Capítulo 5

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CAPÍTULO 5

Fiquei esperando o oficial voltar por três horas e vinte minutos. TRÊS HORAS E VINTE MINUTOS! TRÊS. HORAS. E. VINTE. MINUTOS!

Eu tenho certeza de que ele estava esperando eu desistir. Mas isso não fazia parte dos meus planos. Eu não tinha mesmo lugar nenhum para ir... Àquela altura o nervosismo me consumia de uma forma inacreditável, como se tivesse um urso arranhando minha barriga por dentro.

Fiquei parada acompanhando cada movimento que o detetive fazia. Vi ele interrogar meus vizinhos rapidamente enquanto anotava mais coisas em sua pequena caderneta. Vi ele falando rispidamente com um de seus homens algumas vezes. Ele não era nada simpático... Eu estava preparada para ir até lá procurando por uma resposta quando ele finalmente caminhou em minha direção acompanhado do bombeiro que anteriormente ditava as regras na pequena mesa ao meu lado. O homem trazia consigo uma máscara respiratória e um casaco igual ao dos bombeiros.

Enquanto ele caminhava na minha direção eu observei seus passos e consequentemente seus sapatos. Ele usava sapatos sociais de bico reto. Eu já tinha visto sapatos como aquele antes. Na noite anterior. O homem que eu vi parado na rua, que eu achava ser fruto da minha imaginação, usava sapatos como os dele.

Então eu não estava louca, realmente tinha visto o homem? Antes de me dar ao luxo de esquecer esse detalhe, peguei o papel e a caneta que estavam no bolso da minha calça e anotei ao mesmo tempo que agradecia a mim mesma por ter pegado o papel e a caneta quando troquei de roupa, ou agora eles também seriam apenas cinzas...

-Nós temos vinte minutos! - Ele disse me entregando a máscara - É importante que você nos mostre qualquer coisa que não seja sua e esteja no seu apartamento, ok?

Eu apenas concordei com a cabeça e os segui. O primeiro andar estava intacto, ainda mantinha sua cor e a grande faixa cor vinho que eu tanto gostava.

Subimos de escada após um breve discurso do bombeiro dizendo o motivo do elevador não ser seguro naquela situação.

Jackson apenas seguia sem se importar muito com o que o homem dizia. Os cinco andares seguintes estavam com leves rachaduras nas paredes. No sétimo andar as rachaduras já não eram leves. Eram enormes. O prédio estava condenado a aquela altura. Quando chegamos ao oitavo andar, mais precisamente no meu apartamento, não tinha nada de pé além de algumas paredes, que não me pareciam nada confiáveis quanto a sua firmeza.

O meu apartamento estava coberto de cinzas e pequenas fagulhas de fogo ainda. Muita fumaça e tudo o que eu tinha não passava de lixo. Tudo foi literalmente pelos ares. Todo o meu trabalho, minhas roupas, meus documentos, minha vida! Não sobrou nada. Entrei no que restou do meu flat por onde inicialmente era minha sala que fazia uma divisão com a cozinha. Fiquei de pé em frente a toda aquela destruição e tudo que consegui fazer foi colocar a mão na cabeça e pensar no que eu faria em seguida.

Toda minha vida tinha acabado de explodir!

Fui andando em direção à cozinha e parei em frente ao fogão que estava com o forno aberto. O armário que tinha todos os copos, pratos e talheres não existia mais. Tinha pedaços de vidro por toda parte. Plástico derretido e panos queimados. Tentei me concentrar em fazer qualquer coisa que fosse útil para a investigação da polícia. Comecei a analisar coisas que não fossem minhas ou que parecessem muito fora do normal ali. Avisei que não tinha deixado o forno aberto, mas o bombeiro disse o impacto da explosão poderia ter feito ele abrir. Continuei olhando e afastando os pedaços das coisas quebradas e queimadas no chão com meu pé até que vi um isqueiro de aço próximo ao forno. Me abaixei e peguei, jogando-o de volta no chão rapidamente devido ao calor do objeto causado pelas chamas que anteriormente dominavam meu lar. ÓBVIO QUE ESTARIA QUENTE, EU SOU UM ANTA!

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