CAPÍTULO 56
Um assovio longo e baixo foi o que chamou a nossa atenção. Fazia mais ou menos vinte minutos que o sol tinha partido e tínhamos sido tomados uma escuridão absoluta. Desde que chagamos a cabana, pouco depois de Andy me contar sobre Sam, nós comemos tudo que tinha na mochila que Marco tinha nos entregado e passamos as roupas extras para a mochila que já tínhamos, segundo Andy, quanto menos coisas tivéssemos para carregar, melhor.
Obviamente a comida não tinha sido o suficiente, não conseguia me lembrar qual tinha sido a última vez que tínhamos tido uma refeição descente. Eu tinha perdido peso, era evidente, assim como todos os hematomas espalhados pelo meu corpo, que agora começavam a melhorar. A barba de Andy, antes perfeitamente desenhada, agora dava lugar a uma barba relativamente grande e seus cabelos pareciam sempre bagunçados. A verdade era que a minha noção de tempo estava completamente perdida. Já fazia mais de dois meses que essa rotina louca tinha vidado "normal" na minha vida? Três? Ou apenas algumas semanas tinham se passado? Eu não fazia ideia. Era inverno em Londres quando toda essa loucura começou e eu quase morri congelada. Agora algumas flores apareciam aqui e ali... Será que estávamos na primavera?
Eu não sabia dizer nem mesmo há quanto tempo estávamos naquela bendita cabana... Tínhamos tirado todos os papéis da mochila mais uma vez e estávamos tentando desvendar o que aqueles números significavam. Naquele momento estávamos jogados no chão com papeis espalhados para todos os lados e uma dor de cabeça latejante.
-Vejo que andaram ocupados. – Essa foram as primeiras palavras de Sam – Eu assoviei três vezes... Vocês deveriam ter descido!
-Bom ver você também! – Foi a resposta de Andy.
Sam entrou na cabana e fui surpreendida ao ver o abraço apertado que os dois deram.
-E você deve ser a responsável por trazer meu amigo de volta a terras americanas?! – Sam estendeu a mão para me cumprimentar.
-Melina, - Eu disse apertando sua mão – prazer! E obrigada, desde já, pela sua ajuda...
-Não por isso, quem é que não gosta de um pouco de adrenalina de vez em quando, não é mesmo? – Uma risada seca entre os dois e um trocar de olhares me dizia que Sam não fazia ideia do tamanho da adrenalina que estava prestes a inserir em sua vida – Agora vamos! Teremos tempo para conversar e vocês vão poder me dar detalhes de toda essa loucura, mas primeiro precisamos ir para um local seguro.
Após juntarmos todos os documentos, com a ajuda de Sam, saímos da cabana na arvore e seguimos uma trilha floresta adentro por cerca de quarenta minutos antes de entrarmos em uma caminhonete preta. Sam nos avisou que iria nos levar para a sua casa de veraneio, que ficava na Virginia, cerca de uma hora de distância e então poderíamos tomar um banho e comer uma refeição descente antes de descansarmos. Ele também avisou que, como era final de semana, ele poderia passar os próximos dois dias conosco sem levantar nenhuma suspeita e que deveríamos tirar a noite para dormirmos bem e que conversaríamos pela manhã.
Para ser sincera, me senti aliviada e agradecida por uma noite de sono bem dormida. A casa de Sam era modesta, mas linda. Típica arquitetura americana em bairro de família com algumas casas na vizinhança, mas nada muito próximo. Sam avisou que tinham três quartos na casa, então podíamos ficar à vontade para escolher o que nos fizesse sentir mais à vontade e que poderíamos usar as roupas que encontrássemos por lá. Assim que chegamos na casa Sam avisou que sairia para buscar jantar e que deveríamos tomar um banho, e assim o fizemos. O quarto que eu escolhi ficava no segundo andar da casa, assim que Sam saiu, eu fui direto ao banheiro e tomei um longo banho quente. Sentir a água cair sobre meus ombros era como uma leve massagem. Demorei o máximo que pude antes de ouvir Andy gritando da porta que o jantar tinha chegado.
Não vou mentir que tomei um leve susto quando me vi no espelho. Todas as marcas e cicatrizes que eu tinha adquirido nas últimas semanas ficavam ainda mais evidentes no meu corpo agora um pouco magro demais. Eu podia ver minhas saboneteiras mais profundas que o normal e podia jurar que conseguia ver a ponta dos meus ossos no ombro e nas bochechas. Quando foi que isso tudo aconteceu? Olheiras profundas cercavam meus olhos e meus cabelos estavam secos e quebradiços. Parece que fugir de um assassino não tem tanto glamour quanto nos filmes, não é mesmo? O fato de que eu tinha levado um tiro e quebrado algumas costelas nesse meio tempo também não ajudava em nada.
Sai do quarto vestindo um conjunto de moletom que tinha encontrado na gaveta da cômoda do quarto que eu estava e desci para jantar, Sam tinha comprado comida italiana. Jantamos juntos enquanto jogávamos conversa fora. Sam e Andy relembravam os velhos tempos da Academia de treinamento e me alegravam com histórias do passado. Todos sabíamos que aquilo não passava de uma distração... Estávamos apenas nos forçando a não tocar no assunto mais obvio, dando um tempo de descanso á nos mesmos sabendo que na manhã seguinte mergulharíamos de cabeça em tudo que tínhamos sobre ele e depois disso não teria mais volta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Insano
Fanfiction🔞 O que fazer quando voce perde completamente o controle da sua vida? Malina perdeu seus pais quando ainda era apenas uma criança em um acidente de carro e vagou por diversos lares adotivos até completar a tão sonhada maioridade. Depois de tanto...