente, novamente ela leva o copo aos lábios e toma outro gole, porém é mais devagar, a bebida descendo pela sua garganta, uma gota escapa pelos lábios e escorre pelo canto, estou completamente perdido ali, há uma vontade tremenda de secar essa gota com a ponta do dedo, ou até talvez com a minha boca...— mas viver sozinha e longe de todos me fez amadurecer um pouco, eu espero — diz interrompendo meus devaneios, me mexo desconfortável na poltrona.
— Eu entendo — é o máximo que consigo responder devido ao constrangimento de ser pego no flagra, tomo o restante do meu copo de uma vez, sentindo descer quente pela garganta, mas nada me impedirá de tomar mais.
![](https://img.wattpad.com/cover/324540194-288-k627572.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
DOCE TRAIÇÃO
RomanceVitoria Clarke vive uma vida de princesa devido às regalias que seu pai Edmundo Clarke dono de umas das maiores construtoras de Nova Orleans lhe proporciona. A única herdeira vê sua vida abalada quando seu noivo Yan Carson é pego traindo ela com sua...