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Depois da noite de sábado não vi mais Vitoria, mal sei se ela voltou bem para casa, eu sei que minha função aqui é verificar esse tipo de coisa e tentar manter ela na linha o máximo que eu conseguir, mas também não sou idiota e muito menos babá de uma mulher já adulta o suficiente para saber das suas merdas.

Principalmente pelo fato de eu ter ficado realmente irritado pelo show que ela estava dando de beijos com o idiota do amigo dela.

Mas mesmo assim, estou aqui, igual um idiota parado olhando para a sua secretária, sentado em uma poltrona nada confortável, esperando até que ela possa me atender, confiro as horas no relógio e meu pulso e respiro fundo começando a ficar desconfortável com a situação, já estamos atrasados, dez minutos para ser mais exato, e posso jurar que não tem ninguém na sala dela, apenas por livre prazer me faz esperar.

Subo o olhar para a sua secretária atrás da mesa quando uma risadinha escapa pelos seus lábios digitando alguma coisa sorridente para o computador, alguma parte de mim acredita que estou sendo feito de idiota, uma bela chacota para essas duas, aperto os lábios e permaneço olhando a pobre garota que se não agilizar no meu atendimento vai ser a próxima vítima da minha ira.

O olhar dela finalmente encontra o meu, seus olhos puxados ficam maiores em seu rosto e posso vê-la engolir em seco provavelmente vendo minha carranca se aumentando, a cara fechada sempre funciona para amendontrá-las, quase posso sorrir, mas isso acabaria com minha farsa, a coitada digita novamente algo correndo em seu computador e então se levanta vindo ao meu encontro, os saltos tilintando pelo piso brilhante.

— Senhor Carson — diz e sorri assim que chega mais perto, eu apenas continuo a fitar e me levanto, erguendo meu corpo que fica bem maior que o seu, ela dá alguns passos para trás sem jeito e continua — Senhorita Clarke o espera, pode entrar — fala cordialmente sorrindo. 

— Obrigada — agradeço a ela e finalmente dou um sorriso, mesmo que de leve, é o bastante para tirar um sorriso maior do seu rosto e ver suas bochechas ficando rosadas.

Passo pela garota e abro a porta da sala de Vitoria e para minha surpresa não é tão sombria quanto eu imaginei que poderia ser. 

A sala é ampla, muito clara, as janelas longas em uma das laterais deixam tudo muito bem iluminado, principalmente com os móveis claros deixando tudo ainda mais iluminado e parecendo ser maior, meus olhos correm pela sala longa até encontrá-la, do outro lado, atrás de uma mesa fina de vidro que deixa as suas pernas cruzadas totalmente a mostra. 

A sua pele escura é o destaque dentro dessa sala, é a com toda certeza a melhor coisa que já vi na minha vida, Vitoria é linda, de uma beleza imensurável, mas assim, dessa maneira, é como a mulher perfeita, dona de si mesma, me faz engolir em seco, principalmente quando seus olhos pretos me encaram e um sorriso se abre em seus lábios. 

— Bom dia Calvin — fala calmamente, meu primeiro nome saindo pela sua boca como uma música, me faz sorrir de volta enquanto fecho a porta atrás de mim e caminho devagar em sua direção. 

— Bom dia, Vitoria — respondo ainda sorrindo — você está extremamente elegante essa manhã — falo cordialmente, ela revira os olhos soltando uma risadinha baixa que faz meu corpo tremer.  

Ela pode até achar que eu esteja mentindo, mas não estou, ela realmente está elegante, mesmo sentada, as suas pernas estão amostra, há um par de saltos altos preto de bico fino, vestido azul-claro que pega pouco acima dos seus joelhos cruzados e segue até o pescoço, deixando os braços a mostra, e o seu cabelo dessa vez está preso no topo da cabeça, um coque em meio ao emaranhado de cachos que caem ao redor. 

— Desculpe-me se te fiz esperar muito — fala e indica a cadeira a sua frente — sente-se, por favor — apenas quando ela estica mão posso ver o quanto está nervosa, seus dedos trêmulos, encaro sua mão por alguns segundos antes de voltar a fitá-la quando recolhe a mesma exasperada. 

— Porque está nervosa? — pergunto provocativo dando passos lentos e puxando a cadeira, me sento em seguida apoiando as costas atrás na poltrona e fitando-a.

Vitoria continua me encarando, seus olhos semicerrados, seu peito sobe e desce devagar com a respirada funda, mas em nenhum momento seu olhar se perde do meu, deito a cabeça um pouco para o lado e sorrio para ela que engole em seco e então desvia os olhos, rapidamente pigarrando em seguida. 

— Você me deixa nervosa Senhor Carson — voltamos ao sobrenome, isso é interessante, apoio o queixo na mão e a observo enquanto se levanta, dando a volta a mesa, só então aprecio o seu vestido completamente justo ao corpo, marcando cada curva, desde os seus seios pequenos até sua bunda grande — é estranho estar do outro lado da mesa — assume baixinho enquanto da a volta em mim, não me viro para olhá-la, apenas aguardo que continue, mas ela não faz.

— Ainda sou eu Vitoria, não precisa ficar nervosa — falo sem me virar para ela, posso escutar a sua bufada e a respirada fundo pesada, segundos depois seus saltos tilintando voltando para seu lugar.

— É exatamente por isso que estou nervosa — fala baixinho voltando a se sentar na sua cadeira, finalmente seus olhos voltam a mim, e é como uma corrente de energia que faz meu corpo estremecer. 

— Ok, eu posso te ajudar com isso — falo levantando da poltrona e começo a tirar meu paletó, e em seguida a gravata, escuto a sua risada baixa enquanto faço isso e olho para ela sorrindo — vamos, tire seus sapatos — peço apontando para eles.

— Eu não vou tirar meus sapatos — reclama exasperada com a risada presa na garganta, o sorriso é amplo em seu rosto e agora parece estar se sentindo mais confortável ao meu lado. 

— Vamos Vitoria, tire os sapatos, confie em mim — falo insistindo nisso enquanto começo a tirar os meus, assim que posso sentir o chão gelado de baixo dos pés encaro ela, que parece surpresa comigo, seus olhos grandes no rosto e um sorriso lindo estampado em sua face, deito a cabeça para o lado e insisto com o olhar e assim ela faz. 

— Eu não sei porque eu confio tanto em você — resmunga rindo baixinho enquanto começa a tirar seus saltos, aproveito para apreciar seus pés, os sapatos são colocados para o lado delicadamente e seus pequenos pés muitos bem feitos estão no chão gelado. 

— Agora podemos começar? — ela sorri ainda mais e faz sim com a cabeça sem perder o sorriso, é de encher meu peito.  

DOCE TRAIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora