CAPÍTULO 3
Acordei já com o crepúsculo do lado de fora do prédio com a TV sincronizada em um canal de notícias qualquer que relatava um acontecimento da noite passada. Inconscientemente fui atraída pela matéria na esperança, ou no medo, de que relatasse algo estranho ou fora do normal como o que aconteceu comigo na noite anterior.
-Na noite passada foram encontradas mortas duas adolescentes no centro da cidade de Londres. - O apresentador falava enquanto algumas imagens passavam no telão atrás dele - Acredita-se que o crime tenha sido cometido entre às 1am e às 3am desta madrugada. No local temos a Srta. Rishey com mais notícias...
- Nesta manhã os corpos foram encontrados perto do rio Tâmisa. – A repórter ditava as informações sobre o caso - As vítimas eram estudantes de direito da Universidade de Londres. Acredita-se que as duas foram atacadas após saírem de uma festa universitária. O agressor ainda não foi identificado. Temos conosco o Agente responsável pelo caso, Sr. Shimetturs.
-Boa noite senhor, - a jornalista dirigia a palavra agora ao agente - o que o senhor pode nos dizer sobre o caso?
-Boa noite, - o agente respondeu - as únicas informações que temos das vítimas até o momento são que as duas estudaram juntas na Faculdade de Direito de Londres. Além disso, não há nenhum outro fator que as ligue, a não ser uma breve semelhança física. As duas têm entre 20 e 25 anos de idade, brancas, uns 60kg, 1,70 de altura e de cabelos castanhos e compridos. Não temos nenhuma testemunha, portanto não temos nenhuma pista do agressor. Eu e minha equipe continuaremos a investigar o caso...
Após ter dito isso, as imagens voltaram ao apresentador do programa que disse mais algumas coisas das quais eu não prestei atenção. Estava completamente perdida e meus pensamentos. Será que teria sido o homem que eu vi? Eu nem mesmo sabia se ele era real... Será que eu deveria ser uma de suas vítimas? Mas se sim, por que ele não me matou como fez com as outras meninas? Eu estava perdida há menos de duas quadras de onde os corpos foram encontrados e no mesmo horário. Eu deveria contar isso ao agente responsável pelo caso? Eu não tinha certeza de nada. Como poderia testemunhar sem saber como fui parar na rua nesse mesmo horário. Não podia dizer nada sobre o caso sem ao menos saber o que tinha acontecido comigo e acabar sendo uma suspeita, ao invés de ser uma testemunha do crime. Realmente, estava desnorteada. Não tinha ideia do que fazer... Como foi mesmo que minha vida virou esse caos em menos de vinte e quatro horas?
Mais tarde naquela noite, a fome me consumia. Já tinha passado da hora do meu corpo pedir por alimento. Fui em direção a cozinha, mas meu estômago embrulhou só de olhar toda aquela porcaria congelada que eu chamava de comida. Eu precisava de comida fresca e nem nos meus melhores dias eu conseguia cozinhar algo descente o suficiente para ser chamado de comida.
Peguei meu celular, algum dinheiro em notas que eu tinha em cima do balcão e após trocar meu confortável moletom por um jeans e uma blusa de lã, peguei meu sobretudo preto e saí para comprar comida. O restaurante não ficava muito longe, apenas a seis quadras do meu apartamento. Em dias normais eu amava fazer aquele caminho. Londres era realmente linda. Eu amava o quanto toda a arquitetura antiga conseguia deixar aquele lugar sempre lindo, não importava a estação do ano. Mas naquela noite, com o corpo todo dolorido, eu odiei cada passo necessário para chegar ao restaurante. Mas, ainda assim, a caminhada foi muito mais agradável que a noite anterior.
Depois de vinte e cinco minutos andando, cheguei ao meu restaurante favorito e pedi comida italiana. O plano era pedir para viagem, mas meu corpo ainda não estava nem perto de se recuperar dos acontecimentos recentes, então me sentei à uma mesa. O ambiente devidamente aquecido e o cheiro de comida fresca me fizeram sentir um pouco melhor. Enquanto esperava meu pedido ficar pronto, notei uma movimentação estranha na rua. Algumas pessoas corriam na direção oposta ao meu caminho de volta para casa. Algumas pessoas na frente do restaurante se levantaram para olhar para fora e se sentaram novamente segundos depois. Eu ignorei a movimentação e apenas esperei pacientemente pelo meu jantar.
Quando ele chegou, agradeci a mim mesma mentalmente por ter tomado a decisão de sair de casa, pois a comida estava simplesmente maravilhosa. Nunca imaginei gostar tanto de uma simples pasta ao molho Alfredo. Meu corpo agradecia sinceramente pelos nutrientes que estavam recebendo. Saboreei lentamente meu jantar e após quarenta minutos estava pronta para voltar para casa, me deitar na minha cama e dormir sem hora para acordar no dia seguinte. Dei uma checada no meu celular para ver se tinha alguma mensagem, mas estava sem sinal. Por sorte, não tinha nenhum cliente marcado na agenda para os próximos dois dias.
Na volta para casa, perdida em meus pensamentos, caminhei involuntariamente na direção da minha cafeteria favorita e pedi um café com leite de soja, caramelo e chantilly. Terminei de tomar uma quadra antes de casa. Me dei ao luxo de saborear cada gole do líquido quente sem deixar que nenhum pensamento tolo me preocupasse por mínimos cinco minutos, pena que não durou nem isso...
Quando cheguei em frente ao meu prédio fiquei um pouco tonta com tantas luzes azuis, vermelhas e brancas. Bombeiros. Policiais. E toda a vizinhança do lado de fora. Olhei para a parte de cima do prédio e vi fogo. Muito fogo. Um apartamento em chamas. Meu apartamento em chamas.
-Mas que porra... – eu congelei.
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Insano
Fanfiction🔞 O que fazer quando voce perde completamente o controle da sua vida? Malina perdeu seus pais quando ainda era apenas uma criança em um acidente de carro e vagou por diversos lares adotivos até completar a tão sonhada maioridade. Depois de tanto...