58 - What the...?

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Jennie's Pov...
[04/11/2021]

Aquilo ficou na minha cabeça. Como eu faria para esquecer? Foi uma simples frase, mas me deixou muito pensativa. Seria algum tipo de "spoiler"? Ou talvez ela tenha dito aquilo para a garota pensar que estávamos em um nível de relacionamento avançado e que nada poderia nos separar. Sempre fizemos sexo, mas nunca fizemos amor de fato. Seria fazer amor uma coisa ainda mais íntima que sexo oral? Seria uma coisa inalcançável para nós? Ou só precisaríamos de mais tempo?

Chacoalhei a cabeça para afastar os pensamentos. Aquilo estava me matando. Comprei uma bebida gelada na máquina de vendas mais próxima que achei no campus. Fazia dias que eu não dormia. Precisava terminar o quadro que pediram para criar e meu cérebro não estava funcionando tão bem quanto deveria. O quarto estava uma bagunça, então precisei sair para esvaziar a mente. Lugares pequenos e bagunçados me deixavam louca. Me encostei na parede depois de abrir a bebida e dei um longo suspiro.

Tentei manter meus olhos abertos e as pernas firmes no chão, mas estava ficando cada vez mais impossível. Fui escorregando lentamente pela parede até eu estar sentada no chão, as pernas esticadas mal encostando a outra parede. O campus estava calmo. E... escuro. A única luz era a da máquina de vendas, o que me deixou intrigada. Cadê a luz? Tentei procurar alguma placa que indicava o andar, e encontrei. Então me lembrei: as luzes do oitavo andar estavam com defeito.

— Senhora Kim? - Uma voz nem um pouco familiar me fez despertar. — O que faz aí? No escuro? - Olhei para a direção da voz. Nada além de escuridão. Pelo jeito que falava parecia ser alguém mais novo... ou só era muito educado. — Você está bem? - Sua voz era delicada, mas irreconhecível. Quem era ele? — Senhora? - Ele estava mais perto. Tive a sensação de que ele estava agachado ao meu lado. Pegou meu braço e checou minha pulsação.

— Eu estou bem. - Ele tomou um leve susto. Ele se levantou e esticou a mão para me ajudar a levantar. — Não consigo ficar de pé. - Ele levou o corpo para frente e pegou minha mão à força, me puxando até que eu ficasse de pé. Não queria ir para o meu quarto. Não queria andar até o meu quarto. Ele me apoiou em seu ombro e me levou para mais perto do local da máquina de vendas, onde tinha um sofá bem na frente. Ele me ajudou a me deitar e depois ficou parado.

— O que aconteceu com você? - Ele usava um dialeto meio diferente. Talvez não fosse de Seoul.

— Eu estou bem. - Era tudo o que eu conseguia dizer. Foquei meus olhos nele. A luz da máquina de vendas agora batia em seu rosto, o que deixava mais nítido. Os olhos eram puxados de um jeito muito charmoso, tinha um maxilar bem definido. O cabelo preto penteado de um jeito fofo mas muito bem feito. — Jeongin?

— Oi. - Como não reconheci antes? Era um colega de turma. O caçula da turma. Era um ano mais novo, não deveria estar fazendo faculdade tão cedo, mas ele era um prodígio, por isso estava ali antes da hora. Vivia com um sorriso no rosto, o que fazia ele falar de uma maneira fofa e adorável. Mas naquele momento ele estava sério, maduro. Por isso sua voz irreconhecível.

— Obrigado. - Foi o que eu consegui dizer antes de fechar os olhos. Não sei quanto tempo passei de olhos fechados. Talvez bastante, porque quando os abri, Jeongin não estava mais lá. Peguei no sono muito rápido. Até que não foi tão horrível dormir naquele sofá.

[...]

Passei meia hora para identificar onde estava. Tentei me levantar, mas desisti quando senti uma pontada no ombro e na coluna. Talvez eu tivesse dormido de mal jeito. Um sofá pequeno não é um bom lugar pra dormir. Tentei de novo, e, com esforço, eu consegui ficar de pé. Me alonguei pra tirar a preguiça do corpo e esfreguei o rosto. Quando olhei minhas mãos estavam pretas. Eu estava de rimel? Não lembro de estar usando maquiagem ontem. Pra ser sincera, o que aconteceu ontem?

