Capítulo 14

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CAPÍTULO 14

Levou um certo tempo para os ânimos se acalmarem. Jackson saiu da sala sem falar nada, furioso, foi até a sua sala e fez umas ligações, ele falava alto, mas não dava para escutar muita coisa. Andy se sentou à minha frente, com a cabeça apoiada entre as mãos sem saber ao certo o que fazer ou falar.

Durante o que pareceu ser uma eternidade minha mente pairava sobre inúmeras possibilidades e eu sempre voltava para a mesma pergunta o que meus pais faziam da vida?. Para a herança que me deixaram certamente não era qualquer coisinha. Eles não eram médicos, nem advogados, tão pouco empresários ou donos de qualquer estabelecimento, se fosse o caso, qualquer documento provaria isso.

Tentei me lembrar de qualquer detalhe da minha infância que me remetesse a qualquer profissão e não vinha nada à mente. Minha mãe passava a maior parte do tempo comigo e quando ela não estava, meu pai estava. Nunca houve um momento em que os dois precisassem trabalhar ao mesmo tempo. O que agora me parecia bem estranho.

Imaginei se toda essa perseguição não tinha algo a ver com o que meus pais faziam. Afinal, o que mais poderia ser? Com toda certeza isso estava ligado a eles, de alguma forma. Me restava descobrir como... E assim como se fosse possível ler meus pensamentos mais uma vez, Jackson entrou pela porta da sala onde estávamos decidido:

-Precisamos descobrir o que seus pais faziam! – Ele me olhou e disse com cautela – Dei uns telefonemas e tenho pessoas trabalhando em todos os bancos de dados da Inglaterra em busca de algo, - ele se dirigiu a Andy – enquanto isso, preciso que você continue com as buscas de qualquer pista sobre os diamantes! – Andy apenas concordou com a cabeça e se levantou saindo me dando um aceno como despedida.

Jackson me avisou que tinha mandado o diário dos meus pais para o departamento de linguística, mas que provavelmente levaria algum tempo até que eles tivessem alguma resposta e voltou para sua sala.

Já estava anoitecendo, eu estava cansada, com dor e com fome. Eu precisava descansar. Se quisesse ter alguma chance de dormir em uma cama naquela noite eu deveria pegar o último ônibus saindo da cidade, que partia em trinta minutos.

Me dirigi a sala de Jackson para avisar que estava saindo e que voltaria no próximo dia.

-Com licença... - disse após bater na porta.

Jackson estava sentado em sua mesa olhando para o teto e voltou à realidade assim que bati na porta:

-Pode entrar.

-Bom, eu acho que não vou servir de mais nada hoje, então estou de saída.

-E para onde você está indo, posso saber? – Mais uma vez aquele tom...

-Não tenho nenhum outro lugar que não seja a casa dos meus pais para passar a noite, eu não aguento dormir numa cadeira outra vez, Jackson.

-Você está ficando louca se acha que eu vou permitir que você durma naquela casa sozinha, Melina. Você mesma viu como foi fácil para ele chegar perto de você enquanto estávamos lá hoje...

-À menos que você esteja planejando me acompanhar, não vejo nenhuma outra alternativa...

-Eu sim! – Ele se levantou – Nós temos unidades protegidas e vigiadas vinte e quatro horas por dia, são unidades usadas para vítimas em potencial. Eu só preciso dar um telefonema para que preparem um quarto. Fique aqui, nós partimos em vinte minutos.

E, mais uma vez, após me dar mais uma ordem, ele saiu.

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