Insano

Capítulo 11

CAPÍTULO 11

Jackson me pediu para permanecer em silêncio e o seguir com cuidado.

-Não quero que fique aqui em cima sozinha, não sabemos quem está aqui...

Fiz o que ele mandou e fomos em direção às escadas. Ele foi na frente.

Jackson sacou a arma e a manteve alta na frente de seu corpo. Ele abaixou um pouco antes de descer o primeiro degrau e foi descendo aos poucos.

Ele definitivamente sabia o que estava fazendo. Jackson não dava um único passo em falso. Tudo era milimetricamente calculado. Quando Jackson chegou no fim da escada ele fez um sinal para eu descer silenciosamente, e assim eu fiz. Jackson me levou para o cômodo que era o escritório dos meus pais e me pediu para ficar lá, ele ia verificar a casa.

Ele saiu encostando a porta e cada segundo que eu passei lá dentro esperando por ele foi de pura agonia. Estava tudo tão silencioso e eu não fazia ideia do que estava acontecendo.

Quando Jackson finalmente abriu a porta eu percebi que algo a mais tinha acontecido, eu podia sentir a agitação que emanava dele.

-O que houve, Jackson?

-Ele esteve aqui... - disse sem rodeios – E deixou outro presente.

-Como? – Eu estava começando a ficar nervosa – Jackson, como ele passou pelos policiais?

-Estão mortos, Melina. – Quando Jackson disse isso eu pude sentir cada gota de sangue do meu corpo para de circular – Ele os matou.

Sem conseguir acreditar, passei por Jackson sem me preocupar com o perigo que isso poderia representar e sai da casa. Ao chegar na varanda, consegui ver os quatro corpos no chão. Dois estavam na varando, perto da porta. Um estava na parte de baixo da entrada da varanda e o último estava caído perto do carro. Tinham sido baleados, bem no centro da cabeça.

-Como não ouvimos os tiros?

-Silenciador... – Eu conseguia sentir a raiva começando a brotar na voz de Jackson – O canalha veio bem perto e atirou em um por um. E nós não ouvimos nada... Ele começou por Renan e Connor, – ele apontou para os corpos na varanda – pelas marcas dos passos pesados de Julian – ele apontou para o corpo perto do carro – ele provavelmente estava correndo para o carro para tentar chamar reforços, mas...

-Não conseguiu. – Eu completei.

Jackson pegou o celular e não precisei perguntar para ter certeza de que ele estava ligando para a delegacia.

Como esse ser conseguiu ser tão astuto à ponto de matar quatro homens, policiais, treinados, sem emitir um único som? Como ele conseguiu chegar tão perto de nós sem ser notado?

Sem pensar muito, caminhei na direção da caixa.

-Não toca nisso, - Jackson disse num tom áspero do outro lado da varanda – você não sabe o que tem ai dentro.

-Não vai ser uma bomba, Jackson! – Eu tinha uma pequena ideia do que era, continuei caminhando na direção da caixa e ignorei os passos pesados de Jackson vindo na minha direção – Se ele quisesse me matar ele já teria feito.

Abri a caixa antes que ele pudesse me impedir, e como eu havia imaginado, outra peça das coisas que minha mãe tinha usado em seu casamento. Seus sapatos. Eram sandálias na cor prata. Nada muito extravagante ou muito alto. Eram simples sandálias prata com um laço na frente.

Quando pensei em tocá-los Jackson me segurou pelo braço e me afastou da caixa, me levando em direção à parede. Imediatamente eu tentei me afastar, em vão, já que ele era muito mais forte. Jackson me colocou contra a parede e me segurou pelo ombro.

-QUEM VOCÊ PENSA QUE É? TIRA A MÃO DE MIM... – Eu gritei.

-Da próxima vez que eu mandar você fazer ou não fazer algo, - ele sussurrou para mim – você vai seguir as minhas ordens, você entendeu?

-Da próxima vez que você tocar em mim dessa forma você pode dar adeus à sua carreira policial, Jackson. – Ele abriu um sorriso debochado e eu continuei, agora, sussurrando como ele – Acredite, você não vai querer arrumar problema com uma advogada criminal que não tem absolutamente nada a perder!

Nós estávamos tão perto que eu conseguia ouvir e sentir sua respiração no meu rosto. Jackson me encarou por um momento antes de se afastar.

-Você podia estar morta agora, - sua voz começou a se exaltar – você não tinha ideia do que tinha ali...

-Ah, por favor, não é tão difícil assim de imaginar, ele está seguindo um padrão, Jackson. Ele não vai me matar, não agora. É obvio que ele quer algo... Ele vai deixar isso para o final, primeiro ele vai brincar comigo e com meu emocional, depois ele vai me matar. Por qual outro motivo ele pegaria todas as peças que minha mãe usou no seu casamento? – Eu respirei fundo e fui em direção à porta de entrada da casa – Ele vai me enviar esses objetos um por um, e daí, quando acabar, ele vai vir atrás de mim.

-Como você sabe disso?

-Bom, ele é um psicopata, já deixou isso bem claro. Isso é o que psicopatas fazem... – dei mais uma respirada antes de completar - É o que eu faria...

Jackson não me respondeu, apenas virou as costas e foi em direção ao carro.

Eu não fui atrás. Entrei na casa e fui em direção ao antigo quarto dos meus pais. Eu precisava respirar e precisava fazer isso bem longe dele.