46 - Doesn't matter

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Jennie's Pov...
[04/07/2021]

A claridade do sol entrava com tudo pelas janelas – devia ter fechado a cortina –, fazendo com que meus olhos doessem ao abri-los, então os fechei novamente. Notei a ausência de Lalisa quando me remexi na cama. Onde ela estaria? Não liguei. Apenas fechei meus olhos e tentei voltar a dormir, mas a claridade não ajudava. Fechei os olhos com mais força. Seria impossível dormir sem relaxar. Tentei esconder meu rosto na almofada, estava horrível de respirar, então me ajeitei na cama, sem ideias de como dormiria.

Foi quando notei tudo escurecer. Me assustei e abri o olhos; não era apenas impressão, tudo estava escuro. Olhei para os lados procurando a causa e lá estava ela. Ou melhor, Lalisa. Lá estava Lalisa, fechando as cortinas, deixando o quarto totalmente escuro. Usava outra roupa, parecia estar de banho tomado – era difícil enxergar no escuro. Notei ela se aproximando e então entrei em desespero. Não sabia o que fazer, então virei meu rosto para o outro lado, fingindo dormir.

— Ainda está cedo. - Sua voz me causou arrepios. Percebi que sua voz não estava tão seca quanto a noite passada. Tinha algo a mais ali... algo que me trouxe um certo conforto. Ouvi um apito e abri os olhos instintivamente. Lalisa estava ligando o ar-condicionado. De fato, estava um calor insuportável noite passada; esquecemos de ligar o ar-condicionado.

Por mais que eu tentasse, não conseguia dormir. Uma vez que eu acordava era difícil voltar a dormir de novo. Nem percebi que procurava por Lalisa até achá-la saindo do banheiro. Ela parou e me olhou, como se não quisesse que eu tivesse a visto. Quando menos esperava, notei um leve sorriso se formar nos cantos dos seus lábios. Como? Como ela podia ser tão instável? Como conseguia ser fria em um dia e no outro ser tão... cuidadosa e parecer se importar.

— Bom dia. - Ela disse. Não sabia como reagir.

— Bom dia. - Tentei parecer o mínimo nervosa possível.

— Sei que não consegue dormir. - Ela estava se aproximando de novo. Meu coração saltitando dentro do meu corpo, querendo pular para fora. — Tudo bem? - Perguntou, provavelmente notando o meu nervosismo. Acenei um sim, e ela... sorriu?

— Mas que merda? - Deixei escapar. Ela pareceu intrigada. — O que você tá fazendo? - Para de falar. Ela parecia não entender. Se sentou na cama, me olhando fixo. Para de... — Acha que não lembro o que aconteceu ontem? - Cala a merda da boca. Ela riu.

— Eu sei que você lembra. Mas eu não me importo. - Se levantou. Ela foi embora. Burra, burra, burra! Repeti pra mim mesma após ver a porta do quarto se fechar. Ela estava sendo carinhosa, estava se importando comigo e agindo naturalmente – não, não estava –; por que tive que abrir a boca? Era só fingir que eu não lembrava, não seria tão ruim.

•  •  •

Que péssima ideia, me peguei pensando. Fazia 1 hora desde que aquilo aconteceu e nada de Lalisa falar comigo. Sequer vi ela andando pelo hotel. Onde ela se meteu? Foi quando percebi que estava em um parque. Olhei a redor; era um parque muito bonito. Não estava planejando visitar nenhum lugar, só queria dormir, descansar, mas estava impossível.

Avistei um bar e nem pensei antes de ir até lá para tomar alguma coisa. Acho que estou virando alcoólatra. Eu afogava as mágoas na bebida, e isso me ajudava bastante. Abri a porta, fazendo um som de sino ressoar no pequeno bar. Me sentei em uma mesa no canto do bar, um lugar escuro, de frente para o ar-condicionado, sozinha, isolada; chegava a ser depressivo.

Notei uma garçonete vindo em minha direção. E ela murmurou provavelmente o de sempre "bem-vinda, o que vai pedir?". Seu tom era cansado, não parecia aguentar mais o trabalho. Olhou para o relógio enquanto eu decidia o que iria pedir e suspirou, estava contando as horas para o seu turno acabar. Eu queria uma bebida forte e algo para comer, mas não sabia o quê. Ela me olhou com certa raiva no olhar; eu estava demorando demais. Então fiz o pedido, e ela anotou em seu bloquinho de post-its de cor amarela.

just friends... right? - jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora