CAPÍTULO 12
Nós ainda teríamos que esperar cerca de quarenta minutos até que alguém da delegacia chegasse. Com toda certeza do mundo eu não iria esperar ao lado de Jackson.
Eu não sabia que tipo de pessoa Jackson era. Ele me parecia um mistério que implorava para ser desvendado. As vezes era possível ver um pouco de compaixão nele, bem escondida, mas eu sabia que estava lá. Eu não sabia ainda se esse comportamento frio era só profissionalismo ou se ele já tinha passado por algo antes que o tinha feito ficar daquela forma. Mas no momento que ele me segurou daquela forma ele ultrapassou um limite que ele sabia que não deveria ter ultrapassado.
De uma coisa eu tinha certeza, ele não iria me tocar daquela forma outra vez.
Eu ainda estava tremendo de nervoso. A dor do meu corpo aumentou muito depois que Jackson me segurou contra a parede. Ele, definitivamente, não tinha o direito de fazer aquilo.
Peguei os dois comprimidos de analgésicos que eu tinha guardado no meu bolso mais cedo e tomei.
Me sentei na cama dos meus pais e olhei em volta. Era muito doido pensar que tudo o que eles tinham ainda estava ali, sem ser tocado, mesmo eles estando mortos há anos. E eu, que ainda estava aqui, não tinha nem uma peça de roupa para trocar.
Caminhei na direção do closet dos meus pais e olhei as roupas da minha mãe. Ela tinha bom gosto, na verdade. Peguei umas peças de roupa e fui em direção ao banheiro. Eu estava necessitando de um banho e roupas limpas. E tinha certeza de que minha mãe não se importaria.
Como eu costumava vir na casa para deixá-la limpa de tempos em tempos, eu tinha todos os materiais de higiene pessoal lá pois eu sempre tomava um banho depois de limpar a casa e antes de voltar para o meu apartamento na cidade.
Tirei minhas roupas e joguei no cesto que tinha ao lado da porta do banheiro que ficava no quarto dos meus pais. Deixei a água quente encher a banheira antes de entrar e me deitei, me dando o luxo de aproveitar cada segundo daquele banho quente. A água morna ajudava a diminuir a dor no corpo, por incrível que pareça. Flutuar na água e deixar que o peso do meu corpo deixasse de ser meu por uns segundo foi quase como estar num sonho.
Eu já tinha me esquecido como era isso. Me sentir leve assim... Os últimos dias da minha vida foram um turbilhão tão grande que eu estava tensa o tempo todo. Meus músculos não conseguiam relaxar.
Fechei os olhos e comecei a pensar no que eu faria a seguir. Não tinha para onde ir, só me restara essa casa. Eu teria que ficar aqui até conseguir recuperar todos os meus documentos e ter acesso à minha conta bancária. Minha vida estava uma bagunça. Eu nem mesmo conseguiria avisar a todos os meus clientes que não conseguiria atendê-los por um tempo...
Seja lá quem for essa pessoa que está me perseguindo, ele definitivamente conseguiu foder com a minha vida... E eu sabia que isso era só o começo.
Afundei a cabeça na água e fiquei submersa tanto tempo quanto eu pude. Quando começou a me faltar ar eu ouvi alguém chamando meu nome abafado e me levantei. Jackson entrou no banheiro que eu estava gritando meu nome, no mesmo instante.
-MAS QUE PORRA! - Eu gritei e tentei puxar a cortina. Ele se virou no mesmo segundo – VOCÊ NÃO SABE BATER NÃO?
-EU NÃO TINHA IDEIA DE QUE VOCÊ ESTARIA NUA, MELINA!
-Isso é um banheiro, Jackson, o que exatamente você estava esperando?
-Desculpa! – Ele disse sem graça – Eu te gritei várias vezes, você não respondeu, eu fiquei preocupado e...
-Eu só estava tentando tomar a porra de um banho! – ele ficou em silêncio – Será que da para você sair? Eu quero me vestir!
-Eu só vim avisar que os policiais chegaram, nós temos que ir... O laboratório tem novidades sobre o vestido e sobre seus exames...
-Eu te encontro no carro em cinco minutos!
Assim que eu respondi Jackson saiu do banheiro fechando a porta atrás de si.
Vesti as roupas que peguei da minha mãe, penteei meus cabelos, peguei meias e um tênis branco que minha mãe sempre usava e desci. Um policial colheu meu depoimento rapidamente enquanto os outros levavam os sapatos da minha mãe para o outro carro.
Jackson já esperava por mim.
-Você está fedendo a naftalina, Melina. Essa era sua ideia pós banho?
Era inacreditável o quão abominável ele conseguia ser.
-Quer saber, Jackson. VAI SE FODER! – Sai do carro, bati a porta e fui na direção da viatura – Vou com os policiais.
Não me dei ao trabalho de ver ele arrancando com o carro na direção da estrada. Recostei no banco do carro e fechei os olhos. Quanto menos eu precisar ficar perto dele, melhor!
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Insano
Fanfiction🔞 O que fazer quando voce perde completamente o controle da sua vida? Malina perdeu seus pais quando ainda era apenas uma criança em um acidente de carro e vagou por diversos lares adotivos até completar a tão sonhada maioridade. Depois de tanto...