Capítulo 6

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CAPÍTULO 6

Continuei sem entender o que ele queria dizer. Isso não fazia o menor sentido... O bombeiro apareceu e informou que só tínhamos mais dez minutos então levantei e informei a Jackson que inda precisávamos olhar meu quarto.

Não tinha certeza se queria ver o que tinha restado lá, porque provavelmente não tinha restado nada e esse era o problema.

Saímos da cozinha em direção ao meu quarto.

Quando chegamos na entrada do quarto eu já pude notar que, de fato, não restava nada. Tudo estava igualmente destruído se não fosse pela enorme caixa branca que estava intacta bem no meio de toda aquela bagunça.

O que antes era minha cama agora não passava de um monte de pano queimado. Minhas cobertas, lençóis, travesseiros... Tudo era apenas lixo. Meu closet tinha ido pelos ares, a parede que fazia divisão com o outro apartamento não existia mais. A parte que ficava minha TV também não. Tudo estava completamente destruído, mas a caixa estava nova, limpa e branca como se nunca tivesse sido tocada, nem para ser levada até ali.

Aquilo definitivamente não era meu. Fui em direção à caixa sendo puxada pela curiosidade, mas fui barrada.

-Não toca nisso! – Jackson disse adivinhando quais seriam meus próximos passos – Não sabemos o que tem dentro...

O oficial se aproximou e chamou o bombeiro, que acionou o que eu imaginei ser o esquadrão antibombas. Devido a primeira explosão, a equipe já estava no local e não demorou mais que dois minutos para chegar no quarto e começar toda uma operação mandando nos afastarmos.

O que me levou a pensar o motivo de colocarem uma bomba em um lugar que acabara de ir pelos ares. Quando pensei em dizer a Jackson sobre tal coisa, o esquadrão saiu informando que estava tudo seguro. O procedimento não durou mais de cinco minutos, eu fiquei realmente surpresa com isso, mas eles informaram que devido as condições do prédio nenhuma operação podia ser demorada e logo deveríamos sair dali.

Jackson caminhou de volta ao quarto antes de mim e quando entrei quase ri da cara de surpresa que ele tinha, mas meu riso foi contido assim que eu vi o que ele olhava.

A equipe do esquadrão antibombas abriu um plástico preto em cima da cama e colocou a caixa em cima do plástico. Eles falaram que não podíamos tocar na caixa ou no conteúdo que tinha sido tirado da caixa para não comprometer o material que seria analisado mais tarde no laboratório de provas da polícia, já que eu tinha deixado claro que aquela caixa não era minha e obviamente tinha sido colocada ali depois da explosão. Afinal, de qual outra forma ela estaria intacta no meio daquela bagunça?

Cheguei um pouco mais perto da cama e tentei me concentrar para tentar entender o que estava acontecendo.

O conteúdo que tinha sido tirado da caixa era um vestido de noiva, mas não era qualquer vestido de noiva, era o vestido de noiva da minha mãe!

Eu não estava presente no casamento dos meus pais. Ainda não tinha nascido, mas passei longas horas observando a foto da cerimônia dos dois que tinha sido celebrada na primavera inglesa, em um prédio antigo. Não havia muitas fotos do casamento, apenas três, duas haviam sido tiradas durante a cerimônia, com o oficial de paz unindo os dois e a outra havia sido tirada dos dois distraídos no que parecia ser a festa de casamento. Nessa foto meu pai observava minha mãe na pista de dança completamente encantado por cada detalhe seu. Mesmo que não os conhecesse, qualquer um podia sentir o amor que emanava dos dois naquela pequena fotografia.

Eu tinha aquela foto guardada na casa dos meus pais e eu lembrava de cada detalhe dela, e era exatamente por isso que eu sabia que aquele era o vestido dela. Cada centímetro era exatamente igual ao que ela usava nas fotos. A renda que descia na parte de trás e formava uma cauda grande e arredondada, as mangas de tule e o decote ombro a ombro. Cada pedrinha brilhando que tinha sido bordada no busto do vestido, cada linha de cetim usada para modelar a cintura, tudo exatamente como era mais de vinte e cinco anos atrás.

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