45

330 20 0
                                    

• C A L V I N  C A R S O N •

Sinto uma movimentação estranha ao meu redor chamando minha atenção, sem abrir os olhos tateio a mão pela cama a fim de encontrá-la, mas nada, Vitoria não está na cama, em seu lugar está apenas o lençol gelado indicando que tenha se levantado há algum tempo.

Abro os olhos devagar, o quarto continua escuro, pisco algumas vezes me acostumando com a escuridão até finalmente conseguir visualizar o mínimo dentro desse lugar, sento na cama procurando por ela até ver seu corpo passando rapidamente através da fresta da porta que dá acesso ao closet. 

Alguma coisa cai no chão fazendo um barulho e ela xinga baixinho, me levanto devagar pegando minha cueca do chão e vestindo a mesma antes de ir até o closet. Abro a porta devagar para um amontoado de malas prontas, algumas roupas no chão e Vitoria completamente arrumada parada de costas para mim, seu corpo ficando intacto quando sente minha presença.

— O que está acontecendo aqui? — questiono, a voz ainda rouca de sono e meus olhos tentando se acostumar com a claridade da luz acesa. 

— Nada — diz voltando a se mexer enfiando algumas roupas que estão na sua mão para dentro de outra mala aberta em sua frente no chão. 

— Você está indo embora? — pergunto apertando a maçaneta da porta em meus dedos, tentando controlar a vontade de ir até ela e fazê-la se virar para mim e soltar toda a merda que deve estar presa dentro dela — Vitoria, estou falando com você — repreendo quando não me diz nada, até que finalmente suspira pesado e se vira em minha direção.

— Estou voltando para casa — fala, simplesmente, como se não fosse nada de mais, estar voltando e ainda por cima escondida. 

Seus olhos grandes e escuros me fitando, o cabelo encaracolado preso desajeito no topo da cabeça e os braços cruzados sobre o peito, deito a cabeça um pouco para o lado observando seu jeito e molhando os lábios que estão secos em perfeito choque pela sua atitude. 

— E quando iria me contar? — solto a maçaneta e apoio meu corpo no batente da porta cruzando meus braços, ela se mexe desconfortável no lugar correndo os olhos por mim e engolindo em seco, posso usar isso ao meu favor. 

— Eu não ia te contar — diz voltando a me olhar nos olhos e mudando o peso do corpo de perna, a calça jeans colada no corpo e a camisa preta simples destacando todas as suas curvas, as mesmas que vi há poucas horas sem nada, apenas pele com pele. 

— Imaginei que não — respondo apertando os lábios e desvio os olhos dela olhando para as malas no chão — você precisa de ajuda? — pergunto depois de alguns segundos e volto a olhar para ela que tem os olhos marejados e os lábios apertados, ela nega com a cabeça e não diz nada, mesmo que eu saiba que tem muita coisa a ser dita — você quer me dizer alguma coisa? — novamente la nega com a cabeça e engole em seco seguindo com uma lagrima que escorre pelo canto do rosto e ela enxuga rapidamente com as costas da mão — não acredito em você.

Respondo e desencosto do batente e dou alguns passos em sua direção, me desviando das malas e descruzando os braços, ela por sua vez dá alguns passos para trás até encostas na poltrona rosa choque no fundo do armário, seus lábios se abrem e um suspiro pesado quando estou perto de mais.

— Calvin... não — diz baixinho desviando os olhos e espalmando as mãos em meu peito nu, isso é bom, pelo menos ela pode sentir o quanto estou nervoso, o quanto meu coração está martelando em meu peito apenas em pensar na possibilidade de ela ir. 

A partir do momento que ela se for tudo vai mudar, a liberdade, a aproximação, tudo vai mudar, eu não vou poder ficar assim, tão próximo dela novamente e sinceramente não sei se estou pronto para isso acontecer.

— Eu não estou pronto para te deixar ir Vitoria — respondo baixinho, meu coração martelando no peito e os dedos dela se curvando em minha pele, aperto meus dedos segurando a vontade de tocar nela, de puxar seu quadril para mim e me afundar nela de novo e de novo. 

— Por quê? — questiona voltando a me olhar, as lagrimas estão escorrendo agora e ela não faz a menor questão de esconder, seus olhos brilhando marejados, engulo em seco e respiro fundo tentando controlar a ansiedade que corre pelo meu corpo todo. 

— Se você for, tudo vai mudar — começo e estico uma das mãos para seu rosto, acariciando o mesmo com o polegar e empurrando as lagrimas para longe, ela pisca pesado e suspira apertando os lábios, eu quero beijá-la, mas não faço — assim que você sair, não vou mais poder te tocar, não vou poder mais estar assim, tão perto de você como eu gostaria — sussurro aproximando mais meu corpo do seu e tocando seu quadril com a mão livre, posso sentir seu corpo se encolher e suas mãos se apertarem mais em minha pele.

— Calvin, por favor — responde baixinho, sua voz saindo em perfeita súplica me faz arder ainda mais em desejo por ela, seu hálito fresco batendo em meus lábios que estão tão perto, meus olhos estão fixos nos seus assim como os dela em mim. 

Tiro a mão do seu rosto e desço as duas para o cós da sua calça, começo a abrir a mesma devagar, sem tirar os olhos dos seus. 

— Fique — peço e ela não parece querer me impedir enquanto a calça cai em seus pés descalços, suas mãos sobem pelo meu peito até meu pescoço onde seus dedos tocam em minha barba, ela encara os fios como se quisesse memorizar cada parte enquanto eu aperto o seu quadril colocando seu corpo ao meu fazendo ela sentir o quanto estou desejando ela novamente.  

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora