Insano

CAPÍTULO 81

Ninguém fala sobre como é difícil fazer o seu cérebro funcionar quando você está sob pressão. Eu precisava tomar uma decisão, a decisão mais difícil da minha vida. Mas meu cérebro não funcionava. Tudo que eu conseguia pensar era "qual será o som da morte?"

Olhei para Jackson e Andy e senti meu coração sangrar, arder, doer. Como aquilo tinha virado sobre mim a final? Qual era o objetivo dele me fazendo escolher? Olhei para o meu, que me encarava com olhar de súplica e soube o que precisava fazer.

-Eu tenho uma proposta melhor... – Disse, tentando afastar o tremor da minha voz enquanto Francis me encarava – Vamos lá, você gosta de jogos, não é? Que tal um último?

Ele me encarou por um segundo deixando um sorriso de canto transparecer enquanto me deixava falar;

-Qual é o objetivo em me fazer escolher? Levando três deles, sou eu quem vai sofrer... – Ele levantou uma sobrancelha como se eu estivesse dizendo o obvio – Mas esse não era o seu objetivo final, era?

Dei um passo em sua direção e continuei.

-São eles que devem pagar, Francis. Eles, não eu! Os dois que se diziam seus amigos e tiraram tudo de você! – Dei mais um passo em sua direção parando apenas a centímetros de distância – Foram eles que te traíram e acabaram com a sua carreira, foram eles que me abandonaram naquele carro, me deixando a mercê do destino, foram eles que ferraram com tudo, não eu! – Ele deixou que um sorriso amarelo escapar já prevendo o que eu diria – Não é justo que eu sofra no lugar deles, não mais do que já sofri... Tenho certeza de que você concorda! Pense na única coisa que faria com que eles sentissem pelo menos metade do que você sentiu! Pense no que realmente vai fazer com que eles sofram!

-E o que sugere, querida? – Pude ver meu pai começando a se debater na cadeira atrás de Francis prevendo o que eu diria.

-Me leve... – Eu disse por fim – Tire a minha vida no lugar da deles... Sabemos que essa será a forma com a qual você vai conseguir a sua vingança a final.

Tomei coragem e dei mais um passo em sua direção segurando a mão de Francis com a arma, apontando na minha direção. Dei mais um passo e olhei em seus olhos, agora com a arma grudada em meu peito.

-Va em frente, Francis. – Ele abriu ainda mais o sorriso enquanto em terminava a frase – Tire tudo deles, assim como eles fizeram com você!

-Ora, ora... - Ele me encarou por alguns segundos – Parece que você sabe brincar no fim das contas! Mas uma vida no lugar de três, não sei se essa conta está certa, querida...

-Não pense na conta, Francis. Pense apenas no resultado final!

Dei mais um passo cravando ainda mais a arma em meu peito. Encarei Francis nos olhos pela primeira vez, sem demonstrar nenhum pingo de medo ou terror. Eu prometi que seria uma oponente a altura. Ele queria ser desafiado. No fim, aquilo nunca foi sobre mim.

Ele olhou para trás e encarou meu pai por um instante. Ravier pulava na cadeira tentando se soltar das algemas. No telefone, eu podia ouvir minha mãe ao longe implorando para que ele não o fizesse. Exatamente a reação que eu esperava. Exatamente o que eu sabia que era necessário para que ele aceitasse!

-Feito! – Ele disse por fim.