CAPÍTULO 20
-Jackson, - eu não sabia bem o que falar, mas alguma coisa tinha disparado um sistema de alerta pelo meu corpo e eu não estava gostando.
Por sorte, Jackson viu na minha cara que eu não estava gostando nem um pouco daquilo...
-Oh Deus, você parece apavorada!
-É porque eu estou! Que porra de lugar é esse?
-Ok, senta-se, eu vou te explicar tudo... – Caminhei lentamente para o pequeno sofá vermelho que ficava no meio do cômodo, de frente para uma pequena mesa de centro – Você não precisa ter medo de mim, Melina!
Eu não falei nada e ele prosseguiu:
-Acho que já provei o suficiente que estou do seu lado, mas entendo seu desconforto, esse não é um lugar comum... Bom, antes de trabalhar no departamento de investigação de Londres eu trabalhei na Scotland Yard... Eu participei de algumas missões internas uns cinco anos atras e é daí que veio este lugar.
-Você está me dizendo que você trabalhou para força policial secreta de Londres?
-Sim. – Ele se sentou de frente para mim e passou a mão nos cabelos – Bom, eu fui recrutado seis anos atrás. Passei por todos os treinamentos e todos os testes até que fui convocado para fazer uma missão de campo sobre tráfico humano. Era bem arriscado e esse lugar aqui era para ser nosso refúgio caso a missão fosse comprometida.
-Nosso?
-Eu tinha uma parceira de campo, uma grande amiga, na verdade, o nome dela era Carol. Nós fizemos a escola policial juntos, entramos juntos na Scotland Yard, trabalhamos juntos na parte de investigação interna e fomos convocados juntos para a missão de campo... – Jackson parou por um momento e respirou fundo – Acontece que nós dois tínhamos um pensamento muito diferente sobre essa missão e opiniões diferentes em casos como esse pode acabar muito mal...
Eu sabia que aquela era a história de como Jackson tinha se tornado a pessoa que ele era hoje, uma pessoa completamente fechada e desconfiada que não permitia que ninguém fizesse parte da sua vida pessoal.
-Uma parte crucial era como nós precisávamos ser discretos com os principais suspeitos da missão. Eles não podiam de forma alguma saber quem nós éramos. Eu achava que a melhor forma de fazer isso era mantendo a distância e consultar terceiros sobre nossas suspeitas, mas ela achava que a melhor forma de fazer isso era se infiltrando na gangue... – Ele deu mais uma pausa e eu pude notar que seus olhos estavam marejados. Jackson redirecionou seu olhar para outro ponto do apartamento e continuou:
-Nós discutimos muitas vezes sobre isso. A missão estava se estendendo mais do que deveria, estávamos ficando sem tempo e não tínhamos conseguidos as provas necessárias para incriminá-los e as coisas estavam ficando tensa entre nós... Uma noite, após mais uma discussão sobre como abordar os suspeitos ela saiu do apartamento em que estávamos no centro da cidade dizendo que ia resolver aquilo e não voltou. Eu esperei durante horas até começar a procurar. Obviamente o primeiro lugar que me veio a mente foi esse, mas ela não estava aqui. Procurei em todos os lugares que ela costumava ir, todos os possíveis lugares que ela poderia ter ido. Até que precisei entrar em contato com o departamento e informar seu desaparecimento. Obviamente eles cancelaram a missão pois suspeitaram que tinha sido comprometida e me mandaram ficar aqui até que eu tivesse permissão para sair...
-Jackson... – Aquela história estava apertando meu coração pois de alguma forma eu sabia como aquilo terminava...
-Eu fiquei aqui por dois dias inteiros sem nenhum sinal de ninguém, - uma lágrima escorreu por seu rosto e ele limpou rapidamente – no terceiro dia o chefe da investigação entrou em contato e eu já sabia o que ele ia dizer antes mesmo de atender o telefone...
-Jackson, você não precisa continuar...
-Eles encontraram o corpo dela atrás de um dos bares que nós íamos para vigiar a gangue... - Ele me encarou, mas tudo que eu via em seus olhos era o vazio – Fui convocado para prestar depoimento e eles me disseram que ela foi ao bar determinada a se infiltrar na gangue, estava completamente bêbada e conversou com eles por horas, então levaram ela para a parte de trás do bar, como se eles estivessem caindo no papo dela, mas ao que parece, um deles já sabia quem ela era, e... – Ele respirou por um momento – Ela não teve como reagir, tinham mais deles esperando por ela lá e ela foi espancada até a morte... Por ironia do destino, o dono do bar tinha instalado câmeras na parte de trás do bar um dia antes, pois estava recebendo reclamações de viciados que estavam indo dormir lá a noite, e então conseguiram pegar o rosto de todos que fizeram parte dessa pequena festa e a gangue inteira foi presa. No fim das contas, ela fez o que prometeu e encerrou o caso...
-Jackson, eu sinto muito...
-Bom, eles não me culparam pelo que houve. Eles entenderam que tudo aquilo era culpa dela mesma, pois ela sabia com quem estava brincando, - ele riu seco – que piada! Depois disso, eu obviamente pedi para me retirar da equipe e fui contratado pelo departamento que estou hoje, mas este lugar aqui continuou com todos os meus dados, e os dela... Somos os únicos que conseguimos entrar sem que alguém que esteja aqui dentro permita... Ou melhor, sou o único... Qualquer outra pessoa que queria entrar aqui só consegue fazer isso se eu estiver aqui dentro e autorizar... As únicas pessoas que sabem esta localização somos eu, você, meu chefe e Andy. Então, acho que você está segura, Melina...
Dito isso, Jackson se levantou e foi para o banheiro fechando a porta atrás de si.
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Insano
Fanfiction🔞 O que fazer quando voce perde completamente o controle da sua vida? Malina perdeu seus pais quando ainda era apenas uma criança em um acidente de carro e vagou por diversos lares adotivos até completar a tão sonhada maioridade. Depois de tanto...