DOCE TRAIÇÃO

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• V I TO R I A C L A R K E •

Meu corpo continua tremulo devido as pequena aventura com Calvin dentro do banheiro, o seu jeito de me olhar através do espelho continuam presos em minha memória, principalmente as suas palavras enquanto dizia o que ama em mim, eu esperava um "eu te amo" mais cedo ou mais tarde, mas não saiu, por mais que o meu também estivesse preso na garganta, não consegui dizer. 

Agora no salão sentada em uma das mesas corro meus olhos pelo local procurando por mais alguém conhecido, talvez pelos meus pais que sumiram ou para quem ousou tentar no banheiro. 

O arrepio percorre meu corpo em lembrar, alguém pode ter nos ouvido ou pior, alguém pode saber exatamente quem estava ali dentro, será que nos observava antes? Será que nos observou sair dali depois? 

Merda, merda, merda!

A última coisa que eu preciso e quero nesse momento é notícias ao meu respeito em um banheiro fechado com Calvin Carson, por mais que seja verdade e tenha sido ótimo, ainda sim, ninguém precisa ficar sabendo. 

Uma sensação estranha de estar sendo observada me consome, preciso trocar o peso nos pés enquanto rodo o olhar pelo salão novamente, tentando entender o que está me incomodando, por alguns segundos fiquei perdida em pensamentos e acabei me esquecendo de estar em uma conversa, mal consigo prestar atenção em uma palavra que sai da boca do homem em minha frente, seus lábios se mexem e um sorriso aparece mas o som, simplesmente sumiu, até que eu encontro, ele.

Ao longe, Yan está parado encostado na parede lateral do grande salão, próximo ao corredor onde até minutos atrás eu estava com o seu pai... seu terno aberto e a gravata um pouco frouxa, de quem já está cansado e pela maneira que está me olhando já tomou mais do que o necessário do champanhe que estão servindo, isso é ruim, faz meu corpo todo se arrepiar, mas não de uma maneira boa.

Seus olhos estão fixos em mim e eu não consigo imaginar há quanto tempo está ali me encarando, me mexo desconfortável sob os saltos tentando jogar essa sensação ruim para longe, como se ele soubesse que está me atingindo (talvez não da maneira que ele gostaria) sorriso brota em seus lábios que me faz queimar ainda mais, aperto os olhos nele querendo socar a sua cara por ser tão invasivo assim comigo.

— Senhorita Clarke? — Senhor Lotti me chama e eu acho que não é a primeira vez, volto a encará-lo surpresa.

— Sim? — respondo voltando a atenção para ele que sorri sem jeito e deita a cabeça para o lado me observando.

— A Senhorita conseguiu ouvir algo do que eu disse? — questiona curisoso mas o sorriso branco e alinhado continua ali, me recordo de estarmos falando algo sobre minha estadia em Londres, uma vez que ele completou seu estágio por lá, mas eu acredito que a conversa já tenha se estendido um pouco mais, e eu não faço a menor ideia para onde foi. 

— Eu realmente sinto muito Louis são tantas informações desde que voltei, que minha cabeça anda avoada — digo, falando pelo seu primeiro nome tentando mostrar intimidade, a fim de distraí-lo sobre a minha falta de educação, tocando em seu braço com ternura e sorrindo, como esperado, o seu sorriso se afrouxa e o rubor em sua face indica que deu certo — onde estávamos? — questiono tirando a mão do seu braço e voltando a cruzar os braços.

— Está tudo bem Senhorita — sorri simpático e segundos pega duas taças de champanhe me entregando uma delas — falávamos sobre Londres, ainda, mas acredito que o assunto tenha se tornado ruim para a Senhorita, me diga, como está sendo voltar?

Dessa vez eu realmente presto atenção em nossa conversa e ele até parece ser divertido, nos engatamos em um papo gostoso e coincidentemente temos algumas pessoas em comum o que acarretou mais conversa, quando dou por mim já foram mais de duas taças de champanhe e boas risadas.

— Se divertindo? — uma voz que não ouvia há algum tempo naquele tom e perto demais do meu ouvido me faz pular no lugar e viro o rosto rapidamente para encontrar Yan ao meu lado como um protetor, sem necessidade.

Seus olhos não estão em mim, mas sim no homem em minha frente, ele não parece feliz e até onde eu sei o seu maxilar travado o olhar cravado dessa maneira parece estar irritado, o cheiro forte do alcool inala dele e faz meu estomago se revirar.

— Senhor Carson, é um prazer conhecê-lo, sou Louis Lotti — o homem estende a mão na direção de Yan que se move lentamente, esticando a mão a ele e pela cara de Louis o aperto foi mais forte do que deveria ser. 

— Gostaria de poder dizer o mesmo — responde grosseiro me fazendo revirar os olhos e bufar — algum problema Vitoria? — Yan se dirige a mim e eu subo o olhar para ele que dessa vez me encara com as sobrancelhas quase juntas, eu sei que ele odeia que eu bufo e reviro os olhos. 

— Na verdade sim, nós estávamos conversando e você nos atrapalhou — respondo direta.

— Eu notei mesmo, a maneira que estava bem solta com, como é seu nome mesmo? — perguntou grosseiramente para Louis que ainda sorri, sabendo exatamente o que está acontecendo, ele balança a cabeça e ri baixinho olhando para. 

— Me desculpe Senhor Lotti pela grosseria do Senhor Carson — peço com gentileza sorrindo para Louis que apenas concorda com a cabeça — se o Senhor me der licença, eu preciso ter uma conversa com ele — sorrio novamente e pego na mão de Yan — você, vem comigo — rosno em sua direção e ele sorri para mim uma corrente percorre pelo meu braço, mas não me importo, apenas seguro sua mão com força enquanto o puxo dali o mais rápido que consigo, ele precisa parar com isso, hoje!