Com passos lentos, fui andando até o meu dormitório, o que demorou. Abri a porta e me deparei com Lisa, andando de um lado para o outro, ligando para alguém, ou pelo menos tentando. Parecia levemente preocupada. Quando a chamada caiu na caixa postal ela xingou e levantou o olhar. E então ela se deparou comigo na porta. Sua expressão suavizou e seus ombros, que estavam rígidos segundos atrás, relaxaram.

— Onde você tava? - Aquela pergunta me deixou sem palavras. Ela estava preocupada com... comigo? — Te liguei a noite inteira. - Que horas são? Cadê meu celular? — Você saiu pra algum lugar? Tava com alguém? - Ela hesitou antes de avançar para a próxima pergunta, mas enfim a fez: — Você dormiu com alguém? - Notei a tristeza e o medo em seu tom.

— O quê? É claro que não. - Ela relaxou, soltando o ar que estava prendendo e provavelmente nem sabia.

— Por que passou a noite fora?

— Eu... não me lembro.

— Você bebeu?

— Não. - Estaria de ressaca e com um bafo horrível de bebida se eu tivesse ficado bêbada.

— Alguém fez alguma coisa com você? - De one aquele ser tirava tanta pergunta? O que estava passando pela cabeça dela para perguntar aquele tipo de coisa. — Alguém te machucou?

— Lisa...

— Te forçaram a fazer alguma coisa? Foi a Hanna e o grupinho dela de novo? - Ela já estava começando a me irritar. Ia me deixar responder ou iria ficar fazendo perguntas e mais perguntas? Por acaso eu estava fazendo um exame da Ordem? Era algum tipo de interrogatório?

— Lisa, eu tô bem. Nada aconteceu. Eu só... saí. E quando acordei eu estava em um sofá perto da máquina de vendas. - Ela me abraçou e beijou meus cabelos. Que clichê. Revirei os olhos, mas não deixei de retribuir o abraço.

— Você está bem? Está bem mesmo? - Aquilo me soou familiar. E então eu me lembrei. Lembrei do Jeongin. O tom sério dele. O tom estranhamente sério dele. Mas deixei isso de lado porque outra coisa estava na minha cabeça agora. Por que Lisa estava tão preocupada?

— Sim.

— Não se lembra de nada?

— Na verdade, eu lembro. - Óbvio que ela pediu que eu lhe contasse. Não neguei. Até porque nada de errado ou estranho tinha acontecido. Só que ela ficou... com raiva. De certa forma. Talvez pelo fato de ter uma outra pessoa nessa história. Um menino. Um menino que ela não conhecia bem. Jeongin era famoso no campus, pelo simples fato de ser novo para estar fazendo faculdade, mas poucos conheciam ele e eram amigos dele.

[...]

— Boo. - A voz de Ningning soou logo na minha frente, me dando um susto e me tirando dos meus próprios pensamentos. — Acho que eu quem deveria tomar um susto. - Disse, olhando bem pra minha cara. — Há quanto tempo você não dorme?

— 32 horas. - Seus olhos se arregalaram em questão de segundos. Ah, vai, nem era tão ruim assim.

— Eu acho...

— Nem vem. Não tô com cabeça pra isso, Ning. - E deixei ela lá, sozinha no corredor. Rumei pelo corredor, onde eu queria chegar? Isso era uma boa pergunta. Eu não tinha nada em mente. Absolutamente... nada. Parecia que eu tinha me afundado em drogas a noite passada inteira e elas ainda estivessem fazendo efeito.

Soluços altos me fizeram voltar para a realidade - mas talvez não tanto. De onde eles vinham? De quem eram? Fui tomada por uma curiosidade e preocupação que me fez até despertar um pouco mais. Comecei a seguir o som. Quanto mais me aproximava da esquina do corredor, mais os soluços ficavam mais altos. Levei apenas minha cabeça, olhando para o corredor vazio, apenas um menino de cabelos pretos, mais ou menos 1,72 de altura. Estava tampando a boca para provavelmente não fazer tanto barulho quanto desejava.

— Com licença. - Minha voz falhou, com medo de que eu estar ali fosse um incomodo para ele. Afinal, ele estava escondido por algum motivo. Notei seu corpo enrijecer, e sua mão que estava em sua boca logo limpou as lágrimas, para tentar no mínimo disfarçar. Foi quando ele se virou, forçando um sorriso nada convincente. — Jeongin?

just friends... right? - jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora