CAPÍTULO 63

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CAPÍTULO 63

Todos aqueles papeis na minha frente começaram a se embaralhar, quase como se as letras estivessem dançando na minha frente enquanto eu lia as folhas.

Carol McKenzie, na realidade se chamava Annie Rompe e tinha sido dada como desaparecida aproximadamente trinta anos atrás. A denúncia de desaparecimento tinha sido feita pela mãe e o pai não constava na certidão de nascimento. A mãe de Carol veio a óbito três meses depois de seu desaparecimento. A causa da morte tinha constado como suicídio e Annie Rompe tinha sido dada como morta um mês depois encerrando o processo, mas nenhuma prova de sua morte constava no processo.

Na pasta a nossa frente continham inúmeros documento de Carol McKenzie. Todo o processo de adoção na Europa, todo o seu currículo escolar, todo o seu processo de seleção e formação para o Scotland Yard e a sua ficha seguida da ficha de Jackson com os casos que eles trabalharam juntos.

Pegamos os outros processos para comparar e chegamos à conclusão de que todos eles seguiam o mesmo padrão, com furos e discrepâncias no processo de busca das vítimas desaparecidas.

-Mas que porra isso significa? – Eu disse entregando todas as folhas a Andy, que tinha chamado Sam para ajudar.

-Ela era uma infiltrada? – Andy questionou.

-Sim e não. - Sam disse – Bom, pelo menos se for o que eu estou pensando que é... – Nós o encaramos e ele continuou - Antigamente muitas crianças eram usadas como disfarces para os agentes secretos... Seja aqui ou em qualquer lugar do mundo, quando o serviço secreto precisava criar uma "família de fachada" eles usavam crianças de orfanatos...

Sam pegou seu computador e começou a digitar umas coisas mostrando a tela para nós logo em seguida

-Vinte e seis anos atrás, mais precisamente no verão de 98 os números de crianças entre um de três anos de idade desaparecidas eram enormes. Tivemos uma subida drástica, muitas crianças americanas foram raptadas. – Sam virou a tela do computador, digitou mais um pouco e virou a tela novamente – Em contrapartida, os números de crianças adotadas na Europa tinham subido absurdamente...

-Espera, você não está insinuando que as crianças desaparecidas aqui são as mesmas crianças que foram adotadas na Europa, esta? – Andy questionou.

-Sim e não...

-Como assim? - Indaguei.

-E se tudo isso foi arquitetado?

-Como assim, Sam?

-Pensa comigo... Todas as provas que vocês conseguiram achar no Departamento de Polícia de Londres apontavam para crimes de corrupção, certo? – Concordamos com a cabeça e ele prosseguiu – E sabemos que vocês só acharam todas essas provas porque o assassino de alguma forma queria que vocês achassem isso, certo? – Concordamos mais uma vez – Bem todos esses processos aqui estavam arquivados pelo FBI e nenhum deles teve de fato uma resolução... – Sam nos encarou – E se esses processos não tiveram uma resolução por que eles não queiram que tivesse?

-Você está me dizendo que o FBI está envolvido com o desparecimento dessas crianças? – Eu questionei.

-Não todo o FBI, mas pelo menos a equipe que trabalho em todos esses casos...

-E como sabemos qual foi a equipe responsável?

-Bom todo processo deve ter pelo menos o número de inscrição dos agentes envolvidos no caso... – Sam pegou um processo e começou a folhear – Aqui!

Andy pegou o processo da mão de Sam e piscou algumas vezes.

-Espera, - ele se levantou indo em direção ao computador de Sam – Olha os números... São os mesmos números que estamos procurando!

Tomei os processos da mão de Andy e comparei. Ele estava certo. Os números dos agentes envolvidos nos casos correspondiam exatamente as três sequencias de números que procurávamos no banco de dados do FBI naquele exato momento.

-Mas porque esse é o único caso com as informações da criança desaparecida depois de adulta? – Questionei novamente enquanto olhava a ficha de Carol.

-Será que ela sabia? – Andy perguntou tomando a ficha da minha mão – Ou será que estava prestes a descobrir?

Peguei o processo mais uma vez reparando nas folhas que ainda não tínhamos visto.

-Acho que não cabe a nós olharmos esse processo... – Não precisei terminar minha frase para que eles entendessem – Por mais que eu o odeie nesse momento, ele tem o direito de ver isso antes de nós.

Assim que todos concordaram, juntei tudo que tinha do processo de Carol e subi as escadas rumo ao quarto de Jackson.

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