32 - Forget you

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Lisa's Pov...
[16/04/2021]

A noite tinha sido tranquila mas agitada ao mesmo tempo. Tinha conseguido me divertir bastante, tinha conseguido me distrair e esquecer de Jennie por algumas horas, que mais pareceram durar segundos. A música alta ainda estava zunindo em meus ouvidos, e eu cantarolava uma das músicas que tinha tocado na festa, uma música de um filme dos anos 80, uma música muito divertida e agitada.

Foi quando percebi alguém sentado ao lado do portão do campus, não parecia estar bem, parecia bêbado e cansado. Cheguei mais perto e percebi que essa pessoa era Jennie. Sua roupa tinha um decote profundo e o short era curto, acho que curto até demais, estavam ambos sujos de o que parecia ser vômito. O cabelo longo dela estava solto e bagunçado. Estava contando algumas moedas, e murmurava alguma coisa baixinho.

— Jennie? - Ela continuou de cabeça baixa, sem dar a mínima para mim. — O que você tá fazendo aqui? - Mais e mais perguntas se formavam em minha cabeça, e, sem ao menos pensar, comecei a colocá-las para fora. — Onde você estava a essa hora? Sabe como é perigoso estar aqui fora em plena madrugada? - Parei quando percebi que ela estava entediada. — Vem cá. - Peguei ela no colo e a levei para a "porta secreta" que ficava aberta durante a madrugada, enquanto ela dizia que precisava me esquecer, que precisava me tirar da cabeça.

Após dar um banho nela e tirar aquelas roupas sujas, a deitei na cama, com cuidado para não machucá-la, e fui até o guarda-roupa, pegando uma blusa minha e vestindo nela. Ela me olhava com um olhar confuso e desconfiado. Eu a olhei por alguns segundos, me perguntando onde ela estava para ter ficado tão bêbada.

— Eu preciso te esquecer... - Murmurou baixinho, sem nem conseguir manter os olhos abertos. Eu ri em resposta.

— Eu também, Jennie. - Falei. Não tinha medo de dizer, ela estava bêbada, não iria se lembrar de nada no dia seguinte. Me deitei ao seu lado, colocando a cabeça dela em meu ombro e fazendo carinho em seus cabelos.

— Eu preciso... - Tentou dizer, mas eu a interrompi antes que pudesse terminar.

— Eu sei.

— Por que tem que ser tão idiota? - Perguntou, a voz falhando.

— Eu sei que estou sendo uma idiota. - Fiquei em silêncio por alguns minutos, ela parecia estar dormindo, então tentei me levantar, mas ela agarrou minha cintura com força.

— Fica. Só até eu pegar no sono. - Ela pediu, os olhos ainda fechados. Dei de ombros e fiquei ali, junto a ela.  — Me desculpa. - Sussurrou.

— Desculpa pelo o quê?

— Por estragar nossa amizade.

— Você não estragou nada. Eu só... não quero que isso aconteça. - Eu estava me sentindo segura para falar qualquer coisa para ela naquele estado. Eu sei, é ridículo.

— Me conta uma história.

— Era uma vez, uma criança, uma garotinha de apenas 5 anos. Tinha a família perfeita, que se desfez depois da morte do pai. A mãe, triste com a perda, começou a conter a tristeza com sexo. Até que conheceu um homem, um homem bonito, gentil, educado e carinhoso... isso até ele começar a morar com elas. O homem batia na mãe da garotinha, e a garotinha não podia fazer absolutamente nada, o que também a tornava culpada, mas ela era muito nova para saber disso. - Olhei para Jennie, vendo que, de alguma forma, ela ainda estava acordada, então continuei: — Em um dia qualquer, a garotinha, muito feliz com novo brinquedo que ganhou, foi mostrar para a mãe, mas o que encontrou foi o homem e outra mulher no quarto da mãe. A mãe não acreditou quando a garotinha falou tudo o que tinha visto e perdoou o homem quando viu com os próprios olhos. A garotinha foi ensinada desde pequena que não se deve confiar nas pessoas tão rápido, que não deve se apegar. A mãe ensinou que o amor nos torna fracos e nos deixa expostos de uma forma muito ruim. Fim. - Olhei para ela, e ela já estava dormindo. Estava torcendo para que ela não se lembrasse de nada do que eu disse. Não seria tão ruim assim se ela soubesse, mas ela não precisava saber.

Sentir Jennie dormir em meus braços me trouxe um conforto muito bom. Seu braço estava em minha barriga, e sua cabeça ainda se encontrava em meu ombro. Posicionei minha cabeça acima da sua, a envolvendo em um abraço apertado. Como senti falta de abraçá-la, abraçá-la sem nenhum tipo de malícia. O que fizemos com a nossa amizade? Sentimentos desse tipo não deveriam acontecer com amigas... não é?

just friends... right? - jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora